Colocando em pratos limpos
Por Sandro Gomes*
Nessa edição vamos abordar alguns usos em língua portuguesa, que são objeto de dúvidas tanto na hora de falar quanto de escrever. Assim, resolvemos começar o ano de 2024 ajudando você a não ter dúvida no momento de se expressar. Vamos lá?
Não são separadas…
Algumas palavras muito comumente são escritas de forma equivocada, o que não só constitui um uso pouco indicado, como também pode levar a confusão por se referir algumas vezes a termos diferentes daqueles a que se pretendia.
A gente ou agente?
Esse termo, que faz a vez de pronome pessoal (substituindo o nós), muitas vezes é escrito junto (agente). Mas agente é qualquer um que faz uma ação, logo é um substantivo e jamais um pronome. Então não escreva algo como:
Agente precisa (nós precisamos) sonhar.
Mas sim:
A gente precisa sonhar.
De repente ou derrepente?
Outro caso de deslize na escrita bastante comum. No chamado português brasileiro (porque, por exemplo, em Portugal é uma forma aceita), escrevemos de repente. Assim
Resolvemos sair de repente.
E jamais:
Resolvemos sair derrepente.
Com certeza ou concerteza?
Você acertou se acha que se escreve separado, mas há quem pense que a junção da preposição com e o substantivo certeza é aceita na norma padrão do nosso idioma. Então, não pense duas vezes. Na hora de escrever:
Faça o trajeto com certeza.
E não:
Faça o trajeto concerteza.
Passando a limpo algumas expressões
Marcha a ré?
Muitas pessoas nem sabem que tem a preposição a nessa expressão. À re constitui um advérbio de modo ou de direção, com significado de para trás, ou seja, “marcha que conduz para trás”. Dessa forma, evite marcha ré, pois ré não é o nome dado à marcha.
Óculos
Algumas pessoas empregam esse conhecido objeto no singular, quando na verdade trata-se de um substantivo que só é usado no plural. Consequentemente isso deve se refletir na concordância nominal e verbal. Assim, nunca fale ou escreva
Meu óculos precisa de reparo.
Mas sim
Meus óculos precisam de reparo.
Daqui a pouco ou daqui há pouco?
Provavelmente por conta da analogia com a expressão há pouco algumas pessoas acham que em daqui a pouco também se emprega o há (do verbo haver). Desse modo, se for o caso escreva uma frase como
Daqui a pouco entro em reunião.
E nunca
Daqui há pouco entro em reunião.
Amigos, esses foram alguns usos que causam dúvidas em muitos falantes e escreventes em língua portuguesa. Certamente há outros, que nós vamos trazendo aqui na coluna ao longo desse ano de 2024, que esperamos seja de muito proveito para todos. Até a próxima, pessoal.
*Sandro Gomes é graduado em língua portuguesa, literaturas brasileira, portuguesa e africana de língua portuguesa, redator e revisor da Revista Appai Educar, escritor e Mestre em Literatura Brasileira pela Uerj.
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