Desenho Universal – Case: Acessibilidade na Web
“Eu sou Lêda Lúcia e adoro a internet, porque posso me comunicar com as pessoas, ler jornais, revistas e fazer uma série de coisas sem sair de casa: transações bancárias, pagamentos, compras. Eu sou psicóloga. Uso a internet para me comunicar com outros profissionais, participar de listas de discussão e fazer pesquisas sobre vários assuntos. Eu acho muito importante a internet para um profissional se manter atualizado em sua área. PRINCIPALMENTE NO MEU CASO, QUE SOU CEGA, portanto, sem a internet seria muito difícil manter essa autonomia e independência que eu tenho hoje no meu trabalho e na vida pessoal.”*
Não restam dúvidas, a internet é um fenômeno que mudou completamente a nossa forma de viver. Cada vez é mais difícil pensar numa área da atividade humana que não seja influenciada pela internet: educação, vida pessoal, trabalho, relações sociais, saúde e por aí vai.
No depoimento de Leda Lúcia, fica claro o quanto a internet favorece a sua vida, porém, em outra parte do depoimento, ela diz: “Nem sempre consigo acessar todos os sites de que preciso. Como eu uso um programa especial que lê a tela para mim, se os sites não forem feitos de acordo com determinados padrões, o programa não consegue ler a tela, e o meu acesso à internet fica muito prejudicado…”
Fica evidente que não basta ter acesso à web, nem as novas tecnologias terem trazido mudanças, se elas não estiverem acessíveis a todos.
COMO A WEB PODE SER PROJETADA PARA PROPORCIONAR ACESSO A TODOS?
A ideia de que devo “ajustar, reformar” um determinado ambiente, seja ele físico ou virtual, para atender a pessoas com deficiência tende a ser descontinuada em função de um novo e importante conceito denominado DESENHO UNIVERSAL, de acordo com o qual o mundo, ao ser projetado, deve se adaptar o melhor possível a todas as pessoas, em vez de demandar delas um esforço de adaptação.
Como exemplos da aplicação do Desenho Universal, de forma geral, podemos citar: as rampas de acesso, elevadores com painéis em braille ou áudio, ampliadores de telas para pessoas com baixa visão, mouse adaptado, pisos táteis (produto que garante a locomoção segura de pessoas com deficiência visual), banheiros adaptados (próprios para a entrada de um cadeirante, com barras para apoio). Há muitos outros exemplos, porém estão aqui citados alguns de forma ilustrativa.
DESENHO UNIVERSAL PARA WEB
Na prática, Desenho Universal para Web significa que: “os objetos e ambientes utilizados nos sítios devem ser projetados para serem utilizados, sem modificação ou assistência externa, pelo maior número de pessoas possível, independentemente de suas habilidades motoras, visuais, auditivas, táteis ou de qualquer outra condição que possa oferecer dificuldade na finalização de uma tarefa”.**
Para que haja acessibilidade à web, é preciso que os princípios do Desenho Universal ou “Desenho para Inclusão” sejam respeitados. São, ao todo, sete, conforme indicado na Cartilha de Acessibilidade na Web:**
• Equiparação nas possibilidades de uso: pode ser utilizado por qualquer usuário em condições equivalentes.
• Flexibilidade de uso: atende a uma ampla gama de indivíduos, preferências e habilidades individuais.
• Uso simples e intuitivo: fácil de compreender, independentemente da experiência do usuário, de seus conhecimentos, aptidões linguísticas ou nível de concentração.
• Informação perceptível: fornece de forma eficaz a informação necessária, quaisquer que sejam as condições ambientais/físicas existentes ou as capacidades sensoriais do usuário.
• Tolerância ao erro: minimiza riscos e consequências negativas decorrentes de ações acidentais ou involuntárias.
• Mínimo esforço físico: pode ser utilizado de forma eficiente e confortável, com um mínimo de fadiga.
• Dimensão e espaço para uso e interação: espaço e dimensão adequados para a interação, o manuseio e a utilização, independentemente da estatura, da mobilidade ou da postura do usuário.
RESSALVA
Quando os princípios do desenho universal são ignorados, a pessoa com deficiência é privada do acesso. Exemplo disso aconteceu com Pedro Paulo, um rapaz cego que tentou acessar determinada página da internet para fazer um registro e lhe foi solicitado que digitasse alguns caracteres apresentados “em imagem”, como mostra a figura:
No caso de Pedro Paulo, se o conteúdo e os objetos do site tivessem sido pensados para dar acesso a todas as pessoas, haveria naquela imagem um link para áudio, possibilitando o entendimento dos números e caracteres a serem replicados por ele para registro. Esse e tantos outros casos fazem parte de uma história que desejamos que logo seja página virada.
** Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=hna7hbg98z4>. Acesso em: 8 dez. 2017.
*** Conforme Cartilha de Acessibilidade na Web da W3C Brasil, 2013 – Licença CREATIVE COMMONS – CC. Disponível em: <http://www.w3c.br/pub/Materiais/PublicacoesW3C/cartilha-w3cbr-acessibilidade-web-fasciculo-I.pdf/>.
Por Andréa Schoch | Mestre em educação, especializada em formação de professores e consultora Appai por meio da EAD.
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