Galerinha Sangue Bom | Educadora desenvolve projeto que conscientiza jovens sobre a importância da vida
Com intuito de servir como instrumento de multiplicação da importância da doação de sangue e promoção da saúde, a educadora Carla Luciana desenvolve um projeto nas escolas em que atua, os colégios estaduais Conde Pereira Carneiro e Deputado Pedro Fernandes. Intitulado de Galerinha Sangue Bom a iniciativa também proporciona conhecimento sobre a doença falciforme, com objetivo de esclarecer e desmistificar situações que envolvem os alunos falcêmicos, evitando, assim, o bullying e o constrangimento no ambiente escolar.
A docente conta que teve a ideia de criar o projeto após assistir uma oficina do Jovem Salva Vidas, programa do Hemorio que conscientiza o público juvenil sobre a importância da doação de sangue. “Foram dois dias de oficinas e palestras. Aprendi muita coisa e nem sabia o quanto isso mudaria minha vida”, lembra.
Carla afirma isso pois anos depois ficou grávida de uma menina que no teste do pezinho trouxe como resultado traço falcêmico, o que sugeria um pedido de estudo familiar para futuras investigações. “Eu tinha um menino, então com quatro anos, que havia vindo de uma internação recente e sem diagnóstico específico, e comecei a juntar os fatores. Lembrei-me exatamente da foto mostrada na oficina do Hemorio. A partir daí começou a minha luta, incansável e perseverante”, recorda.
Por isso, em 2008, Carla criou o projeto com o desejo de salvar vidas. “A princípio participei do Hemotour, uma visita guiada pelo Hemorio, e ao final do percurso os alunos que se sensibilizassem poderiam fazer a doação voluntária. Sempre deu certo, e eu achava que contribuía de forma adequada e dentro das possibilidades que tinha”, explica.
A partir daí, a educadora incluiu a doença falciforme em seu plano de trabalho. “Não imagino um aluno que passe por mim sem ter ouvido falar nela, uma doença com pouca visibilidade, sendo o Rio de Janeiro o segundo maior estado com incidências, só perdemos para a Bahia. É um caso de saúde pública!”, afirma.
No C. E. Deputado Pedro Fernandes, Carla é professora de Biologia e trabalha com a temática dentro do conteúdo ensinado em sala de aula, além de poder contar com a parceria de professores que se envolvam e possam ajudar. Já no C. E. Conde Pereira Carneiro, no qual é diretora adjunta, faz palestras com auxílio do professor de Biologia Álvaro Jorge e com a equipe do Hemorio.
Ela também inclui ações em atividades escolares, incentivando a doação de sangue e recolhendo latas de leite em pó que são doadas às crianças em tratamento de anemia falciforme do Hemorio. “Em 2014, pela primeira vez, meu filho, Bruno de Araújo, quis ir pessoalmente na minha escola. Ele sentiu a necessidade espontânea de estar presente, de aparecer para que meus alunos o conhecessem, ele que é meu motivo maior de inspiração”, elogia.
Outro professor de Biologia, Fabiano Fernandes, que desenvolve uma palestra envolvendo a temática, afirma que a doação de sangue é um ato que deveria ser uma rotina na vida das pessoas. “A grande maioria só se atenta para essa necessidade quando algum ente querido está precisando passar por esse procedimento. Desde a época da faculdade eu sou doador, e esse ano pela primeira vez eu não tinha dado minha contribuição. Se todos tivessem consciência, as pessoas conseguiriam ser mais bem amparadas pelo Hemorio”, relata.
O professor Álvaro Jorge relata que está muito feliz por poder participar do Galerinha Sangue Bom. “Um projeto ímpar dentro de uma unidade escolar, que tinha como objetivo principal conscientizar os nossos alunos quanto à anemia falciforme, suas causas e sintomas, minimizando o impacto no tratamento dos portadores, bem como incentivando a doação voluntária de sangue”, explica.
Marcelo Neves Vargas, marido de Carla e professor de Matemática no Colégio Pinheiro Guimarães e no Estadual Luís de Camões, declara que é inspirador para a esposa escrever e realizar esse trabalho. “É muito importante falar sobre a doença, promover discussões que façam a nossa juventude refletir e ter atitudes solidárias. Não basta somente realizar trabalhos na escola, temos que fazer histórias, ser protagonistas de boas práticas e boas atitudes. Acredito ser essa a verdadeira missão dos professores”, conclui.
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