Você professor é contra ou a favor do fim dos trabalhos de casa?
Imagina não ter mais “dever de casa” (como se falava antigamente) ou trabalho extraclasse (eufemismo atual)? Para muitos profissionais de ensino, pode ser um alívio na sobrecarregada jornada de trabalho reduzindo a elaboração das tarefas e as respectivas correções. Para outros educadores, pode representar o desmonte do processo de ensino atual, baseado na fixação e na pesquisa complementar.
Não podemos deixar de ressaltar que essas atividades “extraclasse”, principalmente nas séries iniciais, funcionam como um elo de aproximação entre os pais e o processo de aprendizado dos filhos, através do auxílio dos responsáveis na elaboração do trabalho caseiro. E ainda: essa atividade auxilia o estudante na construção de uma relação de responsabilidade e cumprimento de prazos.
Alunos comemoram essa decisão
Enquanto professores mais tradicionais defendem que a “lição de casa” possui uma função pedagógica de suma importância, para a maioria dos alunos a notícia pode surgir como uma libertação. Entre os mais conscientes, pode dar a sensação de abrir uma lacuna no seu processo de aprendizagem. E ainda, para os mais metódicos, representa um vazio em sua rotina já enraizada.
Proibição do dever de casa cria polêmica nos Estados Unidos
O fim desses complementares, que para muitos parece impensável, acaba de tornar-se realidade em, pelo menos, duas escolas estrangeiras. A diretora da Kelly Elementary School, no estado de Massachusetts, nos Estados Unidos, acaba de anunciar a polêmica decisão. Com isso, quase 600 alunos, com idades até 14 anos, são impactados por essa mudança. A quebra do paradigma resultou em uma série de críticas dos pais. Porém a Gerente Educacional Jacqueline Glasheen argumenta que prefere uma qualidade maior do ensino do que uma quantidade de trabalhos repetitivos e muitas vezes burocráticos.
A decisão sobre a modificação desta rotina foi tomada após as escolas públicas daquele distrito norte-americano terem registrado baixo desempenho dos alunos, o que chegou a resultar numa intervenção do governo estadual. Entre as medidas tomadas pela diretora estava a de aumentar para oito horas o tempo de permanência em sala. Sendo assim, a abolição das atividades caseiras foi justificada como forma de não sobrecarregar os estudantes.
Alemanha e Finlândia já adotaram este modelo
Mas se é uma novidade nos Estados Unidos, já é uma realidade numa escola de ensino médio da Renânia do Norte, estado da Alemanha. O motivo foi o mesmo: aliviar a pressão sobre os estudantes após uma lei aumentar o tempo de permanência nos colégios. Só que lá a medida tem prazo de validade: 2 anos, até que os alunos se adaptem à carga maior, com um total de 44 horas semanais.
Na França também existem estudos e experiências isoladas neste sentido. Na Finlândia, essas atividades já foram abolidas, e a mudança não afetou os índices de desempenho educacional daquele país, que continua sendo um dos melhores do mundo.
Brasil introduziu o “dever de casa” antes dos Estados Unidos
O “trabalho de casa” foi introduzido no processo pedagógico nos anos 1930, através dos Estados Unidos, inicialmente como complemento ao método de ensino para a zona rural. Pelo menos aqui no Brasil nos antecipamos. Indícios históricos apontam que as primeiras experiências educativas promovidas pelos jesuítas, logo após o Descobrimento, já incluíam as atividades “para casa”.
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