Anarriê do conhecimento
Através das expressões culturais das regiões do Brasil, alunos ampliam seus saberes e os materializam por meio da dança
Conhecido como um dos países mais ricos em sua diversidade cultural, o Brasil possui uma história muita particular desenhada pelos povos de suas cinco regiões. Essa multiplicidade está presente em todos os entornos sociais, indo desde a língua falada em cada lugar, passando pela comida típica, trajes, costumes, até os muitos ritmos e danças. Para mostrar e vivenciar um pouco mais desse sortimento, alunos e professores do EBM – Educandário Baptista Moraes, localizado em Ramos, zona da Leopoldina Carioca, realizaram o projeto Significado das Danças.
De acordo com a Diretoria Nizia Helena Barbosa Paiva, o objetivo do projeto foi de forma interdisciplinar levar os alunos a conhecer, através das pesquisas e do engajamento, os variados ritmos das danças folclóricas das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste.
Alternando momentos de teoria e prática, as turmas da Educação Infantil e dos ensinos fundamentais I e II, sob a coordenação da equipe pedagógica Regina Curopos e Roselaine Soares, em uma primeira fase realizaram atividades de estudo e análise de dados. Em seguida, já conhecendo um pouco mais da identidade cultural das regiões, os estudantes partiram para os ensaios, onde os alunos da Educação Infantil e os alunos do Fundamental I ensairam com suas professoras de turma e a coordenadora Regina Curopos. Os alunos do Fundamental II, ensairam durante as aulas de Educação Física, sob a orientação das professoras Carla Pires e da professora de eventos Aline Barbosa Paiva.
Para abrir o evento, que aconteceu na quadra da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, as crianças do Pré-II mostraram que gente miúda também tem muito gingado e conhecimento. Em grande estilo, ao som de “Menina bonita do laço de fita”. A professora Elioneide de Vasconcelos com sua grande saia rodada, cercada por seus alunos, retratou a riqueza da diversidade cultural brasileira.
Em seguida, ao som da música “Tic-Tic-Tac”, caracterizados pelos dois personagens centrais da festa popular de Parintins – o Boi Caprichoso de cor azul e o Boi Garantido de vermelho –, a turminha do 1º ano da professora Andressa Cristina, levou a comunidade escolar e os familiares a um passeio pelas belezas naturais e culturais da região Norte, com a apresentação dessa dança folclórica, cujo ponto alto é a disputa entre os dois tradicionais bois.
Responsáveis pela apresentação do “Xaxado”, as crianças da 2ª série da professora Iamonã Baptista embalaram os passos da atenta plateia, ao som do clássico “Mulher rendeira”. No palco, “Lampiões” com seus chapéus enfeitados e “Marias Bonitas” com seus lenços bordados mostraram suas glórias das grandes batalhas, ornados de um toque de pura beleza e encantamento, refinado pelos figurinos criados nas aulas de Educação Artística.
Com uma sonoridade de origem indígena, permeado por um viés da cultura africana e elementos de Portugal, o ritmo acelerado do Carimbó, com suas batidas fortes e envolventes, marcou presença com o 3º ano da professora Vanice Gonçalves. Envolvido pelo som da música “Pra dançar carimbo”, os alunos em duplas ditavam a alegria do ritmo. Enquanto os meninos marcavam a batida com pisadas fortes no chão, as meninas giravam suas saias estampadas em volta deles demostrando toda a graciosidade da dança típica da região Norte, originada em Belém do Pará.
Já o 3º ano da professora Elaine Duarte homenageou a região Centro-Oeste, com a dança folclórica “Siriri”, relembrando as brincadeiras indígenas de forma lúdica e descontraída, ao som da música que leva o mesmo nome da dança.
Em grande estilo sulista, as crianças do 4º ano da manhã da professora Karina Vasconcelos reverenciaram a árvore enaltecendo ainda mais a festa. Com um grande mastro enfeitado de longas fitas multicoloridas presas ao seu topo, meninos e meninas faziam uma grande roda com movimentos em ziguezague, trançando e destrançando as fitas, nas batidas da música “Baile no meu rincão”.
Ainda na região Sul, a música “Balainha” entoou os passos da turma da professora Marize Valerias mesma série, só que do turno da tarde. A presença dos arcos floridos foi a introdução para a apresentação da “Dança da Bailarina”, típica manifestação da região, com origem europeia, trazida para o Brasil pelos portugueses. Através da simbologia dos arcos, que remete à beleza das flores e à fertilidade dos bons frutos, os alunos davam as boas-vindas à nova florada de esperança e integração.
Um dos pontos altos da culminância foi a apresentação rítmica dos estudantes do quinto ano, dançando frevo. Durante o número, os alunos deram um show à parte demonstrando conhecimento, técnica e equilíbrio com suas sombrinhas abertas enquanto dançavam com suas roupas, tudo muito colorido. Ao final, familiares e a comunidade escolar aplaudiram de pé os pequenos malabaristas do ritmo pernambucano, ao som eletrizante de “Banho de cheiro”.
Familiarizados com o estilo, o 6º ano homenageou região Sudeste com muito samba no pé. Ao som do enredo liberdade, “iberdades abre as assas sobre nos” da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, os alunos sambaram e reviveram um dos clássicos da tradicional agremiação, com direito a coreografias das passistas, mestre-sala e porta-bandeira ensaiados pela professora de eventos Aline Barbosa Paiva e a professora Carla Pires.
Em alta, aproveitando as aparições da personagem Ritinha, da novela das 21 horas, o Carimbó, dança de origem indígena, também foi o tema escolhido pela turma do 8º ano. Cumprindo à risca o figurino, as meninas dançaram com suas saias longas floridas e adornadas por suas pulseiras, colares e enfeites no cabelo. Já os meninos desfilavam suas calças brancas (estilo bermuda) com a bainha dobrada e blusa florida e os pés descalços. Além da graciosidade e do gingado do ritmo, a turma dividiu com a plateia parte da cultura da rica região Norte, mais precisamente do Pará.
Para fechar o evento, o 9º ano preparou uma apresentação bastante eclética, misturando sons e ritmos. Com muita alegria e irreverência, os alunos fizeram um convite para que todos os familiares se juntassem a eles, numa demonstração de integração e continuidade entre a família e a escola. Uma grande quadrilha junina formou-se no centro da quadra levando alegria e reafirmando a força da união entre pais, alunos e professores dentro e fora da sala de aula. Para a Diretoria Nizia Helena Barbosa Paiva, “A experiência vivenciada pela comunidade escolar valorizou, sobretudo, o respeito pela pluralidade cultural regional do país e do cidadão”, finalizou, com a certeza do dever cumprido.
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