Linkando o conhecimento


Conjunto de ações leva alunos a uma nova visão da unidade do conhecimento e da realidade cotidiana

O mundo está mudando, e cada vez mais o conhecimento está ultrapassando as fronteiras. Nesse novo contexto vai se sair melhor quem apresentar condições de articular as diversas áreas do saber. O projeto Mexa-se: saúde e bem-estar, desenvolvido com alunos do 9º ano e do 1º e 2º do Ensino Médio, no Colégio Estadual Jardim Marilice, surgiu para preencher uma lacuna e preparar o jovem para essa nova realidade.

A professora de Educação Física Audrey Andrade e Benedicto Júnior, que leciona Matemática, estabeleceram uma parceria com a proposta de oferecer aulas mais atrativas, diferentes do que acontece na rotina da escola, e, partindo da interdisciplinaridade, atingir a transdisciplinaridade, onde não há a ideia de uma área do conhecimento mais importante que a outra. “A intenção é que o estudante saia do isolamento das matérias e consiga enxergar uma relação entre elas como se se tratasse de uma única. A Educação Física é uma atividade aberta e facilitou esse diálogo”, explica a docente.

Segundo a professora, o trabalho também tem o objetivo de combater o sedentarismo, já que conscientiza o aluno quanto à necessidade da prática de exercícios físicos para a qualidade de vida, o que foi trabalhado através de vídeos, slides e práticas.

Benedicto acredita que o sucesso da proposta se deve à interação de “disciplinas tão diferentes”, o que despertou interesse da garotada. No dia a dia em sala de aula o professor trabalhou com as medidas de Índice de Massa Corporal (IMC) e de abdômen, além da proporcionalidade entre peso e altura. “As turmas participaram bastante, me surpreendi com a resposta do projeto”, garante. A atividade fez um sucesso tão grande que virou POP – Procedimento Operacional Padrão –, de forma que toda a rede estadual pode utilizar o trabalho.

E a Sociologia, quem diria, também contribuiu muito com o projeto. O professor da matéria, Roberto Gomes, ajudou os alunos a conhecer a história do sedentarismo na vida do ser humano através do tempo. “Com a agricultura, que fixa o homem em um lugar, ele deixa de ser nômade; depois vêm a industrialização e a automatização, até chegarmos às condições de trabalho atuais. Conversamos também sobre o uso da Educação Física através dos anos, esclarecendo que na Roma Antiga ela serviu para o preparo militar, e daí vem a necessidade de evitar o sedentarismo, que começa na infância”.

O diretor Jorge Serra Pereira ressalta que trabalhar a transdisciplinaridade é muito importante nos dias atuais para a formação dos jovens, que são cobrados em exames como Enem, vestibulares e concursos públicos, de forma crítica, onde os saberes não são mais algo compartimentado: “O aluno hoje aprende para a vida. Quem souber ‘linkar’ as informações vai ter o melhor desempenho. Um exemplo: já vi questão de prova de Química que era um texto literário. A interdisciplinaridade permite a criação de uma rede de conhecimento; não dá mais para trabalhar de forma isolada”.

Durante a culminância, os educadores realizaram uma competição na quadra da escola, misturando as disciplinas. O circuito envolveu tarefas como pular corda, trampolim, exercícios abdominais e desafios com o Tangran, um jogo de peças geométricas para criar formas. A ideia era proporcionar um momento de lazer e trabalhar os conteúdos, empregando também exercícios de respiração, alongamento e aeróbicos, que foram aprendidos durante a realização da tarefa. Nessa fase o professor de Biologia Felipe Rodrigues contribuiu para a organização e animação do circuito.

Para a maioria dos estudantes foi uma nova forma de ver a Educação Física além de voleibol, handebol e futebol. Samara, do 2º ano, nunca tinha experimentado as atividades que Audrey apresentou para as turmas: “Eles mostraram um monte de informação em uma mesma atividade, como o Tangran, que faz a gente pensar, e o trampolim, que trabalha o corpo. Aprendemos a pensar, a respirar e a importância de combater o sedentarismo dos dias de hoje”, garante a aluna.

Na opinião da professora de Inglês Eliane Moure, a culminância vai ficar no coração daqueles jovens: “Eles podem até não lembrar das aulas, mas desse dia eles nunca vão se esquecer”. Segundo as vencedoras da competição, Camile e Rafaella, o projeto foi uma oportunidade de aprender a raciocinar e compreender a importância do esporte para a saúde e a socialização: “Apesar da timidez, todos nos unimos para participar dos treinos e aprendemos a nos preocupar com nosso corpo”, conclui Camile.


Por: Cláudia Sanches
Colégio Estadual Jardim Marilice
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E-mail: jardimmarilice@oi.com.br
Direção: Jorge Serra
Fotos: Marcelo Ávila

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