Movi-Mentes | Projeto aposta no diálogo entre as disciplinas
O projeto Movi-Mentes, baseado na proposta interacionista do conhecimento, parte do princípio de que as áreas do saber estão em constante relação. De acordo com a coordenadora pedagógica do Ensino Médio, Adriana Alfradique, a ideia do trabalho, desenvolvido com os ensinos Fundamental e Médio, é praticar essa teoria: “Quando se fala em interconexão entre as disciplinas, pensamos em mover a mente. Nosso cérebro precisa ser constantemente estimulado, por isso cada estande escolheu um tema diferente para explorar através de diversos ângulos. Drogas, água, sustentabilidade, música, entre outros. Cada aluno traz uma bagagem e podemos, assim, explorar a diversidade”.
Depois de as equipes serem divididas com um professor coordenador, os alunos foram produzindo seus trabalhos de acordo com suas habilidades. “A maioria dos estudantes criou seus próprios banners e colocou em prática seus talentos”. Marcos Lima, professor de História, abordou o cinema nacional através dos tempos. A proposta era mostrar a diversidade do Brasil através da produção cinematográfica, desde os clássicos até os contemporâneos, e da música de todas as partes do país, como axé, forró, funk, samba, pagode, entre outros ritmos. A equipe chamou atenção dos visitantes através dos cartazes dos filmes, o que leva o espectador a rever o passado e analisar o futuro.
O estagiário de Biologia Bruno Souza, que trabalha em parceria com o professor Eufrásio Donato, do 1º ano, realizando pesquisas sobre sustentabilidade empresarial, lembra que a questão está diretamente ligada à economia. Por isso, a turma se dedicou a uma pesquisa e concluiu que o material reciclado é mais barato que o industrializado e que o reaproveitamento era viável. Pesquisa semelhante abordou os alimentos: “Na parte ambiental os produtos orgânicos são uma prática sustentável, pois a sobra vira adubo. Assim se fecha o ciclo econômico, cultural e socialmente aceito, além de ecologicamente correto”, lembra Bruno.
A professora Bianca Almeida, de Inglês, uniu sua disciplina à questão da alimentação. “Cada vez mais as culturas americana e inglesa estão introduzidas na nacional. Quisemos mostrar isso através dos alimentos. Mediante pesquisas os alunos chegaram às geleias, chás, cereais, biscoitos e empanados, que já vêm com nomes ingleses. Reconstituímos a evolução desses produtos, como o açúcar, desde o mascavo até o refinado, e o café, partindo do grão e chegando no solúvel”.
A equipe de Maria José de Almeida, de Língua Portuguesa, escolheu trabalhar com a música. Os jovens estudaram interpretação e a gramática das letras, e ficaram surpresos ao conhecerem o vinil e o compacto, que no passado eram usados para as gravações fonográficas. Bella Barros, também da disciplina, com o título “Evolução da Tecnologia”, levou material antigo mostrando a evolução de vários objetos e como contribuíram para a humanidade. Partindo da máquina de escrever, rádio-vitrola, três em um e máquinas polaroides, a aluna Elisa chegava ao computador e aos note e netbooks. Os visitantes ficaram encantados com o material apresentado pelo grupo, que fez os mais velhos viajarem no tempo e os mais novos conhecerem o passado. A Matemática também marcou sua participação com o estudo das escalas musicais.
“Um olhar para o futuro” foi o slogan do estande de Tânia Bernardes, do 6º ano, sobre a política brasileira. Para ilustrar a capital federal, trouxeram as réplicas de uma escultura de Brasília, explicando o significado de cada construção, e simularam uma urna, em que todos votaram.
Em outro trabalho, batizado de “Por trás da tela”, os alunos do 2º ano falaram sobre cyberbullying. Segundo a aluna Caroline, um tema atual, que vai crescendo com a tecnologia, o que levou à ideia de a equipe criar um site em que cada um compartilha sua experiência desagradável. Moisés, um dos alunos do grupo, confessou que já tinha praticado esse tipo de violência com um colega. “Foi uma brincadeira de mau gosto que ele não aceitou. Hoje me arrependo e já até fiz as pazes com o colega: Não gostaria que acontecesse isso comigo”, confessa o estudante. A equipe expôs esse trabalho para as turmas do Ensino Fundamental e muitos choraram, porque se identificaram com o problema. “É um trabalho que transcendeu a sala de aula, levando os jovens a se conscientizar. Houve uma mudança de atitude no colégio, pois eles estão aprendendo a lidar com os conflitos da sociedade moderna”, conclui Telma Lage, diretora da instituição.
A equipe de Meirylane Rezende, do 2º ano do Ensino Fundamental, apostou no tema “Água para todos os lados”. Através de uma maquete demonstrou como acontece o tratamento do precioso líquido e como ele chega até nossa casa. O pequeno Antônio simulou um banho inteligente, e o grupo aproveitou para divulgar um concurso de curtas sobre a água, promovido pela Prefeitura de Duque de Caxias, com a temática “Água, um bem fundamental”. No estande, os alunos expuseram matérias de jornais e revistas alertando para a realidade da escassez e racionamento em vários lugares do país e dicas criativas para driblar a crise hídrica. O 1º ano do Ensino Fundamental trabalhou os valores a partir do profeta Gentileza. Eles pesquisaram a vida dessa conhecida figura da capital do estado e fizeram um trabalho de resgate de sua mensagem: “Conversamos muito sobre o que a gentileza pode gerar, como amor, amizade, bondade, respeito, e eles confeccionaram almofadas com essas palavras”, conta a professora Priscila Esteves.
“Eu faço parte dessa história” foi o trabalho que promoveu passeios por vários pontos turísticos de Duque de Caxias. “As crianças visitaram o Museu Interativo, a Biblioteca do Centro e o polo da Uerj, e aprenderam no concreto, através de vivências. Viram novidades como senzalas e materiais antes usados para tortura, uma fábrica de tijolos desativada, conheceram uma floresta onde se trabalha os sete sentidos e souberam um pouco mais sobre o funcionamento da eletricidade”, conta Karine Camara, que leciona para o 3º ano do Ensino Fundamental.
Quem visitou a feira pôde conhecer um pouco sobre a realidade do crack. O professor de Enfermagem Alexander Farias, que trabalha com saúde mental e adicção, falou sobre o surgimento da droga nos anos 1980 nos guetos de Nova Iorque e a chegada em São Paulo na década seguinte até a sua entrada no Rio. A proposta principal é realizar um trabalho de prevenção às drogas para os jovens: “A ideia é fazer com que eles passem por essa fase de transformação, em que estão mais vulneráveis, da melhor forma possível. É importante que tenham acesso à cultura, ao lazer e construam um projeto de vida”, afirma Alexander.
Para Adriana, a essência desse trabalho é a investigação. Dentro da questão pedagógica, tem a da cidadania e da cooperação, e o aluno se aproxima de itens pertinentes à vida social. É um aprendizado vivo: “O projeto é desenvolvido através de temas geradores, e percebemos o mecanismo de colocar a teoria em prática. Assim, cremos que conseguimos despertar o talento de cada aluno”, conclui.
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