Projeto discute temas atuais e leva alunos a entender questões mundiais e cotidianas

Pandemia, saúde mental, bullying, inclusão, inteligência artificial, recentes guerras, direitos humanos, entre outras questões que estão nas mídias, nos discursos e rotinas das pessoas. É uma nova ordem mundial que se apresenta. Com objetivo de contextualizar os conteúdos, a equipe pedagógica do Colégio Estadual Padre Anchieta, localizado em Duque de Caxias, desenvolve há mais de dez anos, entre as turmas do 6º ano ao Ensino Médio, um projeto interdisciplinar com temas escolhidos pelas próprias turmas. A proposta mais recente foi batizada de “Atualidades”, explorando temas que vão desde inteligência artificial até a questão indígena.

“O projeto começa e termina no aluno. São eles que escolhem os temas, se organizam em equipe, trabalham durante o semestre e, na apresentação, disseminam as informações entre eles”, relatou o diretor da escola Renan Oliveira. Segundo o professor, a equipe pedagógica acredita que a iniciativa abre espaço para os estudantes se expressarem e aproveitarem suas potencialidades, sempre envolvendo diversos componentes curriculares.

Pesquisa e vivências

O desenvolvimento do projeto deu-se de várias formas. As turmas 802, 2.002 e 2.006 abordaram o autismo e a inclusão por meio de cartazes e jogos com materiais recicláveis. Grupos pesquisaram necessidades especiais e criaram dinâmicas para destacar os desafios enfrentados diariamente, incluindo relatos de alunos autistas sobre preconceito. A professora Elizangela Gonçalves, de Geografia, destacou a importância do tema. “Falamos sobre a inclusão nas escolas, fizemos atividades lúdicas como quebra-cabeças, jogo de dados, damas, tudo voltado para a inclusão do autismo nas escolas”, contou a professora.

As turmas 1.003, 3.001 e 3.003 exploraram ética, cidadania e direitos humanos com o tema da cultura indígena, enquanto a 901 focou na saúde mental, inspirada pelo programa “Encontro” da Rede Globo. A turma 1.002 produziu um jornal abordando temas atuais como TDAH, atividade física e inteligência artificial. O fascismo e seus reflexos contemporâneos foram discutidos pela turma 1.001, enquanto as turmas 2.003 e 3.002 trataram do racismo, apresentando um vídeo com entrevistas de alunos, funcionários e professores.

O falar sobre o projeto, a aluna Maria Gabriella Nicácio, da turma 802, não poupou elogios ao trabalho. “Achei o tema do projeto este ano muito interessante e importante. Minha turma falou sobre autismo. Visitei outros trabalhos que ajudaram a adquirir muitos conhecimentos e entender o mundo”. Todavia, a surpresa pelo maravilhoso resultado do trabalho apresentado não foi somente dos alunos. “A turma 1.001 me surpreendeu”, disse o professor de História Vinicius Rangel, feliz da vida. “Os jovens apresentaram com maestria conteúdos como pandemia e as guerras”, destacou.

A coordenadora pedagógica Rosinete Paiva destacou o crescimento dos estudantes nas apresentações e no trabalho coletivo. “Os alunos não apenas se concentraram em seus grupos, mas também consideraram como a turma poderia se destacar como um todo, tanto nos conteúdos quanto na organização dos espaços”. Já a diretora adjunta Heloisa Cristina elogiou os alunos, notando que todos explicaram com propriedade os temas pesquisados e discutidos. Ela também ressaltou o desenvolvimento de habilidades e competências, como colaboração, resolução de problemas, proatividade, criatividade e melhora na fluência verbal, entre os alunos. “Eles foram brilhantes”! A professora Solange Leiros, da 801, comentou que ficou entusiasmada com as apresentações. “Nossos estudantes tanto do Fundamental quanto do Médio nos surpreenderam com trabalhos de alto nível. Foram apresentados de formas diversas com propriedade e segurança”.

O tema “Inteligência artificial: tecnologia como aliada” despertou grande interesse entre os jovens, como expresso por Jully Dominique, da turma 902, que elogiou o subtítulo escolhido por sua turma. A professora Priscila Pires, de Sociologia, demonstrou-se muito feliz com a realização dos trabalhos pelas turmas 3.001 e 3.003. Eles se dedicaram, leram livros sobre o tema, escolheram estes subtítulos. “Estou realizada com tudo o que vi!”.

O professor Renan notou que o incentivo ao protagonismo dos estudantes na escolha dos temas semestrais tem surtido o efeito no engajamento. “Percebemos temas que eles fizeram questão de discutir e apresentar e que de certa forma os incomoda na vida em sociedade. Com isso, cumprimos o papel social da escola que é ir além dos muros para que possamos melhorar o convívio entre todos nós. Muito orgulho de todos em mais uma ação de sucesso” comemorou o diretor-geral.

Para o corpo docente o objetivo foi alcançado. “A sala organizada, ornamentada, os temas pesquisados, eles estavam por dentro dos seus conteúdos. Cada ano que passa percebemos que esses estudantes conseguem se reinventar. O engajamento acontece porque ele é feito de forma democrática, eles que escolhem o que vão estudar. É motivador ver esses jovens fazendo escolhas. A escola é o lugar certo para debater e entender a sociedade em que vivemos”, finaliza Renan.

Por Claudia Sanches

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