Mais um pouco de concordância

Por Sandro Gomes*


orações subordinadas

Os casos de concordância estão entre aqueles que mais são apontados pelas pessoas como de difícil entendimento em língua portuguesa. Porém, alguns estudos podem ser praticados para diminuir as dúvidas. Sem dúvida, é possível reduzir a dificuldade nessa questão. De início vamos abordar as situações envolvendo nomes.

– É necessário / É proibido / É preciso

É necessária a sua presença no evento (presença, um substantivo feminino, é o sujeito. Necessária é o adjetivo que deve concordar em gênero e número com ele). Agora observe:

Vitamina é necessário para o corpo.

Estamos falando de vitaminas de um modo geral e não de uma em particular. Assim, apesar de se tratar de um substantivo feminino, essa circunstância faz com que a concordância se dê com o masculino. Repare que é como se houvesse uma palavra subentendida na oração:

Vitamina é (algo) necessário para o corpo.

Seguindo essa mesma lógica, veja outros exemplos.

(Consumir) Bebida é proibido aqui.

As fotos são proibidas no museu.

É preciso (ter) cautela nesse caminho.

Suas informações são precisas.

– O uso do mesmo

As mesmas pessoas estiveram presentes.

Aqui mesmo é sinônimo de próprio, ou seja, um adjetivo. Por isso a concordância em número e gênero. Agora Veja.

As pessoas mesmo não deixaram de ir.

Nesse caso, mesmo tem o sentido de “de fato”, um advérbio, que como todos dessa classe é invariável em gênero, número ou grau.

A mesma lógica pode ser aplicada no caso de termos como anexo e incluso. Observe.

Os documentos estão anexos (adjetivo) ao dossiê.

Anexo (advérbio de modo) envio as cartas.

Duas frutas inclusas (adjetivo) no pacote foram encontradas.

Mandarei incluso (advérbio de modo) o relatório.

– Uso de termos que apenas são usados no plural

Perdi meus óculos na festa.

Aquele óculos foi roubado.

Apesar de usada cotidianamente, a segunda oração não é indicada, pois, mesmo se tratando de um único objeto (no caso, os óculos), ele deve ser entendido como um termo no plural e seguir assim as normas de concordância. Desse modo, o correto seria

Aqueles óculos foram roubados.

Deve-se empregar o mesmo raciocínio em outros casos semelhantes. Veja os exemplos.

Sujei minhas calças (e não “minha calça’).

Ela tem belos olhos negros (e não “belo olho negro”).

Amigos, é isso. Creio que pelo que foi trazido já dá pra ter uma ideia de como funciona a concordância entre nomes. Procure sempre praticar um olhar crítico sobre os textos que escreve ou lê para entender casos como os acima exemplificados. Até a próxima, pessoal!


*Sandro Gomes é graduado em língua portuguesa, literaturas brasileira, portuguesa e africana de língua portuguesa, redator e revisor da Revista Appai Educar, escritor e Mestre em Literatura Brasileira pela Uerj. 


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