Uma experiência inesquecível no coração da mais bela das cidades

Igrejas, praças, parques ou simplesmente passear pelas ruas consagram o Centro do Rio como um dos maiores cartões-postais do mundo


Quem caminha por ruas e praças do centro do Rio, seduzido pela beleza da paisagem, talvez não perceba o quanto está ali envolvido por história, cultura e arte. Uma das maiores metrópoles do mundo, que combina tradição e modernidade, vida profana ao lado do culto ao sagrado.  É isso que vamos encontrar passeando pelas ruas do ponto mais tradicional da Cidade Maravilhosa.

Iniciamos nossa experiência pela Catedral Metropolitana, que apesar de criada em 1676 a partir de uma bula do papa Inocêncio XI, começou sua trajetória ocupando uma pequena igreja erguida a mando de Salvador de Sá, que foi por duas vezes governador da cidade. Chegou a funcionar também na igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos até a chegada da Família Real, em 1808, quando foi transferida para a Praça XV. Só muito tempo depois, a partir de 1964, começou a ser erguida, em seu traçado único, no ponto onde se encontra atualmente. A beleza do edifício nos seduz tanto, que até esquecemos quantos endereços pelo centro do Rio foram ocupados antes de chegar até ali.

Não muito distante de lá a gente se depara com outra maravilha arquitetônica da cidade, os Arcos da Lapa, uma obra grandiosa do século XVIII, voltada para diminuir os muitos problemas de abastecimento da região. Diante deles, estamos diante de uma bela combinação de passado e presente, afinal trata-se de uma obra considerada por muitos a maior construção arquitetônica do período colonial e que hoje é um símbolo da vida boêmia da cidade, servindo de ponto de reunião para diversas manifestações culturais, presentes em casas de show, projetos culturais e locais de intervenções artísticas. É difícil deixar de apreciar a beleza do antigo aqueduto, com os bondes que o utilizam como caminho e a vibração de um lugar que expressa como poucos a diversidade do Rio de Janeiro.

Fotos de reprodução

E é dali que se pode caminhar a pé até outra maravilha do centro do Rio, a Escadaria do Selarón, com seus degraus formados por pedaços de azulejos colhidos em diversas partes do planeta, formando uma enorme escultura a céu aberto, representando a cidade que a todos costuma receber de braços abertos. Foi idealizada pelo imigrante chileno Jorge Selarón, que resolveu homenagear a cidade pela qual se apaixonou e onde viveu até o final de sua vida. São 250 degraus onde o visitante de várias partes do mundo – algumas bem exóticas, como Casaquistão e Eslovênia – caminha pelas ladeiras e se inebria de cores, beleza e da lembrança de gente que visitou a cidade e deixou a sua contribuição em forma de gratidão.

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Descendo depois dessa maravilhosa experiência e caminhando em direção ao mar, nos deparamos com outro local capaz de nos deixar inebriados. Falamos do Passeio Público, a primeira construção do gênero nas Américas, inaugurado em 1783, com a ideia de que os cariocas pudessem viver a experiência da contemplação da beleza, afinal o local conta com uma belíssima intervenção paisagística, com árvores, flores e plantas tropicais, encravado num espaço entre os belos prédios da cidade e a baía de Guanabara.

Se destaca também o lindo Chafariz dos Jacarés, projetado por Mestre Valentim, pra muitos o mais genial escultor do país no século XVIII e autor de vários outros monumentos da cidade. Apesar de a construção do Aterro do Flamengo no século passado ter aumentado a distância do mar, o parque ainda conserva uma aura de beleza e cultura que nos conecta com o ar de Brasil colônia que ainda está por ali.

 Fotos de reprodução

Apenas atravessando uma rua, chegamos a outra maravilha do centro do Rio, a Cinelândia, construída no bojo da grande reforma arquitetônica que pretendeu fazer da cidade a “Paris do Trópicos”, no auge da Belle Époque carioca. Na Praça Floriano, seu nome real, se fixaram no início do século XX várias salas de cinema, que deram a qualificação de “Broadway do Rio de Janeiro”, pelos muitos espetáculos de arte, dança e teatro, que a tornaram o maior polo de entretenimento do país por muito tempo. De quebra, o visitante está diante do cenário de grandes manifestações políticas que atravessaram o império, a república e a história recente do país.

E nem é preciso dar um passo para mirar o horizonte e avistar um dos mais belos cartões-postais da cidade, o Theatro Municipal. A joia maior do projeto urbanístico promovido pelo prefeito Pereira Passos no início do século XX foi decorada com obras dos maiores artistas brasileiros da época, como Eliseu Visconti e Rodolfo Amoedo, além de várias contribuições de escultores europeus. O local abrigou todo o glamour da Belle Époque do Rio de Janeiro, recebendo espetáculos teatrais e óperas de companhias consagradas aqui e no exterior, numa atividade que até hoje permanece viva, como um dos locais de celebração de arte mais presentes na Cidade Maravilhosa.

Fotos de reprodução

Um roteiro como esse, de tirar o fôlego, só podia terminar com uma boa refeição. E por que não em mais um ponto que reúne tradição, beleza e glamour? Falo da Confeitaria Colombo, talvez o espaço mais requintado do país, enquanto o Rio foi a capital brasileira. Fundada em 1894, nos primeiros anos da república, por comerciantes portugueses, o estabelecimento decorado com certo toque art noveau foi o cenário das grandes personalidades do país, de políticos a artistas, de visitantes estrangeiros a celebridades nacionais. E é lá, na não menos glamorosa rua Gonçalves Dias, coração do centro do Rio, que vamos encerrar essa fantástica viagem no tempo, respirando história, cultura, beleza e arte, e com a certeza de que esse ponto da América cada vez mais faz jus ao título um dia oferecido pelo escritor Coelho Neto, o de Cidade Maravilhosa.


 


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