Assista ao filme “Fugindo da Terra do Nunca” com o Benefício Minha Escolha!
Disponível no Looke, a história convida o público a refletir sobre o significado do crescimento, do controle e da busca por independência
O filme “Fugindo da Terra do Nunca”, disponível no Looke através do Benefício Minha Escolha! da Appai, é uma narrativa poderosa que revisita o clássico universo de Peter Pan com uma abordagem intimista e contemporânea, centrada nas mulheres da família Darling. Diferente da história tradicional de aventura e fantasia, o filme exclusivo da plataforma desafia o espectador a enxergar as nuances sombrias da Terra do Nunca, trazendo à tona temas como controle, liberdade e o amadurecimento forçado. O longa se posiciona como uma reflexão sobre as consequências de viver preso em um mundo de infância eterna, questionando o papel de Peter Pan e o impacto de sua figura sobre as protagonistas femininas.
Na obra original de J. M. Barrie, Peter Pan é simbolicamente associado à liberdade e à recusa de crescer, um arquétipo infantil de resistência à responsabilidade adulta. No entanto, “Fugindo da Terra do Nunca” subverte essa premissa ao reconfigurar o protagonista como uma figura de poder, que, na verdade, aprisiona as personagens femininas no limiar entre infância e maturidade. O filme expande essa noção ao acompanhar quatro gerações de mulheres – da avó à neta – todas afetadas pelas aventuras e desventuras na Terra do Nunca. A narrativa é construída como uma linha do tempo familiar de traumas, em que o sonho de escapar de Peter Pan e do seu mundo imutável transcende gerações.
O destaque do filme reside nas personagens femininas, que carregam a trama e oferecem profundidade psicológica ao longo da narrativa. Cada mulher Darling é retratada em diferentes estágios da vida e com diferentes níveis de resistência ao controle de Peter. A narrativa é habilmente construída ao intercalar essas histórias, explorando o impacto que a Terra do Nunca teve sobre elas.
Wendy, a protagonista central, é a síntese das batalhas vividas pelas gerações anteriores. Ela carrega consigo o peso da tradição familiar e o desejo de libertação. Sua luta é contra uma força opressora que, embora envolta em fantasias e promessas de eterna juventude, a impede de seguir seu caminho. Ao mesmo tempo, a interação com a mãe e a avó revela as feridas emocionais não cicatrizadas, destacando que o aprisionamento de Peter Pan transcende o físico: é um controle emocional e psicológico que reflete questões mais amplas sobre dependência e liberdade.
Além disso, o filme sugere uma leitura feminista ao colocar as mulheres no centro da narrativa, algo muitas vezes ausente nas histórias mais conhecidas de Peter Pan. Elas não são apenas espectadores passivos dos eventos, mas agentes de mudança e resistência. O arco narrativo de Wendy destaca a jornada do autoconhecimento e a busca por romper as correntes que a prendem à imagem de Peter.
Peter Pan: o inimigo da liberdade
O retrato de Peter Pan em “Fugindo da Terra do Nunca” é um dos aspectos mais interessantes do filme. Longe do retrato do menino herói que desafia a ordem do mundo adulto, ele assume um papel quase antagônico. Seu desejo de manter as mulheres da família Darling ao seu lado reflete uma relutância doentia em aceitar o fluxo natural da vida. A imaturidade e o egocentrismo de Peter são revelados como características problemáticas, que fazem dele um símbolo da recusa em aceitar o crescimento como parte essencial da existência humana.
Essa leitura torna-se ainda mais intensa à medida que o filme explora as consequências emocionais desse controle. Ao invés de um vilão tradicional, Peter é retratado como uma força que impede o amadurecimento emocional e espiritual, não apenas das mulheres, mas de todos que entram em seu domínio. A Terra do Nunca, uma metáfora para a estagnação, é um ambiente que se revela cada vez mais tóxico e sufocante.
Estética e direção
Visualmente, o filme utiliza uma paleta de cores sombrias, com tons frios que contrastam com o imaginário lúdico da Terra do Nunca. Isso reflete a transformação do lugar, de um paraíso de diversão para uma prisão emocional. A direção opta por uma abordagem sutil, explorando os conflitos internos das personagens através de olhares e silêncios, mais do que grandes cenas de ação. Esse aspecto intimista reforça a carga dramática da história, aproximando o espectador das emoções das protagonistas.
A escolha de manter a Terra do Nunca como um ambiente visualmente familiar, mas carregado de uma aura de inquietação, é um acerto da direção. O espectador é levado a enxergar aquele mundo por um novo prisma, onde a magia dá lugar à opressão.
Por fim, “Fugindo da Terra do Nunca” é um filme que oferece uma interpretação madura e profunda de um clássico infantil, explorando as sombras do conto original de maneira brilhante. Ao colocar as mulheres da família Darling no centro da narrativa e ao subverter a figura de Peter Pan, o longa desafia o público a repensar as consequências de viver em um mundo onde o crescimento é negado. É um filme sobre a necessidade de evolução, sobre a luta por liberdade e sobre os impactos de tentar escapar do inevitável. Um conto sobre amadurecimento, cura e libertação.
Assista ao trailer
Por Richard Günter