Através de um projeto cênico pedagógico, estudantes têm a oportunidade de aprender de forma divertida, superando as limitações do ensino tradicional

A escola e o teatro são ambientes coletivos e de muita diversidade, o que torna o processo de aprendizagem mais interessante e vivo, promovendo o diálogo entre os saberes e estimulando o corpo discente a ser o agente principal dessa criação. Além disso, o teatro possibilita reinventar o espaço escolar e romper rituais de ensino, que em alguns momentos perdem o sentido. Pensando nisso, a professora Nanda Alves desenvolve um projeto cênico pedagógico cujo objetivo é fazer do teatro uma ferramenta encantadora e eficiente.

Com mais de 13 anos de existência, o projeto consiste em montar espetáculos teatrais com alunos de várias turmas e com leituras interpretativas diversas, de acordo com o olhar de cada disciplina ao abordar o projeto. Nanda é professora de filosofia e pensa na oportunidade de praticar interdisciplinaridade, promovendo o diálogo entre teatro, literatura e filosofia. “Como especialista em artes cênicas faço do palco o meu quadro e giz. E a partir dessa perspectiva e ação, desenvolvo montagens cênicas de obras clássicas da literatura brasileira, buscando sempre um elo para que aconteça o diálogo interdisciplinar”, explica.

Através do projeto, a educadora espera o desenvolvimento da leitura crítica a partir de oficinas que antecedem a montagem cênica e que os alunos despertem a consciência sobre a sua fisicalidade e oralidade. “E que o corpo discente conquiste uma amplitude na sua forma de ler e interpretar uma obra da literatura brasileira e que desperte para uma compreensão de conceitos filosóficos na obra abordada. É uma oportunidade de compreender o teatro como um espaço de diversas possibilidades de trabalho, desde o projeto de iluminação e som até a direção da cena”, pontua Nanda.

A ideia do projeto é que todas as disciplinas possam contribuir trazendo uma abordagem sobre o texto e sua a época, a condição social das personagens, a compreensão física de como o som se propaga no espaço, o corpo e suas possibilidades, por exemplo. E que todas as séries tenham a oportunidade de participar ativamente no projeto. Contudo, o foco principal da atuação teatral é nas turmas de terceiro ano do Ensino Médio. “Cada membro da comunidade escolar é incentivado a contribuir com as suas apreciações e a desenvolver textos analíticos. Além disso, é criado um mural que explora aspectos da obra em destaque no ano, como a autora e a obra selecionada. Essa abordagem permite uma experiência rica e inclusiva para todos os envolvidos no projeto cênico pedagógico”, afirma a docente.

Em 2023, foi desenvolvido um projeto centrado na autora Clarice Lispector e seu livro “A Hora da Estrela”. As atividades abrangeram desde a seleção da obra até a culminância, incluindo a leitura do texto, a criação de um roteiro adaptado, a escolha do elenco e equipe técnica, além dos ensaios, elaboração de cenário, figurinos e sonoplastia. O ápice do projeto foi marcado por uma série de apresentações ao longo de todo o mês de outubro no teatro do Ciep 244 Oswaldo Aranha.

A aluna da terceira série do Ensino Médio Jeniffer Paixão conta que fazer parte dessa experiência foi incrível. “Através desse trabalho conheci pessoas maravilhosas e me vi em uma posição em que nunca me imaginaria, em cima de um palco atuando. É claro que nem tudo são rosas, fazer parte disso é um desafio, mas que vale muito a pena! A marca que esse teatro deixou em mim nunca vai embora, vou levar para sempre tudo o que aprendi durante esse ano com a professora Fernanda e com os meus amigos de elenco. Sou muito grata por poder fazer parte disso tudo”, elogia.

Laura Beatriz, estudante da segunda série, também foi só elogios em relação ao projeto. “Para mim o teatro e a professora Fernanda marcaram a minha vida, sempre achei todas as formas de arte lindas, principalmente o teatro, e a professora me deu essa oportunidade de viver esse momento. Várias vezes tive vontade de sair porque achava que não era capaz e que não ia conseguir, mas ela depositou toda a sua confiança em mim e me mostrou que eu sou capaz de tudo e mais um pouco. Através do teatro a Fernanda trouxe para fora tudo de melhor em mim. A partir do momento em que passo pela porta do teatro me torno outra, esqueço totalmente aquela Laura fechada, sem expressão. Essa montagem e minha personagem nunca serão esquecidas por mim”, finaliza.

Por Jéssica Almeida

Ciep 244 Oswaldo Aranha
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Fotos cedidas pela professora