Vamos falar sobre vozes?
Por Sandro Gomes*
Nosso assunto dessa edição são as várias flexões em vozes que os verbos podem desempenhar nas orações em língua portuguesa. Como consequência dessa variedade, o sujeito gramatical pode demonstrar uma função ora ativa, ora passiva, como vamos ver a partir de agora.
Na Voz Ativa o sujeito pratica a ação descrita na oração. Veja.
O mestre encerrou a reunião.
Já na Voz Passiva o sujeito é aquele que sofre a ação. Vamos observar com o mesmo exemplo.
A reunião foi encerrada pelo mestre.
Repare que o que tinha sido o sujeito da oração na forma ativa (o mestre) agora é aquele que sofre a ação. Quando passa para a voz passiva, há a mudança de função sintática, de maneira que o sujeito da voz ativa passa a ser classificado como agente da passiva. Do mesmo modo, o objeto da voz ativa passa a ser o sujeito quando na voz passiva. Assim, temos:
O mestre (sujeito) encerrou a reunião (objeto direto).
A reunião (sujeito) foi encerrada pelo mestre (agente da passiva).
Há duas formas de compor a voz passiva, a analítica e a sintética. Vamos observar.
Na Passiva Analítica a frase se organiza a partir da seguinte estrutura:
sujeito + verbo auxiliar + particípio + agente da passiva (pode às vezes não estar presente)
O prato foi servido pelo garçom.
Já na Passiva Sintética a estrutura passa a ser:
verbo transitivo + pronome se + sujeito
Serviu-se o prato.
Observação: O se, nesse caso, funciona como um pronome apassivador, na medida em que é a presença dele que torna possível manter a passividade da frase.
Resumindo, vamos ver a mesma oração sendo empregada nas vozes que vimos até aqui.
Voz ativa: O professor repreendeu o aluno.
Voz passiva analítica: O aluno foi repreendido pelo professor.
Voz passiva sintética: Repreendeu-se o aluno.
Podemos ainda encontrar uma outra voz, a Reflexiva.
Nesse caso o sujeito pratica e ao mesmo tempo sofre a ação, ou seja, é agente e também paciente. Observe.
O rapaz se feriu com o canivete.
Uma variante é a que alguns autores chamam de reflexiva recíproca, que ocorre quando são dois sujeitos, que praticam e sofrem a ação um do outro.
Os pombinhos abraçaram-se apaixonadamente.
Observação: No caso da voz reflexiva, o verbo é acompanhado do se, tornando-se pronominal ou reflexivo.
Amigos, sobre vozes verbais é isso. Até a próxima, pessoal!
*Sandro Gomes é graduado em Língua Portuguesa, Literaturas brasileira, portuguesa e africanas de língua portuguesa, redator e revisor da Revista Appai Educar, escritor e Mestre em Literatura Brasileira pela Uerj.
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