Museu de Favela
A memória nas periferias urbanas
Funcionando a céu aberto nos morros interligados do Cantagalo, em Ipanema, e Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, o Museu de Favela é uma galeria de arte incomum. Cerca de 20 mil moradores constroem o acervo, que é composto pelo modo de vida dos moradores, suas narrativas com um olhar particular, que recriam suas dificuldades e conquistas, além de valorizar a memória do local.
A história das favelas é recontada no Circuito das Casas-Telas, que até o momento tem 26 pinturas em muros de ruas e casas feitas em grafite por artistas de dentro e de fora das comunidades. Estão retratadas, por exemplo, a fila da bica de água, que se tornou ponto de encontro de sambistas, e também a migração nordestina que povoou as favelas.
O território do museu conecta mais de cinco mil imóveis por um labirinto de becos, escadarias e vistas em 360 graus da cidade. Na saída do elevador panorâmico que dá acesso à favela do Cantagalo, há um mirante com visão para a orla de Ipanema, de um lado, e para a encosta do Cantagalo, do outro. A visitação começa ali e dura cerca de 2 horas. Uma das guias turísticas é a líder comunitária e DJ Rita Santos, que revela que o visitante exótico não é o turista estrangeiro, mas sim os próprios cariocas. “Eles nunca subiam o morro. Agora passaram a ter curiosidade e deixaram de fingir que a gente não existe”, ressalta Rita.
O Museu é uma iniciativa da ONG MUF, com sede no morro do Cantagalo, que implementa projetos sociais e divulga a produção cultural local. A visão de futuro é transformar os morros de Pavão-Pavãozinho e Cantagalo em monumentos turísticos cariocas, ligados à história da formação de favelas, das origens do samba, a presença do migrante nordestino, a cultura negra, as artes visuais e a dança.
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