Vamos falar sobre pronomes oblíquos? (Parte II)
Por Sandro Gomes*
Dando continuidade ao tema dos pronomes oblíquos iniciado na edição anterior, vamos relembrar um pouco da abordagem teórica? Pronomes pessoais oblíquos são aqueles que desempenham em uma oração a função de complemento verbal, ou seja, objetos direto ou indireto. Dizemos que são átonos quando não aparecem precedidos de preposição. Além disso, podem se apresentar sob três formas diferentes quanto a seu posicionamento em relação ao verbo. A primeira dessas formas, a próclise, abordamos no número anterior. Agora chegou a vez das outras duas.
Mesóclise
Nesse caso o pronome aparece intercalado no verbo. Praticamente só é usada na linguagem literária, e aplica-se quando o verbo estiver no futuro do presente ou do pretérito do modo indicativo. Veja:
O destino aplicar-te-á pesada pena.
Encontrar-me-iam, se desejassem.
Obs.: Quando a situação exigir a próclise, não pode ocorrer a mesóclise, mesmo nos tempos verbais acima citados. Exemplo:
Tudo se resolverá no tempo certo.
A presença do pronome “tudo” torna necessário o uso da próclise. Desse modo, não caberia uma construção como:
Tudo resolver-se-á no tempo certo.
Ênclise
Trata-se do caso de quando o pronome vem depois do verbo, o que de certa forma corresponde ao percurso básico do verbo em direção a seu complemento. Veja os casos.
– em orações que se iniciem por verbo (na norma culta, como se sabe, não se introduz oração utilizando pronome oblíquo). Observe:
Diga-me se de fato isso ocorreu.
A exceção é se o verbo estiver no futuro:
Me falarás a respeito mais tarde.
– em orações reduzidas de infinitivo e nas de gerúndio:
Convém despir-se dessa amargura.
O pai veio rápido, abraçando-lhe com carinho.
– em orações imperativas afirmativas:
Senhor, permita-me esclarecer o caso.
Amigos, sobre uso de pronomes oblíquos átonos é isso. É claro que, com tantos casos e exemplos, a questão parece complexa. Observar as ocorrências citadas nessa edição e na anterior é um bom treinamento para dominar o assunto. Até a próxima, pessoal!
*Sandro Gomes é graduado em Língua Portuguesa, Literaturas brasileira, portuguesa e africanas de língua portuguesa, redator e revisor da Revista Appai Educar, escritor e Mestre em Literatura Brasileira pela Uerj.
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