Ensino Integrado
Alunos apresentam suas produções para profissionais da comunicação
Os estudantes do Colégio Estadual D. Pedro II, em Petrópolis, se qualificam na área de Comunicação Social, apresentam suas produções audiovisuais em mídias e festivais nacionais e se inserem no mercado de trabalho. Essas novas oportunidades são possíveis graças ao projeto Ensino Médio integrado de formação profissional em Comunicação Social com ênfase em rádio e vídeo, realizado desde 2008 no colégio.
O projeto faz parte da proposta “Ensino Médio Integrado”, resultado de uma política do Ministério da Educação em acordo com o governo do Estado do Rio. O objetivo é a busca de alternativas pedagógicas aos modelos de formação profissional em nível médio. A ideia é atender as novas expectativas diante das transformações da realidade e das atividades técnicas. O colégio aderiu à proposta e escolheu, dentre várias modalidades, a capacitação na área de Comunicação Social, em função de uma demanda do setor audiovisual no Rio de Janeiro.
Segundo a coordenadora do curso, Cíntia Fungshal, os alunos concluem o nível médio prontos para o mercado, e a aceitação por parte dos pais e da sociedade é muito grande: “Vários ex-alunos estão trabalhando como cinegrafistas ou editores de produções audiovisuais, e são os estudantes que têm melhor desempenho no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação básica), além de números expressivos no Enem”, confirma.
Cíntia também destaca a maior articulação com a comunidade do entorno, não apenas para dar base à proposta pedagógica de assistir às necessidades da população, como também para fortalecer o desenvolvimento de políticas públicas de qualidade no âmbito da educação, cultura e trabalho na cidade.
O relacionamento com instituições locais possibilitou a realização de projetos como o Rodas de Leitura, com a Universidade Católica de Petrópolis, e conferências de fotógrafos e produtores de TVs e rádios locais como a TV Imperial e a Rádio Imperial, além de oficinas com a Sociedade Brasileira de Fotografia e Museu Imperial, contando com a participação de profissionais renomados do cinema e da produção. Nos dois últimos anos a parceria com o Museu Imperial vem rendendo visibilidade aos trabalhos do corpo docente, o que facilita os contatos profissionais no meio da mídia. Além das instituições da cidade, o colégio articula com entidades do Rio, como a exposição de trabalhos das instituções BEM TV – Comunicação Comunitária, Cinema Nosso e palestra com profissionais da cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM).
Para a professora Maria Regina de Castro, que coordenou mostras dos estudantes, os eventos são uma grande oportunidade para os jovens fazerem contatos profissionais: “Eles participam de debates, assistem palestras, os especialistas da mídia avaliam seus trabalhos e aí surgem as possibilidades de contatos”.
Elaine Mayworm, que leciona Literatura, considera a formação de cidadãos um trabalho de extrema importância: “Mais do que a criação de produtos audiovisuais, o curso tem o compromisso com os valores, o respeito pelo outro e a ética nas relaçoes. Trabalhar no EMI foi a chance de colocar em prática uma educação pública de qualidade, que transforma sonhos em realidade”.
Foi assim que Wesley Luis Francisco, de 20 anos, que fez parte da primeira turma do projeto, começou a trabalhar em uma produtora de vídeo local: “Comecei no ramo de edição por intermédio de um produtor de cinema, estagiei na TV Cidade e hoje faço faculdade na área de Ciências da Informação. O curso me deu uma visão de futuro, ensinou como me comportar em uma entrevista de emprego e oferece ferramentas para conhecer o mercado”, conta o jovem. Wesley ainda foi contratado por uma escola da rede pública de Petrópolis para produzir um vídeo sobre bullying, o que rendeu um prêmio da Prefeitura à escola.
A ex-aluna Camila Carvalho, de 20 anos, que trabalhou em oficinas de rádio para crianças, acredita que o curso proporcionou não só uma visão de mercado e oportunidade de trabalho, mas também um novo olhar para a vida: “Aprendemos a ver o mundo com outros olhos e ângulos, e as oportunidades se abrem. Tenho uma formação específica no currículo e aprendi a estar atenta para as chances que surgem. Cresci bastante”, diz a jovem, que pretende entrar para a universidade e seguir nesse ramo.
Cíntia concorda que o projeto, que faz parte de uma política de formação de habilidades e atitudes profissionais, amadureceu bastante o alunado, que está mais motivado para estudar e seguir adiante, e agora pode vislumbrar um projeto de vida: “O trabalho traz desenvolvimento, estimula a capacidade de relacionamento e cria a responsabilidade. Agora eles começam a pensar no futuro”, conclui a coordenadora.
Para João Vítor, que está cursando o 2º ano, “o curso é a sua vida”. Desde criança ele já sonhava em ser comunicador. Quando ficou sabendo da existência do EMI em Comunicação Social, no 7º ano, definiu que estudaria na escola. “Dei um grande passo na minha vida, aprendi a encarar novos desafios e vivo meu melhor momento, pois estagio como repórter em uma emissora local e acredito que um futuro brilhante me espera. O projeto me ensina, mais do que uma profissão, uma nova forma de viver e ver a vida”, conclui.
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