Entenda a importância de uma boa gestão e como a direção pode envolver toda a comunidade escolar para obter ótimos resultados

Quando falamos em gestão, logo nos vem à mente a figura do diretor como aquele ou aquela que gere todo o modelo de negócio escolar. Todavia, quando nos aprofundamos um pouco mais no tema, percebemos que não estamos tratando somente de um instrumental administrativo utilizado pela equipe pedagógica, a fim de gerir a instituição com qualidade, mas sim de um mecanismo em que alunos, docentes, equipe pedagógica, diretores e pais reconhecem seu protagonismo na formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres.

Em suas muitas personificações de gestão, a participativa, colaborativa ou democrática, como muitos preferem chamar, permite que tanto o professor quanto o aluno façam a monitoria desse processo, dentro e fora da sala de aula, de forma horizontal, ou seja, não existe a figura da “mão de ferro”, concentradora das tomadas de decisão. Pelo contrário, há uma descentralização do poder, uma democratização, um compartilhamento em que todos têm voz e lugar de direito acerca dos assuntos ligados aos conceitos pedagógicos, tecnológicos e à realidade.

Photo by Jeremy Bishop on Unsplash

No Brasil, o norteador da gestão pedagógica é a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que orienta os professores a aplicarem uma metodologia eficaz com o intuito de ajudar os estudantes a desenvolverem novas competências e habilidades, o que traz mais desafios para os gestores escolares na adaptação de seus currículos.

A importância da gestão escolar

Assim como muitas coisas na vida, existem inúmeras questões por trás da gestão escolar. E a boa execução de algumas atividades resulta numa qualidade e eficiência do aprendizado. Mas, afinal, o que é a gestão escolar? Ela é uma espécie de modelo educacional elaborado pelas instituições, com intuito de impulsionar e coordenar diferentes dimensões das habilidades, dos talentos e, também, da competência educacional, aprimorando o ensino.

Os gestores são os responsáveis por integrar os diferentes setores das escolas, identificar as necessidades de cada um, acompanhar resultados, incentivar lideranças e tomar decisões que interferem direta ou indiretamente na qualidade do ensino oferecido aos alunos. Embora seja algo imprescindível em qualquer instituição, a gestão escolar ainda é um assunto que inspira debates sobre as melhores práticas. Em muitos casos, os gestores que assumem os cargos de liderança são professores com larga experiência na vida acadêmica. Com uma condução atualizada e com foco estratégico, as escolas conseguirão sobreviver em um cenário de crises econômicas, avanços tecnológicos, competitividade e quebras de paradigmas sociais.

Vale ressaltar que, na gestão escolar, não é só o diretor que se faz necessário, embora ele seja o líder que se certifica de que tudo seguirá conforme seu planejamento. Mas somente ele não teria condições de acompanhar de perto cada processo. É por isso que outros colaboradores têm papéis importantes nessa equação. Alguns exemplos são:

• Vice-diretor ou adjunto: é o braço-direito do diretor, estando a seu lado para dividir tarefas que dizem respeito à gestão administrativa e pedagógica. Além disso, é quem faz a ponte entre o líder e o corpo docente da escola;

• Coordenador pedagógico: responsável por garantir que os professores estejam se desenvolvendo junto dos alunos e acompanhar os resultados da aprendizagem contínua;

• Orientador educacional: quando há alguma situação que requer comunicação entre a escola e os pais ou os alunos, por exemplo, é esse ator que conduz toda a mediação.

Os pilares da gestão educacional

Garantir a otimização dos processos da instituição, melhorando tanto a qualidade de ensino oferecida aos alunos, como a satisfação dos profissionais empregados, é um dos papéis fundamentais do gestor escolar. Para atingir esses resultados, essa administração envolve seis pilares que podem ser aplicados em qualquer escola. Entenda quais são eles!

Gestão pedagógica: envolve uma análise de cada etapa do processo de aprendizado para definição dos padrões de ensino-aprendizagem que serão adotados pela escola. Permitindo assim o planejamento dos objetivos educacionais, assim como das metodologias e dos conteúdos que serão aplicados para viabilizá-los.

Gestão administrativa: se preocupa com as necessidades estruturais da escola. Como, por exemplo, os cuidados com limpeza, a disponibilidade de materiais, a manutenção patrimonial e o acesso a tecnologias. Essa organização estrutural é muito importante para que a escola mantenha um bom funcionamento e, assim, consiga otimizar outras gestões, sobretudo a pedagógica.

