Escola inclusiva: abraçando o autismo

Projeto estimula uma cultura de tolerância e respeito às diferenças, além de proporcionar experiências lúdicas para intensificar vínculos familiares e de amizade


Ao discutir o autismo na escola, as crianças e adolescentes têm a oportunidade de aprender sobre as características e necessidades das pessoas com autismo. Isso promove um ambiente inclusivo e ajuda a combater estigmas e preconceitos, promovendo a aceitação da diversidade. Pensando nisso, a educadora, pedagoga e especialista em neuropsicopedagogia, Tânia Cruz, criou o projeto Téo, meu melhor amigo. O intuito é de trabalhar com o livro de autoria da educadora, que aborda o autismo através de uma linguagem simples e pela visão das crianças e jovens.

Téo, personagem principal do livro, é um menino que tem TEA (Transtorno do Espectro Autista). No livro, ele é apresentado por sua melhor amiga Nina, que narra a grande amizade entre eles. No decorrer da história, o leitor vai conhecer as particularidades do autismo e aprender muito sobre valores, respeito e empatia. A amizade de Téo e Nina mostra que todos nós somos especiais e diferentes, cada um com seu jeitinho de ser.

A ideia do projeto é construir uma cultura de tolerância e respeito às diferenças desde cedo, além de proporcionar experiências lúdicas através de um novo amigo da educação infantil, para intensificar os vínculos de amizade com os seus pares e as relações afetivas familiares. “Também busco oferecer oportunidades de fala e escuta, de expressões emocionais através das crianças. Explorando a literatura infantojuvenil e incentivando a criatividade e a expressão artística através do teatro e do seu roteiro”, explica Tânia.

A docente acredita que com o projeto as crianças sejam capazes de verbalizar os seus sentimentos através de pequenas dinâmicas lúdicas. Além de levar informações importantes referentes ao autismo, através da conscientização e respeito pelo outro. “Atingindo também a comunidade através do tema trabalhado e das atitudes de empatia, amizade e amor, habilidades essenciais para a vida em sociedade”, pontua.

O projeto teve início nas turmas da Educação Infantil da Escola Municipal Reverendo Álvaro Reis. Os alunos contribuíram com a montagem do boneco e, após montarem o kit (boneco, livro de história, sacolinha e caderno de registro para o portfólio), iniciaram as visitas nas casas das crianças. Os responsáveis tiraram fotos dos momentos durante a visita e registraram, através de um pequeno texto, como tudo ocorreu. As crianças também contribuíram com os desenhos dos momentos de que mais gostaram, além de ouvirem a história antes de dormir.

Objetivando alcançar um público maior do Ensino Fundamental, foi proposta ao 3º ano a possibilidade de fazer um teatro com o conteúdo do livro “Téo, meu melhor amigo”. Como a narrativa foi criada e baseada na vivência escolar, seria mais significativo e emocionante ver os alunos contando e encenando a história. “Foram quatro apresentações para as turmas da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental e uma apresentação para o sarau de música do Clube Escolar Engenho, que tem parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro e é organizado pelo professor da Rede, Gabriel Otoni”, explica a idealizadora do projeto.

A professora da Educação Infantil Mariléa Pereira destaca que o projeto proporcionou uma vivência enriquecedora para as crianças e os familiares, onde a convivência com um amigo com TEA se tornou uma jornada de compreensão e respeito às diferenças. “Durante essa experiência, observou-se um aprofundamento no entendimento sobre o TEA, cultivando a conscientização e fomentando a inclusão. A amizade floresceu, mostrando que, por meio do respeito mútuo, podemos construir pontes para uma sociedade mais inclusiva e compassiva”, pontua.

Já a mãe da aluna Manuela da Costa afirma que a representação física do personagem despertou o interesse pelo assunto abordado, permitindo o entendimento da questão de maneira mais leve e lúdica. “Na brincadeira a Manu entendeu conceitos como TEA e descobriu que o seu melhor amigo pode ser diferente de você e tudo bem.
Trazer o boneco para casa deu a ela a responsabilidade do cuidado, de cumprir o combinado, de levar e fazer com ele coisas de sua rotina. É uma tarefa afetiva e que envolve a família, pois a criança sente a motivação de passear ou fazer suas coisas preferidas com o novo amigo”, explica.

A diretora Ana Cristina Corrêa relata que sempre houve alunos especiais na escola e que, para garantir o melhor para essas crianças, sempre foram buscados conhecimento, aprendizado e investimento na aquisição de materiais que tornassem a Educação Inclusiva viável. “Nossa unidade escolar era conhecida como acolhedora e hoje é vista como acolhedora e inclusiva. Termos e palavras como TEA, autismo, necessidade especial, já fazem parte do dia a dia de toda a comunidade escolar. Tudo isso sem constrangimento, mas sim com amor e empatia”, finaliza.


Por Jéssica Almeida

Escola Municipal Reverendo Álvaro Reis
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Fotos cedidas pela professora


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