Dança, ritmo, movimento, cooperação e integração na Educação Infantil

Por Marta Pires Relvas


A dança na educação infantil vem associada a estilos que exigem uma técnica com cuidados corporais com movimentos codificados, já que nessa fase de desenvolvimento o corpo da criança necessita de um padrão técnico correto de postura, coordenação motora fina e aprendizagem global sensorial e perceptiva.

 

Tem como objetivo desenvolver os aspectos

1. Aprendizagem,
2. Interesse,
3. Socialização,
4. Comunicação,
5. Autonomia,
6. Cooperação.

Importante destacar: cada criança tem o seu ritmo de aprendizagem para essa atividade artística diferenciado. Um alerta para os educadores: evite cobranças excessivas, faça do momento e do processo da dança uma relação mediada pelo afeto, atenção, pois a autoestima é fundamental para o equilíbrio emocional da criança.

A dança pode desenvolver competências fundamentais no entendimento de como o corpo humano é constituído organicamente, além de reconhecer os limites tanto físicos como psicológicos que precisam ser vencidos, além de promover a educação cooperativa entre os pares e o grupo.

 

Aspectos importantes que a dança deve promover na Educação Infantil

A multiplicidade de funções e manifestações do ato motor, propiciando um amplo desenvolvimento de aspectos específicos da motricidade das crianças, abrangendo uma reflexão acerca das posturas corporais implicadas nas atividades cotidianas.

 

Benefícios

Ampliar as possibilidades expressivas do próprio movimento, utilizando gestos diversos e o ritmo corporal.

Explorar diferentes qualidades e dinâmicas do movimento, como força, velocidade, resistência e flexibilidade, conhecendo gradativamente os limites e as potencialidades de seu corpo.

Utilizar os movimentos de preensão, encaixe, lançamento etc., para ampliar suas possibilidades físicas.

Apropriar-se progressivamente da imagem global de seu corpo, conhecendo e identificando seus segmentos e elementos, além de desenvolver cada vez mais uma atitude de interesse e cuidado com o próprio corpo.

Promover atividade com ou sem som, identificando timbre, intensidade, frequência, relacionando com as partes do corpo.

Apresentar atividades de mímicas e imitação de animais e/ou objetos versus a imagem corporal, exercitando através dos aspectos sensoriais – olfato, visão, audição, tato, paladar.

Dançar é a melhor atividade para incrementar as capacidades físicas e mentais do ser humano, pois melhora a atenção, a concentração, a autoestima, diminui as calorias dos alimentos ingeridos nas refeições, aproxima pessoas e consolida relacionamentos. Por isso, a melhor receita para uma vida saudável é dançar, e essa começa na infância.

 

Atividades que professores poderão promover na sala de aula potencializando o cérebro da criança no desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo – emocional – na Educação Infantil

1 – Dinâmica da cooperação – dança, ritmo, movimento, cooperação e integração.
Primeiro passo: solicitar à turma que se organize em círculo e que coloque cadeiras no meio da sala – a quantidade de cadeiras deverá corresponder ao quantitativo do número de crianças.
Segundo passo: escolher uma música conhecida pelas crianças. A dinâmica é como a da dança da cadeira tradicional, só que os participantes não saem, o que sai são as cadeiras. Ninguém poderá ficar em pé. Pode sentar no colo, deitar, tem que dar um jeito de não ficar em pé.
Passo final: o jogo termina quando estiver somente uma cadeira e todos os participantes estiverem sentados.

2 – Dinâmica da expressão facial – Mímica dos animais: atividade que promove a relação afetiva, motora, cognitiva e memória 
Primeiro passo: formam-se grupos. Cada um deles envia um representante ao professor. Este indica aos representantes um tipo de animal, de acordo com aquilo que se tenha deliberado previamente, para ser representado através da mímica.
Segundo passo: uma vez informado o tema, os representantes seguem ao mesmo tempo para junto de suas respectivas equipes, tentando fazê-las entender, através da mímica, o assunto combinado com o animador (animais).
Passo final: a brincadeira continua até que o último se fizer entender através da mímica.