Gestão de tempo: é um pilar necessário para qualquer negócio, e na escola não é diferente! Muitas vezes, os gestores educacionais passam grande parte do seu tempo de trabalho envolvidos com atividades rotineiras que poderiam ser automatizadas ou delegadas para outros profissionais. Essa atitude prejudica o crescimento da escola, já que impede o uso do período necessário para planejamentos a médio e longo prazo e priorização de ações. Aprendendo a fazer um controle melhor do tempo, é possível ser muito mais produtivo e desenvolver as tarefas com mais eficiência.

Gestão de recursos humanos: as pessoas estão vinculadas a todas as etapas do processo escolar. Por isso, essa gestão olha para toda a comunidade da escola, desde estudantes e professores até outros colaboradores, familiares de alunos e funcionários de empresas fornecedoras. É importante interagir e pensar em estratégias que mantenham cada um deles envolvidos com a instituição, dando e recebendo o melhor dentro dessa relação.

Gestão da comunicação: tem a intenção de garantir uma troca de informações eficiente entre as pessoas geridas pelos recursos humanos.  Informações de forma clara e objetiva, visando uma recepção eficiente como resultado. Essa gestão deve acontecer tanto internamente, entre colaboradores, quanto externamente, com a comunidade escolar. Além de evitar diversos problemas, uma boa comunicação melhora o rendimento dos profissionais e ajuda no fortalecimento de uma imagem positiva da instituição perante a sociedade.

Gestão financeira: cuida dos recursos financeiros da organização escolar. Ela envolve o controle de gastos e de contas, inclusive pensando em estratégias para alcance de novos alunos. Essa gestão é fundamental para o equilíbrio das finanças da escola e manutenção do negócio. Integrada com os outros cinco pilares, pode garantir que a instituição tenha um crescimento saudável e eficaz.

Escola on-line em tempos de reaprender

A especialista em gestão escolar há mais de 30 anos, Débora Dias Gomes*, afirma que, nesses últimos dois anos, a questão da condução pedagógica alinhada à tecnologia se configurou em cima de uma dificuldade, segundo a qual a comunidade educacional não estava preparada para uma escola on-line. “Num primeiro momento, tivemos um susto. Visto que a maioria das instituições não estava preparada. No máximo cuidavam de projeção de vídeos da parte pedagógica, algumas questões da informática, mas de uma hora para outra precisou se tornar uma escola conectada”, lembra.

O segundo momento, segundo a especialista, foi o de reação. Onde as instituições puderam se reinventar, vivenciando muitas experiências bem-sucedidas e malsucedidas. “Na terceira e atual fase que estamos vivendo, a escola está se reorganizando. Ela precisou criar um padrão tecnológico, tanto na gestão, como na fase pedagógica. Precisamos usar a tecnologia educacional a nosso favor e utilizar o ambiente virtual, as plataformas on-line, as redes sociais e os aparelhos tecnológicos, como forma de ensinar, administrar e gerenciar”, explica Débora.

Melhorando a qualidade do ensino

De acordo com a pedagoga, pode parecer redundante, mas é interessante que se entenda que tudo que se faz numa escola é para melhorar a qualidade do ensino. Mas ainda é muito comum direcionamos o olhar de crescimento qualitativo da aprendizagem, apenas quando falamos do desempenho didático. “O processo pedagógico é atividade fim de uma organização educacional. Então, todas as práticas são fundamentais para se criar um padrão de excelência na gestão, de forma que o resultado desse cotidiano garanta o aperfeiçoamento e a melhoria na sala de aula”, assegura Débora.

Quando o assunto são os resultados de boas práticas de gestão escolar originando a excelência no ensino, Débora esclarece que, como diria Paulo Freire, a educação não muda tudo, mas nada acontece, nada muda, sem ser por meio de um processo educacional. “Então que a gente possa garantir gestores que realmente entendam do assunto, que compreendam que gestão, administração e organização podem ser até consideradas sinônimos e assim utilizar as ferramentas propícias em todos os focos, em todos os pilares, por ser realmente o caminho para termos qualidade no ensino”, afiança

Gestão na sala de aula

Mas quem é o professor gestor? Podemos concluir que é todo aquele que, na dimensão da gestão da sala, planeja, se capacita, executa, escuta, vivencia o dia a dia de suas turmas, supera a distância entre alunos, gera registros, organiza suas informações e compartilha suas aulas e saberes. Esse, segundo a pedagoga Débora, é um professor gestor. “Ele vai ser cada vez mais o mediador efetivo entre a teoria e a prática, entre os conceitos pedagógicos, tecnológicos e o contexto da realidade do aluno. Ele vai ser capaz de realmente trabalhar o que nós chamamos de a didática de projetos, em que o professor entende que os conteúdos fragmentados não garantem aprendizagem significativa. Então eu penso muito quando falo que o professor gestor é aquele que garante aprendizagem significativa aos seus alunos, planejando aulas e projetos inovadores e para isso ele precisa estudar e trabalhar, pois são os dois lados de uma mesma moeda”, explica.

