América, Europa, África e Ásia na minha sala
Alunos mostram especificidades sobre países de diversos continentes
Aguçar a curiosidade levando os alunos a pesquisarem sobre variados aspectos da rica diversidade cultural de vários países foi um dos objetivos que fundamentaram a quarta edição da Feira Integrada do Centro Educacional Luciete Manhães, no município de São Gonçalo, que envolveu todas as turmas do segundo segmento dos ensinos Fundamental e Médio.
Cada país – Brasil, África do Sul, Alemanha, França, Itália, Espanha, Portugal, Arábia Saudita, Cuba, Estados Unidos e Japão – foi representado por turmas que tiveram de desenvolver pesquisas abordando a língua oficial e variedades, como área geográfica, arte e artesanato, fatos históricos, músicas e dança, economia e moeda, gastronomia, plantas medicinais e biomas, bandeira e monumentos famosos.
Entre uma apresentação de dança tradicional com a equipe caracterizada, os alunos demonstravam os resultados de suas pesquisas nos estandes decorados com maquetes e cartazes alusivos a alguns dos critérios estabelecidos no projeto pedagógico.
De acordo com a diretora-geral Luciete Cristina, além da questão da pesquisa, os jovens foram incentivados a trabalhar em equipe, de forma organizada, ocupacional e evolutiva, interagindo com as culturas desses países. “As turmas receberam orientação de professores, mas os alunos tiveram autonomia para definir seu plano de trabalho e de ação, sempre na perspectiva de uma atividade em grupo, em que a parceria, a troca, a corresponsabilidade são fundamentais”.
Autonomia implica tomada de decisões que muitas vezes dependem da força de vontade de uma liderança que desponta na hora da necessidade. Foi o que ocorreu com a equipe da turma 901, que estudou a Arábia Saudita. Vendo que a equipe da Revista Educar ainda se ocupava da cobertura das várias apresentações de danças típicas e entrevista com colegas e professores no ginásio, a aluna Isabelly aproveitou a oportunidade e convidou a repórter para conhecer a produção intelectual de sua turma.
O convite foi aceito e, de fato, valeu a pena. O que se viu foi um rico ambiente tanto em seus conteúdos como na produção. Em uma das salas, as jovens Raíssa e Carol mostraram na prática os conceitos trabalhados pela escola ao longo dos anos, que se resumiam numa palavra: autonomia. Elas perceberam que poderiam não ser vistas e foram brigar para dar visibilidade a sua produção coletiva. De acordo com Isabelly, a pesquisa mostrou um universo cultural e político muito rico e complexo, como foi o caso da construção das maquetes representativas de monumentos históricos – Pedra Negra de Meca e Jeddah –, onde cada um dos protótipos foi refeito pelo menos umas quatro vezes.
Outras construções que chamavam a atenção eram relacionados com o estande do Japão. O professor de Matemática Mauro César, vestido a caráter com seu quimono de artes marciais, ressaltava as curiosidades tecnológicas apresentadas pelos alunos, como a poltrona de carro que reconhece o dono do veículo, a roupa com ar-condicionado ou o guarda-chuva com internet. A robótica foi representada pelos protótipos de robôs, satélites e helicópteros e, ao lado disso, uma casa tradicional de madeira.
Segundo o professor José Francisco, coordenador da equipe da Alemanha, foram promovidos muitos debates envolvendo temas como os horrores do Holocausto promovido pelos nazistas, o começo da unificação alemã e a reabertura do Portão de Brandemburgo – bloqueado por quase 30 anos – poucos meses antes da queda do muro de Berlim. “Um dos embates mais mobilizadores foi sobre o antagonismo entre o capitalismo e o socialismo, dois sistemas político-econômicos absolutamente distintos”, salientou o professor, animado com o rendimento e interesse dos alunos.
De fato, animação, matéria na ponta da língua, criatividade e muito charme foi o que não faltou nas apresentações das equipes: da dança do ventre ao tango, do hip-hop à capoeira. Por sinal, conforme a diretora Luciete Cristina, em breve, os sons do berimbau e os comandos dados por professores da Associação de Capoeira Ginga Gonçalense, sob a coordenação do Mestre Brawn, serão incluídos na grade de oficinas oferecidas pela escola. E tem tudo a ver, pois a arte desenvolvida pelos africanos no Brasil foi reconhecida pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade. Além disso, a própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação já inclui a valorização dos saberes e fazeres das culturas tradicionais no conteúdo curricular da educação básica.
Pedra Negra – Dentro da Mesquita Sagrada (Al-Masjid al-Ḥarām), na cidade de Meca, encontra-se a Caaba (Al-Kaʿbah), construção cubicular onde se localiza (presa do lado de fora) a Pedra Negra (Al-Hajar al-Aswad), que é uma relíquia muçulmana. Segundo a tradição islâmica, a pedra se remonta aos tempos de Adão e Eva.
Jeddah – Está localizado na costa central do Mar Vermelho. Cidade que convive com as tradições e a tecnologia.
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