Ambiente Escolar de Consciência Cultural

Projeto fortalece identidades, promove a inclusão, a igualdade e o respeito às diferenças


O projeto Não basta ser contra o racismo, é preciso ser antirracista, idealizado e implementado pela professora Adriana Maria, no Ciep 335 Joaquim de Freitas – Escola E>TEC: Escola de Novas Tecnologias e Oportunidades, em Queimados, Rio de Janeiro, demarcou como principal objetivo integrar a história e cultura afro-brasileira ao currículo escolar, conforme a Lei nº 10.639/2003, com intuito de oferecer um amplo conhecimento sobre a cultura negra e resgatar a autoestima, a identidade cultural afro-ameríndia e promover a conscientização antirracista no alunado.

Segundo Adriana Maria, o projeto visou não apenas sensibilizar os estudantes contra o racismo, mas também desenvolver práticas de letramento e habilidades socioemocionais por meio de atividades pedagógicas integradas às disciplinas de Língua Portuguesa, Letramento e Artes, cujos objetivos passaram por promover atividades pedagógicas que abordassem temas relacionados à história e cultura afro-ameríndia; desenvolver a conscientização antirracista por meio de atividades diferenciadas e atrativas; diminuir a indisciplina escolar, tornando o ambiente mais acolhedor e atrativo; fomentar práticas de letramento utilizando diversos gêneros textuais, como poesia e minicontos, além de incentivar a criação artística com materiais recicláveis, relacionando a arte africana ao cotidiano dos alunos.

 

Reflexões e experiências

A prática do projeto teve início com discussões sobre racismo estrutural, seguidas pela exibição do filme “Mãos talentosas”, que catalisou reflexões entre os alunos sobre experiências pessoais e familiares de preconceito e discriminação. A partir dessa base, a professora Adriana Maria introduziu diversos gêneros textuais, todos relacionados ao tema central, proporcionando uma abordagem contínua e aprofundada sobre o racismo.

Um dos destaques do projeto foi a organização de uma roda de conversa com a autora Verônica Cunha, a partir da leitura e análise do livro “Lina: a menina que insistia em poesia”. Esta obra foi utilizada como esteio para trabalhar poemas e biografias, especialmente com a turma de Correção de Fluxo, a 401. Já as classes 801 e 802 exploraram poemas que abordavam o racismo, empoderamento negro e resiliência. As atividades culminaram na elaboração de frases antirracistas, posteriormente exibidas em murais pela escola.

 

Diálogos e criatividade

A roda de conversa marcou a culminância do projeto, onde os alunos, divididos em comissões, assumiram a organização do evento. Além de dialogar com a autora sobre temas como racismo e antirracismo, os estudantes apresentaram suas produções e seus potenciais artísticos e criativos, como a “caixa maluca” – uma representação inspirada no livro de Verônica Cunha, confeccionada pela turma de Correção de Fluxo.

O evento foi um sucesso, evidenciando o impacto do projeto na vida escolar dos educandos. A docente Adriana Maria destacou que os estudantes não apenas desenvolveram habilidades cognitivas e comportamentais, mas também aprofundaram seus conhecimentos sobre a identidade cultural afro-ameríndia e a importância do combate ao racismo.

 

Educação transformadora

A participação ativa dos alunos na organização e execução do evento demonstrou o engajamento e a transformação proporcionada pelo projeto. A autora Verônica Cunha, emocionada, elogiou a iniciativa e a dedicação dos alunos, deixando registrado que a experiência foi “sensacional”. Na visão da equipe pedagógica e dos envolvidos o projeto não só contribuiu para o desenvolvimento acadêmico dos alunos, mas também fortaleceu sua autoestima e consciência social, elementos essenciais para a formação de cidadãos críticos e antirracistas.

O projeto Não basta ser contra o racismo, é preciso ser antirracista é um exemplo inspirador para outras escolas que desejam implementar práticas pedagógicas voltadas para a valorização da cultura afro-brasileira e o combate ao racismo, segundo enfatizou um dos professores envolvidos na execução do projeto. “Com atividades bem estruturadas e integradas ao currículo, é possível promover uma educação mais inclusiva e transformadora, preparando os alunos para enfrentar os desafios sociais com conhecimento e empatia”, validou professora Adriana Maria.


Por Antônia Figueiredo

CIEP 335 Joaquim de Freitas – Escola E>TEC: Escola de Novas Tecnologias e Oportunidades
Rua Nélio Chambarelli, s/nº – Bairro Jardim São Miguel – Queimados/RJ
CEP: 26311-040
Tels: (21) 99497-4984 / 98075-5360 / 3698-332
E-mail: cieppjf335@gmail.com

Fonte: *Adriana da Silva Maria Pereira é Mestre em Educação Inclusiva pelo Programa de Mestrado Profissional em Educação Inclusiva em Rede Nacional (Profei) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita (Unesp). É graduada em Letras (Universidade Estácio de Sá), Pedagogia (Faculdade Internacional Signorelli) e Ciências Sociais (Universidade Metropolitana de Santos). Desde 2010, ministra aulas de Língua Portuguesa, Literatura e Produção Textual como professora docente I na Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc/RJ) e, a partir de 2014, integra o quadro de professores itinerantes da educação especial na Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de Nova Iguaçu e da equipe de mediadores do Curso de Aperfeiçoamento em Educação Especial e Inclusiva da Fundação Cecierj.


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