Educação ambiental começa em casa
Uma Casa e Escola Ecologicamente Inteligente, feita com materiais reaproveitados, sistema de reaproveitamento de todo o lixo, das águas da chuva e da tubulação para transformação em energia. O nome do projeto tem o objetivo de lembrar às pessoas que as residências são grandes elementos poluidores, não só as fábricas e os carros. “Para os alunos a casa é uma realidade mais próxima, e o lugar onde moramos se revela um agente poluidor grande, mas que muitas vezes passa despercebido, por isso o título é um ótimo gancho para falar de como poluir menos, partindo do micro para o macrocosmo”, explica o diretor da Escola Estadual Visconde de Mauá, da Faetec, Jorge Luis São Paulo.
A ideia é estar todo o tempo lançando situações-problema para que os estudantes planejem uma solução. Por exemplo, como irrigar uma horta (orgânica) sem gastar energia. O que podemos fazer para causar menos impacto com o lixo que se produz num ambiente doméstico.
A equipe pedagógica começou a trabalhar com turmas com defasagem idade-série do Ensino Fundamental. Iniciativa do diretor Jorge Luis São Paulo e do professor de História Douglas Pires, o trabalho tem como proposta buscar novas alternativas de consumo, produção e relação do ser humano com a natureza.
O projeto nasceu da parceria com a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), através do Programa Agenda 21, que apoiou as ideias e as atividades da escola, com ações voltadas para a proteção do Meio Ambiente, e hoje é extensivoo a outras turmas.
As experiências desenvolvidas foram base para formatar o projeto atual, que oferece oficinas no contraturno nas áreas de ciências, pesquisas, confecção de maquetes e protótipos para resolver questões ligadas à proteção ambiental. Dentro dessas atividades realizadas na rotina dos alunos está a implantação do Sistema Cinético de Bombeamento Hidráulico, que foi tão bem-sucedida que ganhou vários prêmios.
Alunos e docentes participaram da construção do sistema: através de debates e palestras, decidiram linha de pesquisa e espaço de montagem. Assim decidiram fazer uma prática externa para auxiliar agricultores de Nova Friburgo com a finalidade de economizar
energia elétrica para a irrigação das plantações através de um rio próximo, com um produto final mais barato. “O próprio fluxo do rio serve de pulsão de gás para a bomba para irrigar a plantação sem custo de eletricidade. Dessa forma os alunos podem relacionar o conhecimento de sala de aula com o mundo e as necessidades ambientais. Eles passaram a observar na prática e ficaram encantados ao ver a maquete funcionando perfeitamente”, conta o professor Douglas.
O subprojeto começa com sessões de liberação de ideias, a partir de uma situação-problema sobre energia, no caso, e anotação dos custos para confecção do produto final e realização de testes durante as oficinas, em horários que podem ser coordenados com os tempos das aulas. Paralelamente a isso, as crianças vão planejando a casa ecológica, um projeto continuamente elaborado tendo em vista soluções para minimizar o impacto sobre a natureza: “A poluição é o resultado de vários fatores. A casa é uma ‘desculpa’ para as problematizações e para se pensar soluções”, explica Douglas.
Para o diretor Jorge Luis, o que mais marcou como educador durante as atividades foi ver a autoestima dos alunos, que não se sentiam capazes de executar as atividades propostas por serem estudantes com questões de aprendizagem. O professor também destaca a reorganização da rotina escolar já que o projeto quebra a rigidez das aulas para o cumprimento das tarefas e promove o diálogo entre as disciplinas: “Os alunos são envolvidos em uma nova dinâmica educativa que possibilita integração entre pessoas e conhecimentos. É uma pedagogia colaborativa, além de contribuir para um relacionamento mais horizontal entre alunos e professores”, conclui o diretor.
Deixar comentário