Bom ensino e boa aprendizagem, porque todo dia é “Dia da Escola”
No dia 14 de março comemorou-se o Dia da Escola. Para um dos mais notáveis pensadores da pedagogia mundial – Paulo Freire –, “escola é o lugar onde se faz amigos, não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários, conceitos… Escola é, sobretudo, gente, gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima…”
Quando começamos a falar de uma pedagogia transformadora, vale lembrar que a educação nasceu na contramão do pensamento e da visão ampla do significado de ensino-aprendizagem que mantemos atualmente. Oriunda das fortes mãos das culturas Espartana e Ateniense, essa organização educativa respirava, de um lado, o perfil guerreiro espartano sob a égide do autoritarismo, manifesto no ensino das artes militares da época. Na outra ponta, impondo seu ideal de conhecimento, Atenas sempre fez o uso da palavra como uma de suas maiores ferramentas sociais e educativas, a fim de que seus alunos pudessem exercitar a construção dos argumentos dentro e fora das arenas políticas, ou seja, ensinar a falar. Nessa crescente intelectual, surgem os mestres da retórica e da oratória, dos quais descende o filósofo Sócrates, que preconizou a prioridade de ensinar a pensar e não apenas falar.
Essa valiosa contribuição, bem como as muitas deixadas pela educação ministrada na Idade Média, fez com que o conhecimento fosse cada vez mais organizado em sua transmissão pela escola, debaixo da batuta de seus professores. Na era moderna, são criadas as máquinas e ocorre a expansão urbana, a primeira com intuito de poupar tempo do trabalho humano e a segunda, visando a tão sonhada oportunidade de um bom emprego e melhores salários do que os recebidos no campo.
Essa mudança de diretriz, gerada pela Revolução Industrial, repercutiu fortemente no modelo escolar centrado na figura do educador como o único transmissor do conhecimento. Entretanto, nesse período, crescem também os grupos sindicais, as reinvindicações trabalhistas e o fortalecimento dos regimes democráticos influenciando diretamente os direitos dos cidadãos no que tange a requerer o acesso à educação menos vertical e mais horizontal.
A influência de grandes pensadores da Educação fez com que a escola passasse a ser sabatinada, questionada, por seu modelo hierárquico de via única. No século XIX, educadores como Maria Montessori e John Dewey, representantes do segmento educacional na Europa e nos Estados Unidos, buscaram esse papel debatedor com as instituições de ensino, acerca dos modelos até então exercidos pelas escolas.
Hoje na era contemporânea, em meio às transformações e evolução dos modelos de ensino, de metodologias e sistemas de aprendizagem, com tendências e foco voltado para os alunos, o que vemos é uma latente necessidade de professores cada vez mais capacitados no sentido de entender e mediar saberes com essas novas gerações – “X”,“Y”, “Z”, “Alpha” – e outras que estão por vir. Para acompanhar essa aceleração na educação, se faz necessário que a escola ofereça mais recursos não só de capacitação de seus docentes, mas, sobretudo, estruturais, uma vez que as tecnologias têm se mostrado um elemento facilitador e agilizador dos processos de ensino-aprendizagem, quando bem usadas. É o que nos revelam as experiências bem-sucedidas de países como Finlândia, Itália, Suíça, entre outros.
O que percebemos é que ainda estamos caminhando para aquilo que almejamos chamar de excelência plena nas instituições de ensino, reforçando os vínculos sociais entre as pessoas que convivem no espaço escolar. Porém, neste dia em que celebramos o “Dia da Escola”, observa-se que pensadores da pedagogia, assim como os cientistas da educação, doutores, mestres, professores, pedagogos, família, alunos e toda a comunidade escolar, vêm se empenhando na construção de programas escolares diferenciados, com currículos mais produtivos, que mesclem criatividade e aprendizado, pautados em experiências do cotidiano, aglutinando as linhas pedagógicas ditas tradicionais às mais contemporâneas.
Tudo isso, com um único objetivo de democratizar o acesso a escolas de qualidade e que todos os atores envolvidos, desde o poder público ao privado, e, sobretudo, os órgãos governamentais, entendam e se comprometam com a importância do bom ensino e da boa aprendizagem para que o país realmente possa crescer em todas as áreas.
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