A atuação docente e a cultura digital dos educandos

Nessa vertente, esbarramos também na busca pelas resoluções de grandes desafios. Um deles é o revés digital dos docentes em sua usabilidade junto aos educandos. Já houve tempo em que essa lacuna mais parecia um abismo de tão profundo. Entretanto, hoje a docência digital tem caminhando a passos longos buscando acompanhar de perto o saber nativo dos alunos frente à proximidade com a cultura digital.

Nos dias atuais, muitos professores ainda colidem com as dificuldades do mover tecnológico, que vão desde o manuseio de aplicativos e softwares à constante necessidade de reter a atenção dos alunos, pois eles tendem a ficar cada vez mais dispersos frente à multiplicidade de informações ofertadas pelos aparelhos de tecnologia móvel numa velocidade, quase sempre, imensurável.

Não obstante, alguns autores já conseguiram detectar outras dificuldades ligadas a essa questão. Segundo Camas et al (2013:186), um dos problemas “está em formar os futuros professores e os já atuantes na educação a entenderem e fazerem uso significativo das potencialidades tecnológicas na realização de suas aulas”.

Para Débora Dias essa dificuldade na usabilidade de novas tecnologias no setor educacional é real. “Mas também é verdade que, com o advento da pandemia, todos tiveram que parar para pensar sobre isso. Então, quem estava procrastinando o desenvolvimento dessa competência tecnológica teve que aprender no peito e na raça. E agora eu vejo como uma tendência cada vez mais termos o ensino on-line como uma forma efetiva de criar ambientes de aprendizagem”, observa a pedagoga.

O exercício dos pais na gestão escolar

É sabido por toda a sociedade a importância do estreitamento dos pais com a escola, sobretudo na eficácia do desenvolvimento pedagógico do aluno. Porém, muitos são os elementos que criam uma barreira invisível, mais real, entre a participação efetiva da família no convívio da escola.

São dessemelhantes as participações dos grupos familiares por razões que vão desde desconhecer a importância da educação na vida do cidadão até a necessidade de chefes de famílias, muitas vezes mães solteiras, de manter o sustento de suas crianças através de seus trabalhos. Faltando, assim, tempo para um maior envolvimento na vivência escolar de seus filhos.

“Eu ainda vejo um distanciamento muito grande na participação das famílias por elas também não estarem preparadas e não terem sido capacitadas para atuar e incentivar os seus filhos com relação a metodologias ativas e aulas on-line. Todos os relatos e depoimentos que a gente ouve das famílias foi de muito sofrimento. Hoje a gente presencia muitos familiares dizendo que passaram a valorizar o trabalho docente depois que tiveram que ‘ser’ professores. Então, esse viés da educação a distância do ambiente virtual de aprendizagem, das metodologias ativas e dos projetos que estão aí surgindo como inovações são muito bem-vindos”, ressalta Dias.

Mas a quem cabe buscar meios para que haja um maior envolvimento entre a escola e as famílias? Compete à primeira, de acordo com alguns autores e especialistas, essa iniciativa, sobretudo através do uso de metodologias ativas, entre as quais os projetos, por requererem quase sempre em seu processo de desenvolvimento uma proximidade maior com as vivências cotidianas dos estudantes. “Quando a gente contrapõe com a realidade das famílias temos muito, muito, muito ainda que caminhar capacitando-as, trazendo-as para esse compromisso. E no final todo mundo cresce”, evidencia.

A voz da família na gestão escolar

Ao ser indagada sobre a voz da comunidade escolar na gestão participativa Débora Dias salientou que, na sua opinião, o que falta para que todos usem esse espaço em favor de uma educação cada vez mais qualitativa é a liderança. Segundo ela, o primeiro pilar é liderança. “A gestão de qualidade depende de uma condução que mobilize essa participação, que abra as portas para que a voz de todos os atores ecoe, aconteça. A gente ainda encontra instituições educacionais, tanto públicas quanto privadas, em que os profissionais de apoio são invisíveis, parecendo que a escola só funciona com professores. Na verdade, depende da mobilização articulada de todos os atores no sentido de haver uma agenda de construção e discussão coletiva, de informações, de conceitos, de questões e problemáticas acerca do cotidiano.

