A orla dos consagrados
Você sabia que no calçadão das praias cariocas há uma explosão literária?
Personalidades brasileiras, intelectuais que foram importantes na vida do Rio de Janeiro, continuam presentes no cenário carioca, mas agora na orla entre a Pedra do Leme e o Mirante do Leblon. Estátuas de bronze, em tamanho real e sem pedestal, foram construídas em pontos específicos de modo que o visitante possa registrar o momento fotograficamente, apreciando a paisagem.
No total são sete atrações distribuídas em quase 9 km, num circuito carregado de histórias que mudaram a forma dos brasileiros sentirem suas emoções e se expressarem no dia a dia. Passeando pelo famoso calçadão em pedra portuguesa (criado nos anos 1970 pelo paisagista Burle Marx), o professor que oportunizar ao aluno a realização deste passeio promoverá uma apreciação da literatura viva.
Conheça os pontos:
1. Clarice Lispector | Trata-se da primeira estátua de bronze de uma artista mulher no Rio de Janeiro, inaugurada em 14 de maio de 2016. A escritora foi esculpida ao lado do cachorro Ulisses, pelo artista Edgar Duvivier. O Leme foi o local escolhido, pois Ela viveu nesse bairro durante doze anos. A atração está instalada na mureta da Pedra do Leme, próximo ao posto 1.
– Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas, com certeza, não serei a mesma para sempre.
2. Ary Barroso | Caminhando 400 metros a partir da Pedra do Leme, na Avenida Atlântica 456, encontra-se a estátua deste compositor brasileiro de música popular, que ficou famoso pelos seus sambas e especialmente pela música “Aquarela do Brasil”. Criado em 2002, o monumento foi uma solicitação dos moradores do bairro para homenageá-lo, já que passou seus últimos 40 anos no local.
– Brasil, meu Brasil Brasileiro. Meu mulato inzoneiro. Vou cantar-te nos meus versos.
3. Carlos Drummond de Andrade | Considerado por muitos o mais influente poeta brasileiro do século XX, sem dúvida alguma é a estátua de bronze mais famosa do Rio de Janeiro. Sentado num banco do posto 6 de Copacabana, é um convite a todos que passam para posar ao seu lado. Inaugurada em 30 de outubro de 2002, a obra é do mineiro Leo Santana.
– E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José?
4. Dorival Caymmi | Seguindo adiante pelo calçadão de Copacabana, logo a uns poucos metros depois da estátua de Drummond, encontra-se a estátua de Dorival. Carregando o seu violão, o músico saúda quem passa. Compositor de várias canções de grande sucesso popular, o baiano cantou como ninguém as belezas da Bahia e do mar. Por muitos anos morou em Copacabana e foi homenageado em dezembro de 2008.
– O que é que a baiana tem? Pulseira de ouro tem (tem). E tem saia engomada tem (tem). Tem sandália enfeitada tem (tem). E tem graça como ninguém…!
5. Millôr Fernandes | Inaugurada em 27 de maio de 2013, a homenagem ao desenhista, humorista, dramaturgo, escritor, poeta, tradutor e jornalista brasileiro é o único monumento que não é de bronze. A escultura é formada por um banco confeccionado em aço com uma imagem vazada representando a silhueta de Millôr. Instalada no Largo do Millôr, ponto entre a Praia do Diabo e a Pedra do Arpoador, o monumento traduz o prazer que o cartunista tinha em apreciar o pôr do sol visto por aquele ângulo.
– Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem.
6. Tom Jobim | A escultura retrata Tom Jobim jovem, nos anos 1960, carregando um violão nos ombros. Feita pelas mãos da escultora Christina Motta, autora também da estátua de Brigitte Bardot em Búzios, foi inaugurada em 8 de dezembro de 2014. Localizada no calçadão de Ipanema, a homenagem foi feita para comemorar os 20 anos de saudade do artista que cantou a cidade e principalmente Ipanema para o mundo, imortalizado com a canção Garota de Ipanema considerada o hino da Bossa Nova.
– Olha que coisa mais linda mais cheia de graça. É ela, menina, que vem e que passa. Num doce balanço a caminho do mar.
7. Zózimo Barrozo do Amaral | Jornalista e colunista político e social, trabalhou no Jornal do Brasil e chegou a ter a sua própria coluna no jornal O Globo. Fez história no jornalismo brasileiro com suas notas diárias cheias de humor sutil e elegância. A escultura, que foi inaugurada em 25 de novembro de 2001 pelo artista plástico Roberto Sá, está localizada no final da praia do Leblon, no Posto 12, quase na subida da Avenida Niemayer.
– O real está precisando urgentemente de um exame de DNA.
Professor, para que a aula literária na orla carioca fique mais interessante, peça aos seus alunos que previamente pesquisem sobre as obras dessas personalidades, para que no dia da visita levem e recitem os pensamentos reflexivos desses grandes formadores de opinião.
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