Desintoxicando a linguagem

Por Sandro Gomes*


orações subordinadas

Olá, pessoal! Na matéria dessa edição nós vamos falar dos vícios de linguagem, que são desvios gramaticais que ocorrem por descuido, em alguns casos, ou por desconhecimento de algumas das regras da norma culta da língua. Esses usos podem acontecer em vários níveis, como o fonético, o semântico ou o sintático. Vamos conhecer alguns deles?

 

Solecismo

Ocorre quando se comete algum equívoco na estrutura sintática das orações. Isso pode acontecer no que se refere a regência, concordância ou má estruturação de uma frase. Veja alguns exemplos.

Fazem dois anos que me aposentei. (Faz seria o correto)
Me devolve o telefone! (Devolve-me seria o correto)

 

Pleonasmo vicioso

Esse é um dos mais comuns vícios de linguagem, que consiste na repetição inadequada de uma ideia já presente na oração. Veja.

Saiu fora da casa assim que pôde.

A ideia de “sair” já contém a noção de “estar fora”, logo “sair fora” é uma dessas repetições desnecessárias.

 

Ambiguidade

Nesse caso ocorre uma construção frasal ambígua que prejudica o entendimento do que foi formulado. Observe.

É necessário que você garanta se ela pode ir com o pai.

É pra “ir com o pai” ou garantir com o pai se ela pode ir? Como se vê, as duas compreensões são possíveis, de forma que o enunciado foi redigido de forma ambígua.

 

Cacófato

Outro bem conhecido, que acontece quando, ao se formular um enunciado, se produz uma sonoridade desagradável ou que prejudica a compreensão. Veja os exemplos.

Deus sabe como eu amo ela.
Esse time nunca ganha.

 

Barbarismo

Nesse caso, os equívocos podem ser de ordem fonética, sintática ou morfológica. Acompanhe.

Cacografia: “geito” em vez de jeito.
Silabada: “gratuíto” em vez de gratuito.
Cacoépia: “pobrema” em vez de problema.

 

Plebeísmo

Consiste no uso de termos coloquiais ou de palavras ou expressões informais. Exemplo.

Bora tomar uma?
O cabra não teve medo.

 

Hiato

Esse nome é também usado pra identificar um vício de linguagem que consiste no uso de uma sequência de vogais que acaba soando de maneira desagradável. Observe.

Ou eu ou o outro.
Aí eu a amei.

 

Gerundismo

Esse certamente é um dos mais comuns, por se tratar de uma questão bem atual. Ocorre quando o gerúndio é empregado em lugar de uma forma verbal que seria mais adequada. Observe o exemplo.

Vou estar te ligando assim que tiver notícia. (inadequado)
Ligarei pra você assim que tiver notícia. (recomendado)

Amigos, sobre vícios de linguagem é isso. Vimos alguns casos que são empregados no dia a dia, apesar de nem todos constituírem um “erro”. Vale a pena conhecer a fundo essa questão pra você poder demonstrar bem o quanto você é craque no nosso idioma.

 

Até a próxima, pessoal!


*Sandro Gomes é graduado em língua portuguesa, literaturas brasileira, portuguesa e africana de língua portuguesa, redator e revisor da Revista Appai Educar, escritor e Mestre em Literatura Brasileira pela Uerj. 


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