Você usaria um perfume com cheiro da Baía de Guanabara?
Apesar do avanço e dos esforços, a situação da Baía de Guanabara não se encontra num bom momento. Saiba mais.
Apesar dos esforços e avanços na recuperação desse importante bioma, está longe o tempo de podermos sentir naquele espaço a sua fragrância original. Certamente uma das áreas marinhas mais bonitas do mundo, sofre com a ação humana desenfreada. Como restauração ambiental, perfumistas, num amplo trabalho de pesquisa e depuração, chegaram ao odor original.
O aroma característico agora renasce em uma edição limitada e não comercial denominada “Extinto” que tem por objetivo chamar atenção para a necessidade urgente de restauração da região, comprometida pela poluição.
Atualmente, o bioma, a segunda maior baía do Brasil, recebe 98 toneladas de lixo por dia, conforme dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. O projeto olfativo será expandido para áreas ameaçadas em outros continentes, como Calábria (Europa), Ilha de Madagascar (África), Nova Delhi (Índia) e Camberra (Oceania).
Origem olfativa
Para criar a fórmula sem impactar ainda mais a região, perfumistas viajaram até o Recôncavo da Guanabara e captaram, por meio da tecnologia Headspace, amostras das moléculas aromáticas do ambiente. A partir de uma análise cuidadosa, o time de experts conseguiu identificar os odores ainda resistentes e apurar a leitura de seus elementos originais.
O último passo foi a reprodução fiel do cheiro por meio de matérias-primas sintéticas. O processo de desenvolvimento e pesquisa para chegar à fragrância, com notas que expressam o frescor das águas e o verde exuberante das florestas, levou cerca de seis meses. O produto é vegano e composto por 93% de ingredientes de origem natural, rastreáveis, orgânicos e de cadeia circular, além de uma baixa porcentagem de elementos sintéticos.
“Do turismo à conservação de espécies, a Guanabara tem relevância inestimável para o Brasil, com diversas espécies de animais que sofrem com a poluição causada pelo descarte incorreto de resíduos. Também buscamos soluções que possam manter as florestas em pé, regenerar a natureza e aumentar a resiliência para combater os efeitos das mudanças climáticas”, explica André Ferretti, Gerente de Economia da Biodiversidade da Fundação Boticário.
A escolha da Baía de Guanabara para dar o pontapé no projeto mundial se deve aos significativos investimentos realizados nos últimos cinco anos nesse ecossistema emblemático que banha 17 municípios fluminenses.
*Luiz André Ferreira é Professor e Mestre em Projetos Socioambientais.
Obs.: Toda a informação contida no artigo é de responsabilidade do autor.
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