Você sabe qual é a história da canção “Águas de Março”?
“Águas de Março” é um clássico da música brasileira composto por Tom Jobim em 1972. O lançamento da canção foi feito em um Disco de Bolso, o Tom de Jobim e o Tal de João Bosco, e no ano seguinte no álbum Matita Perê. Em 1974, foi lançada uma versão em dueto com Elis Regina, no LP Elis & Tom. A canção ainda teve uma versão em inglês composta por Tom e, apesar da mudança de idioma, o autor se manteve fiel ao significado da música.
Campanhas publicitárias
A obra inspirou muitas campanhas publicitárias, como a da Jeep, que manteve o conceito de Bossa Nova e, ao apresentar uma letra mais falada que cantada, deu um tom radical e moderno à música, remetendo à potência do modelo em questão.
Na década de 80, a Coca-Cola deu um tom de rock à versão de “Águas de Março”. E ainda teve a Ayala Center, nas Filipinas, que utilizou a versão em inglês.
Nomeações de Águas de Março
Em 2001, foi nomeada a melhor música brasileira de todos os tempos pelo jornal Folha de São Paulo, em pesquisa realizada com jornalistas, músicos e outros artistas. A revista Rolling Stone, edição brasileira, também realizou uma pesquisa e colocou “Águas de Março” em segundo lugar, atrás de “Construção”, de Chico Buarque.
Inspiração para composição da letra e música
Tom Jobim começou a compor a canção, apenas no violão, em março de 1972, em seu sítio em Poço Fundo, no Rio de Janeiro. A inspiração surgiu após um dia cansativo trabalhando em “Matita Perê”.
Certa vez, Tom mencionou em entrevista que compôs a música em um momento de muita tristeza. O artista estava sem esperança, bebia muito, reclamava que ninguém ouvia suas músicas e se dizia deprimido. Na ocasião, ele sofria com problemas de saúde e refletia sobre a finalização de seus projetos, o que entrava em conflito com seu desinteresse por tudo.
Águas de Março salvou Tom Jobim da depressão
Num mundo de mudança constante, poucas músicas conseguem permanecer no topo e Águas de Março conseguiu. Transcendeu tempos e gerações graças à qualidade de arranjos, melodia e letra.
Ela trouxe novas possibilidades, mais reconhecimento ao artista como letrista e representou uma vitória pra Tom em um momento de derrota… “são as águas de março fechando o verão, é a promessa de vida no teu coração”.
Confira histórias e curiosidades de outras músicas
Eu Só Quero Um Amor Que Acabe o Meu Sofrer
Águas de Março
É o pau, é a pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
É peroba no campo, é o nó da madeira
Caingá candeia, é o matita-pereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento vetando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da ciumeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de a tiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto um desgosto, é um pouco sozinho
É um estepe, é um prego, é uma conta, é um conto
É um pingo pingando, é uma conta, é um ponto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato na luz da manhã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terça
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
Por Patrícia Audi
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