Escola trabalha o respeito à diversidade cultural entre alunos das séries iniciais
Pequenos aprendizes
Boa parte dos educadores concorda que a infância é a etapa fundamental da vida, período de grande influência no desenvolvimento do indivíduo e que, para aproveitar esse momento de forma intensa, é preciso pensar nas crianças como atores sociais capazes de grandes transformações. Ao conceber o projeto Africanidade, a equipe docente do Centro Municipal de Educação Infantil Denise Cerqueira, em São João de Meriti, tinha essa certeza em mente: desenvolver entre as crianças o orgulho e o respeito à cultura africana.
“As crianças não são naturalmente preconceituosas. Elas aprendem a ser com os adultos. Assim, aproveitando essa fase essencial da vida de todo ser humano, procuramos despertar sentimentos e valores positivos que os pequenos trazem em si. Levando-se em consideração que é preciso educar o indivíduo para a convivência saudável no espaço em que está inserido, ao propor este trabalho buscamos a compreensão de como são construídas as relações sociais e raciais”, justifica a diretora Maria das Graças da Silva dos Santos.
Em sala de aula, os professores realizaram atividades pedagógicas a partir de livros como “O cabelo de Lelê”, que conta a história de uma menina insatisfeita com o fato de seus cabelos serem tão encaracolados. Aos poucos, ela descobre sua origem africana e adquire orgulho de seus traços e de sua origem. “A partir da história contada, desenvolvemos o trabalho artístico com a confecção de uma boneca de jornal e cabelo de lã. As crianças produziram também máscaras com rostos e construíram a face da menina Lelê, personagem principal da história, estimulando a coordenação motora através de corte e colagem. Durante todo o processo, constatei que os alunos se mantiveram interessados, demonstrando alegria e orgulho, pois muitos deles se reconheceram na personagem”, declara a professora Luciana Brandão Silva da turma pré-1.
Outras obras infantis trabalhadas pelas turmas foram “Bruna e a galinha D`angola”, livro que homenageia as raízes negras do Brasil, e “Menina bonita do laço de fita”. Além de tratar a questão das diferenças, valorizando a diversidade a partir da raça negra, o projeto incentivou o gosto pela leitura por meio de histórias narradas e contribuiu no desenvolvimento da habilidade de escrever frases a partir de gravuras e de interpretar fatos da história mediante perguntas sugeridas. “O trabalho foi todo focado na diversidade, mostrando que, apesar das diferenças, somos todos iguais”, completa a professora Sueli Rodrigues, do pré-2.
Os alunos do 1º ano, da professora Marcela Fernandes, também produziram cartazes destacando fatos das histórias narradas. “Ao participar das atividades, os estudantes se identificaram com os personagens, fantasiando brincadeiras e diálogos. A grande mensagem que eles aprenderam com o projeto é que devemos respeitar a todos, indistintamente”, afirma Marcela.
Já a professora Vanessa Gama, do 2º ano, iniciou a abordagem partindo de fatos históricos como a abolição da escravatura no Brasil. Depois, a turma foi estimulada a compreender a diversificação das raças e constatar que todos temos origens no passado. “Vivemos em uma sociedade que costuma ter conflitos raciais. Por isso, é fundamental que, desde criança, se aprenda a respeitar o próximo. Eles refletiram sobre o fato de que, na própria turma, cada um tem suas diferenças, mas ninguém é melhor ou superior ao outro. É importante esse trabalho para que eles tenham a consciência de quem são e de onde vieram”, enfatiza.
Para a orientadora pedagógica Vera Lúcia Costa, o resultado do projeto foi gratificante, pois os alunos deram um retorno positivo aos estímulos. “As crianças participaram ativamente de cada etapa do processo, emitindo opiniões e sugestões. Pontuo que não ficaremos apenas neste momento, já que o tema será trabalhado em todo o decurso do ano letivo. Este projeto, oriundo da Secretaria de Educação de São João de Meriti, a ser desenvolvido em todas as unidades, foi implementado em nosso CMEI com um trabalho de interação e integração de todos os profissionais de nossa comunidade escolar”, ratifica.
A supervisora educacional da Secretaria de Educação do município, Laura Santa Rosa de Carvalho, também acompanhou de perto o desenvolvimento do projeto que, segundo ela, é uma ação que já deveria estar sendo implementada há muito tempo em todo o Brasil. “Apesar de serem crianças de tenra idade, elas já começam a despertar o sentido do respeito às diferenças. Só assim a gente cresce”, constata.
Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Denise Cerqueira
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