3 – Dinâmica da escuta emocional, trabalhando as lateralidades espaciais, motoras, o afeto, as emoções, o ritmo e a cognição para tomada de decisão.
Primeiro passo: todos em pé em um círculo para cada participante. O professor em um círculo no centro e os participantes em volta, cada um nos seus círculos.
Segundo passo: o grupo pergunta ao professor: Como você está? Ele responde: – Tô bem! E bate uma palma (o grupo se desloca para o lado direito), ou seja, ocupa o espaço da sala do lado direito. O grupo pergunta: Professor, como você está? Ele responde: – Estou mal! E bate duas palmas (todos se deslocam para o lado esquerdo) ocupando o espaço do lado esquerdo. O grupo pergunta novamente: Como você está? O professor responde: – mais ou menos! (todos terão que trocar de lugar aleatoriamente, não podendo ficar nos espaços ao lado). O professor ocupará um dos lugares desocupados. Quem sobrar ficará no centro do círculo no lugar do professor.
Passo final: ao final da atividade, pedir aos participantes que falem sobre os seus sentimentos no momento da atividade, as dificuldades, superações.

4 – Dinâmica desenhando o corpo: reconhecer as partes do corpo, atividade que promove a construção da imagem corporal, desenvolvimento de habilidades motoras refinadas.
Primeiro passo: o professor divide a turma em duplas e, para cada uma delas, oferece giz de várias cores.
Segundo passo: o professor solicita que cada um dos participantes deitem no chão e peça que o outro faça o contorno do corpo do colega no chão. Após isso, solicita que faça os olhos, nariz, boca, orelhas etc. Depois, inverta as funções entre os participantes.
Passo final: permitir que relatem suas vivências no momento da execução da atividade, trabalhando então semelhanças e diferenças entre eles.

5 – Dinâmica com competições que ensinam a turma a ganhar e a perder. O objetivo é estimular o raciocínio e a concentração, ajudando a compreender regras importantes na escola e na vida. Capacidade de planejamento cognitivo e de coordenação motora, cooperação.

Primeiro passo: as quatro cores
O azul não encosta no azul, o verde não encosta no verde. Com esse jogo, a turma aprende a planejar e a corrigir.
Segundo passo: em uma folha de papel, faça o contorno de uma figura qualquer – um objeto, um animal ou uma forma geométrica. Divida-a aleatoriamente. Para os pequenos de 4 a 6 anos e para os iniciantes de 7 a 10, faça até dez subdivisões para não dificultar muito. Quando sentir que os alunos maiores já dominam a atividade, aumente as subdivisões ou deixe que criem as próprias figuras.
O jogo é individual. Cada aluno recebe quatro ou mais lápis de cores diferentes e a folha com a figura desenhada. Os pequenos podem trabalhar com giz de cera grosso, pintura a dedo e colagem de papéis ou de tecidos. O objetivo é colorir a figura usando as quatro cores sem deixar regiões vizinhas da mesma cor. Áreas limitadas pelo vértice podem ter tonalidades iguais. Se a criança não conseguir completar a figura, dê a ela a oportunidade de repintar algumas áreas.
Passo final: as crianças têm de encontrar uma solução para o desafio.

6 – Dinâmica da dança da laranja – Estimular cooperação, equilíbrio e ritmo.
Primeiro passo: em duplas e sem a ajuda das mãos, os participantes devem dançar  enquanto equilibram uma laranja entre suas cabeças.
Segundo passo: coloque músicas com ritmos diferentes e troque o ritmo em um curto espaço de tempo. Dê ordens que devem ser cumpridas pelas duplas, como: dançar com um pé só, dançar e bater palmas.


* Marta Pires Relvas é bióloga, neurobióloga, psicopedagoga, membro da Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento. Entre os livros lançados estão “Fundamentos biológicos da educação” e “Que cérebro é esse que chegou à escola?”, publicados pela WAK Editora.


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