Educando para o futuro presente


Predições de um futuro presente…

Escolarizar é uma das principais funções da escola. É fato que cabe à escola proporcionar ao aluno um desenvolvimento integral, mas a intenção aqui é dar um enfoque especial para o conjunto de conhecimentos que ele constrói, via processo de escolarização, e que lhe darão a oportunidade de escolher como se realizar na vida adulta por meio de um trabalho que lhe dê satisfação e dignidade. E é exatamente aí que entram em cena as novas tecnologias e o digital, que mudaram e vêm mudando cada vez mais a forma de pensar e operar o mundo e, consequentemente, a escola.

Pesquisas mostram que, até o ano 2030, dois bilhões de postos de trabalho desaparecerão, pois estarão obsoletos por conta da automatização.1 Esse é um processo esperado, dadas as inovações tecnológicas, cada vez mais comuns. Alguns exemplos de profissões que, segundo os analistas de tendências, perigam diminuir e, em alguns casos, até mesmo desaparecer em função da automatização do trabalho são: agente de viagens, carteiro, operador de telemarketing, taxista, arquivista, digitador, caixa de supermercado e até mesmo o bancário.

De outro lado, os futurólogos afirmam que novas profissões vão figurar dentro das diferentes áreas, por exemplo, na de Segurança, com o surgimento de um especialista, uma espécie de policial que lidará com furtos cibernéticos; na área da Saúde, o designer de bebês, que será um geneticista capaz de alterar os genes do feto para que o bebê venha ao mundo trazendo consigo as características desejadas pelos pais, quem sabe com Q.I. altíssimo ou com as habilidades de um mega-atleta; na área do Meio Ambiente, uma espécie de controlador de clima que atuará monitorando e até evitando problemas decorrentes de fenômenos da natureza. E assim as previsões de futuro vão se mostrando muito presentes.

Considerando um mundo tão diferente e tão próximo como esse, o que precisa constar no currículo da escola para dar aos alunos a oportunidade de desenvolver seus potenciais com vistas à realização profissional para os novos tempos?

Caminhos para o currículo da escola futuro presente

Muitos leigos se perguntam como a escola define o que será aprendido pelos alunos ao longo de sua trajetória escolar, e como será isso. Essas definições estão registradas no que chamamos de forma macro de Currículo Escolar. As discussões sobre essa questão são muitas, e amplas, sobretudo num mundo em frenética transformação. Resumidamente, podemos dizer que CURRÍCULO ESCOLAR é a organização dos conteúdos e das atividades a serem trilhadas pelo aluno durante o processo de aprendizagem, de escolarização. Isso inclui não apenas os itens a serem ministrados, mas também os objetivos, os encaminhamentos pedagógicos, a forma de conduzir o processo de desenvolvimento desse aluno.

Nosso foco aqui não é traçar um estudo sobre currículo, mas apontar (de forma prática) quais aspectos precisam estar impregnados no currículo da escola do futuro presente. Abaixo, sinalizamos alguns deles:

  1. SELEÇÃO DE CONTEÚDOS QUE IMPORTAM: Selecionar e inserir no currículo, de forma participativa, o que realmente importa, DEIXANDO DE LADO UMA LISTA INFINITA DE CONTEÚDOS QUE NÃO FAZEM SENTIDO, que não se aplicam ao contexto, e por isso mesmo não geram aprendizagens significativas. Parafraseando Cortella, é preciso importar (levar para dentro do currículo) o que realmente importa (o que faz sentido, o que transforma).

  1. NOVAS TECNOLOGIAS COMO MEIO: as novas tecnologias devem fazer parte da educação de hoje, assim como o livro e a caneta fazem.

Há que se incluir também nesse currículo contemporâneo os conteúdos que favoreçam bons níveis de letramento digital, com a previsão do desenvolvimento de habilidades próprias para as novas tecnologias.

Ainda mais importante e fundamental é a utilização integrada de NOVAS MÍDIAS GERANDO UMA PRODUÇÃO COLABORATIVA no processo de aprendizagem. O mundo está cada vez mais complexo, e por conta disso a colaboração é condição sem a qual não haverá sobrevivência.

  1. APLICAÇÃO DE METODOLOGIAS ATIVAS: decretar a falência da ideia de que o aluno é um simples coadjuvante no processo de aprendizagem e fazer valer a noção de que O ESTUDANTE TEM PAPEL ATIVO NESSE PROCESSO. Para isso, sugerimos o encaminhamento pedagógico que parta de fenômenos, favorecendo o desmembrar do todo para depois construí-lo novamente, e assim ser possível melhor compreendê-lo.

  1. ORIENTAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM PERSONALIZADA: educação personalizada é aquela que disponibiliza à turma o acesso aos conteúdos, mas ao mesmo tempo OLHA PARA AS DIFERENTES CARACTERÍSTICAS DE CADA UM DOS ALUNOS, LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO A FORMA COMO CADA UM APRENDE MELHOR, para então orientar rotas, caminhos possíveis de encaminhamento para a aprendizagem, sem enquadrar, sem formatar o coletivo, mas proporcionar o desenvolvimento pautado em escolhas e interesses pessoais.

As PLATAFORMAS DE ENSINO ADAPTATIVAS são fundamentais para os processos de personalização da aprendizagem, pois utilizam softwares inteligentes que personalizam o ensino, adaptando-o para atender às necessidades específicas do aluno. O funcionamento das plataformas ocorre com o acesso do aluno ao ambiente para realizar um teste de conhecimentos gerais ou específicos, e então o sistema começa a delinear seu perfil. Dali para a frente, cada clique do aluno vai sendo “interpretado” pelo sistema, um processo similar ao dos sistemas de algoritmos utilizados pelo Google. Em linhas gerais, o sistema faz uma espécie de Raio X do aluno e oferece um plano de estudos, com variação de ritmo, tempo e ênfases, fazendo jus à personalização.

Concluímos com um recado para você, educador: lembre-se de que educar hoje com foco no futuro significa, sobretudo, dar ao aluno a oportunidade de desenvolver habilidades para a resolução de problemas, especificamente aqueles próprios da era digital. Por isso é fundamental educar em um ambiente conectado, em que as novas tecnologias, a criatividade, a imaginação, a interação interpessoal e o pensamento crítico sejam uma realidade, capaz de responder aos problemas de um mundo que conta com 7 bilhões de pessoas e dezenas de bilhões de demandas que advêm desse contingente.

Os desafios são muitos, mas o nosso desejo como educadores é ainda maior, e como já dizia Álvaro Vieira Pinto, grande escritor da área de Educação: “O CAMINHO QUE ESCOLHEMOS PARA APRENDER FOI ENSINAR”.


Por Andréa Schoch | Mestre em educação, especializada em formação de professores e consultora Appai por meio da EAD.

Fonte: DaVinci Institute – Consultoria


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