Educação em ciências e a nova geração
O limite de educar vai além de repassar conteúdo ou indicar caminhos que o professor julga serem os mais corretos. Educar consiste em demonstrar como criar sua própria percepção de si mesmo, dos seus pares e de sua realidade. É apresentar uma gama de ferramentas para que o estudante possa decidir, com base em seus valores, aquela em que lhe cabe melhor possibilidade de resolver problemas, responder questões e divulgar seus aprendizados de forma clara e comunicativa.
Em sua trajetória de vida, estudantes encontrarão situações adversas, e aquele que desenvolver habilidades de enxergar no todo as várias facetas de se chegar à solução terá maiores condições de evoluir e acumular uma carga maior de conhecimento e experiência (Seleção cognitiva. A seleção natural é agora reconhecida, mas atrasos similares na identificação do papel da seleção nos outros campos poderiam nos privar de um auxílio valioso na solução dos problemas com os quais somos confrontados). Estes fatores geram possibilidades que se abrem diante dos indivíduos, que por sua vez poderão ter grandes chances de aproveitá-las.
O pensamento descrito acima só faz sentido quando encaramos um estudante como um organismo que possui diferentes formas de aprendizagem e, portanto, o professor deve explorar diferentes possibilidades para ensinar. Vale ressaltar também que os recursos utilizados necessitam ser atuais, comunicativos, atrativos e inovadores, com objetivo de se tornarem convidativos aos discentes.
Ainda observamos em nossas salas de aula estudantes que preferem não sair de suas áreas de conforto e acomodação (falo de aulas tradicionais onde o professor replica o conteúdo e o aluno apenas repete nas avaliações e na vida), e assim não querem debater os assuntos, não almejam problematizá-los criando um quadro comparativo de sua realidade social e nem tão pouco confrontar o novo com o antigo aprendizado. Este último se mostra muito importante para explorar seu conhecimento âncora na construção de bom valor cognitivo.
Os alunos devem adquirir habilidades como adaptabilidade, comunicação complexa, habilidades sociais, resolução de problemas não-rotineiras, autogestão e sistemas de pensamento para competir na economia moderna. Na medida em que os currículos incorporam atividades grupais, investigações laboratoriais e projetos, eles oferecem a oportunidade para os estudantes desenvolverem essas habilidades essenciais do século XXI e prepararem-se para se tornarem cidadãos capazes de tomar decisões sobre temas, como saúde pessoal, eficiência energética, qualidade ambiental e uso de recursos.
De fato, as competências que os cidadãos precisam entender e abordar, desde as perspectivas pessoais até as globais, estão tão claramente ligadas ao conhecimento nas disciplinas quanto a economia, a política e os valores culturais.
Ao final, a escola precisa se reinventar, inovando seus métodos de ensino, agregando significado na vida dos estudantes, promovendo transformação e exercitando novos valores e habilidades como aprendizado colaborativo, senso de responsabilidade, crítica avaliativa, etc., porém sem perder seus reais valores socioeducacionais. Essa instituição deve ser também palco para debates político e científico, social e cultural, orientando ou mediando esses jovens em um aprendizado livre, que respeite sua criatividade para que com isso seja formada para eles uma nova identidade social.
*Antonio Roberto Petali Junior é formado em Ciências Biológicas pela Universidade de Nova Iguaçu – Unig, trabalha como professor de Ciências da Natureza na Seeduc e realiza pesquisas no ensino de Ciências.
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