Nosso protesto: não a violência
Ainda ecoa em minha mente o que disse, durante entrevista ao Fantástico, o professor carioca Thiago dos Santos Conceição, que sofreu uma abordagem violenta por parte de um aluno, mas, mesmo traumatizado, conseguiu olhar para a situação e enxergar um pedido de socorro na atitude do jovem, mostrando uma nobreza de alma admirável.
E como não se lembrar desse episódio triste, hoje, dia 2 de outubro, O DIA INTERNACIONAL DA NÃO VIOLÊNCIA, uma data escolhida para fazermos lembrar a todos que, sim, é possível se posicionar, resolver as dificuldades e os desafios com base no diálogo, na argumentação, na compreensão e no exercício da tolerância…
Origem da data
Essa data foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas, a ONU, inspirada em Mahatma Gandhi, líder da independência da Índia, especialmente por ser a data de nascimento desse homem pacífico que viveu em um ambiente hostil e violento, e por isso mesmo transformou vidas e inspirou o mundo para ações de não violência. Gandhi, um ser humano ímpar, plantou a cultura da tolerância e da compreensão, e deixou isso muito claro quando disse:
“Há muitas causas pelas quais estou disposto a morrer, mas nenhuma pela qual eu esteja disposto a matar.”
Ele entendia que os conflitos e impasses poderiam ser resolvidos se aprendêssemos a converter a raiva, a ira e qualquer outro sentimento destruidor em uma força capaz de construir, de somar, de ajudar. Ele se tornou um ícone, exemplo de vida para todos nós.
Educar para a não violência: onde começa?
Na prática, como diz o poeta e compositor Milton Nascimento: “Há que se cuidar do broto pra que a vida nos dê flor e fruto”. Educar para a não violência e desenvolver pessoas dentro da cultura da tolerância são sinônimos importantes que remetem a uma ação, que em primeira instância cabe à família. Tudo começa nela, desde a sua constituição com a união de pessoas, a chegada de uma criança, abrangendo de forma sequencial uma parceria importante com a Pré-Escola e a Escola, na qual aquele aluno passará quatro horas, em média. Porém, pense bem, o restante do tempo, aproximadamente vinte horas do dia, a criança passará sob os cuidados dos pais ou responsáveis, convivendo em família e com a sociedade. Será que as famílias são suficientemente funcionais e estruturadas para dar suporte a um ser em desenvolvimento? Alguém dá o que não tem? Quais fatores interferem na educação das crianças? Como é o ambiente em que a família convive? Quais as causas da violência e da agressividade?
Ingênuo seria não mencionar que está comprovado, por meio de muitos estudos e pesquisas, que a agressividade tem suas causas em diferentes fatores, mas o ambiente em que nasce e convive uma pessoa é fator determinante para que a violência se desenvolva. É fato que o tema merece um estudo aprofundado, mas podemos afirmar que as condições do meio influenciam, e muito, quando o tema é desenvolvimento da agressividade e da violência.
Uma alternativa para a mudança do meio: educação
Por sabermos que a EDUCAÇÃO é um DIREITO FUNDAMENTAL, e que por força da lei se estrutura como DEVER COMPARTILHADO ENTRE O ESTADO, A FAMÍLIA E A SOCIEDADE, torna-se fundamental que essas diferentes instâncias se unam para lançar mão de alternativas educativas, ações socioeducativas e tantos outros programas e projetos sociais que possam contribuir para a melhoria do ambiente (meio) em que vivem as pessoas, estimulando a cultura da não violência, abrangendo crianças, jovens e até mesmo adultos.
E assim, desejamos forte e profundamente que episódios tristes como esse que viveu o colega professor Thiago dos Santos Conceição não sejam mais uma realidade que oprime, que amedronta e que leva consigo o respeito e a dignidade daquele que dedica toda uma vida ao desenvolvimento e à educação de pessoas. Ninguém merece desrespeito, violência e opressão!
Por outro lado, o cultivo da tolerância e da compreensão não se respalda na passividade e na submissão; por isso, fica aqui o nosso protesto não violento.
Por Andréa Schoch | Mestre em educação, especializada em formação de professores e consultora Appai por meio da EAD.
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