Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência nas Escolas
As consequências do bullying não são novidade nem para a vítima e tampouco para o agressor. O que ainda continua num campo bastante nebuloso é a postura da vítima, sobretudo quando ela vivencia essa situação no ambiente escolar, uma vez que, quase sempre, resulta no abandono dos estudos, depressão, baixa estima, entre outros efeitos.
No dia em que se faz lembrar o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência nas Escolas, 7 de abril, instituído em memória das vítimas da tragédia da escola de Realengo, estudos mostram que os que mais sofrem com colegas, piadas e brincadeiras de mau gosto ainda continuam sendo os adolescentes. E, numa crescente avalanche, o cyberbullying vem intimidando cada vez mais as pessoas dessa faixa, levando-as da exclusão até a morte.
No Brasil, o relatório do Pisa 2015 apresentou em seu anexo de bem-estar o resultado de uma amostragem aplicada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entre 540 mil alunos de 15 anos que participam da avaliação feita entre os 35 países membros, mais os 37 países parceiros, incluindo o Brasil.
De acordo com o OCDE essa amostragem representa 29 milhões de estudantes de 72 países. O diagnóstico mostrou que 17,5% dos nossos adolescentes sofrem algum tipo de bullying mais de uma vez a cada 30 dias. 9,3% admitiram ser alvo de algum tipo de chacota; 7,8% alegaram exclusão por seus colegas; 4,1% disseram que já foram ou são ameaçados; 3,2% são agredidos fisicamente. Além das investidas verbal e física, ainda tem aquela que provoca danos morais, como é o caso da destruição de objetos da vítima. 5,3% relataram que colegas destroem, escondem seus pertences. 7,9% são alvo de rumores maldosos. Tendo essa amostra de dados como base dos testemunhais dos discentes, 9% foram classificados no estudo como vítimas frequentes de bullying.
Mas nem tudo é espinho. Quando perguntados sobre a satisfação com a vida, os educandos brasileiros ficam acima da média dos países membros da OCDE. 44,6% apontaram estar bastante felizes, enquanto a média de satisfação dos alunos que também fazem parte dos países da OCDE é 34,1%. Dos 35 países-membros da OCDE e das 37 economias parceiras, incluindo o Brasil, a média dos que não estão realizados com a vida gira em torno de 11,8%.
Uma pesquisa realizada pela empresa Intel, com 507 crianças e adolescentes na faixa etária entre 8 e 16 anos, mostra que o cyberbullying é um vilão, se não tão quanto, até um pouco mais violento e cruel que o bullying. O relatório evidenciou que a maioria (66%) já presenciou casos de agressões nas mídias sociais e que mais de 20% já sofreram cyberbullying.
No dia em que se chama a atenção para a reflexão acerca desse que é um dos “males do século”, sobretudo entre os mais jovens, compete não só à escola – professores, gestores e a comunidade escolar – mas, acima de tudo, aos pais e familiares estarem atentos aos sinais que esse tipo de agressão, seja verbal ou física, produz em suas vítimas, bem como em seus agressores.
O diálogo ainda continua sendo a principal via de acesso para que a ajuda chegue aos sofrentes, ouvindo-os para que os agressores também possam ser alvo de atenções e tratados. O que não podemos é ficar de braços cruzados, achando que os ataques, tanto virtuais como presenciais, sejam apenas brincadeiras infantis. A cada dia crianças e adolescentes engrossam a fila dos consultórios de psicologia e psiquiatria em função de investidas maldosas e maliciosas que, se não detectadas e tratadas, podem levar e estão levando muitos dos nossos jovens ao suicídio.
A Revista Appai Educar, atenta a esse tema que permeia, sobretudo, o universo educacional, trouxe em sua edição 109 uma reportagem sobre as mais recentes práticas de combate ao bullying e ciberbullying, com a Mestre em Psicologia Clínica e Membro da Associação Brasileira de Terapia Familiar Maria Tereza Maldonado. Leia abaixo:
Por Antônia Lúcia Figueiredo | Mãe, Jornalista, Redatora, Editora-Chefe das Revistas Appai Educar e Leve.
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