Para a pedagoga, a construção dessa edificação qualitativa necessita de pessoas que compreendam o que é gestão participativa e busquem ferramentas tecnológicas ou não que ajudem a trazer essa cooperação das famílias, dos alunos, dos profissionais do administrativo, profissionais de apoio, dos docentes, dos gestores, coordenadores para dentro da instituição. “Então, sim, é gestão participativa, uma vez que construção coletiva e competência a gente só estabelece por meio de aprendizagem. Sendo assim, a escola precisa ser capacitada, institucionalmente, para realizar a gestão participativa, articular para liderar, com as pessoas e sua participação, o que não é um fenômeno fácil, mas altamente desejável”, conclui Debora Dias.

Frutos da boa gestão escolar pelo Brasil

• Colégio Estadual Erich Walter Heine – Rio de Janeiro
Doze anos depois de sua primeira aula, realizada em 2011, o Colégio Estadual Erich Walter Heine, situado em Santa Cruz, na Zona Oeste no Rio de Janeiro, continua rendendo bons frutos. Além de possuir a segunda melhor média de aproveitamento escolar do Estado, a escola se tornou oficialmente a primeira instituição de ensino totalmente sustentável da América Latina, ao receber a certificação Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), concedida pela organização internacional Green Building Council.

A escola foi construída em modelo de parceria público-privada pela ThyssenKrupp CSA, o governo estadual e a prefeitura do Rio de Janeiro, em um dos bairros com baixo índice de desenvolvimento humano da cidade. A unidade, que desde a construção visou reduzir em até 40% o consumo de energia, passou por uma série de inspeções que atestaram a eficácia das mais de 50 medidas voltadas para maximizar o aproveitamento dos recursos naturais e a eficiência energética.

Além de energia solar e coleta seletiva, a unidade escolar tem instalações que captam a água da chuva para ser usada nos sanitários, jardins e na limpeza da escola, com economia de 50% da água potável. As lâmpadas LED em todo o edifício reduzem em até 80% o consumo de energia.

Outros aspectos são o pavimento permeável no estacionamento, que permite a passagem de água e ar, evitando bolsões, e o telhado verde, que além da vegetação para diminuir a absorção de calor e reabsorver a água da chuva também é utilizado como espaço de aprendizagem. Por fim, a unidade é totalmente acessível para pessoas com necessidades especiais de locomoção, apresentando portas mais largas, pisos táteis, rampas na inclinação correta e inscrições em braile.

De acordo com o diretor Valnei Alexandre, a gestão escolar assumiu o desafio de fazer acontecer um Ensino Médio integral, voltado para a administração, dentro de um prédio sustentável. Além disso, romperam o estigma de que apenas os professores de determinadas disciplinas, como a biologia, poderiam atuar nesses projetos.

“No telhado verde, enquanto o professor de educação física ajuda os alunos no trato das plantas, o docente de química trabalha com a questão das pragas. Em física e matemática, a turma estuda medidas e estratégias para replicação do material. Uma mesma atividade acaba sendo usada em diversas áreas”, exemplifica o diretor.

As professoras Michélle Santoro, de artes, e Elaine Loureiro, de biologia, por exemplo, incentivam as turmas do terceiro ano a recolherem pneus usados para produzir e espalhar poltronas pela escola. “Aproveitamos que temos muitas borracharias na avenida Brasil, que fica aqui perto do colégio. Mas a questão é muito maior. Temos projetos que auxiliam na educação ambiental, mas o aluno também precisa entender qual é o lugar dele no mundo. Prezamos muito pela sustentabilidade nas relações interpessoais”, ratifica Michélle.

Valnei Alexandre ainda enaltece o projeto: “Deixamos claro para os nossos alunos que as ações sustentáveis também estão no respeito, em manter os ambientes limpos e conviver bem com os colegas”.

• Escola Estadual Jorge de Lima e Escola Josefa Conceição da Costa Canaã – Alagoas

A escola alagoana Jorge de Lima, na cidade de União dos Palmares, capacitou seus professores, investiu em educação especial e implantou laboratórios de aprendizagem nas disciplinas de matemática e português. Através da qualificação, os docentes puderam melhorar suas práticas em sala de aula e aperfeiçoar o ensino na instituição. O investimento gerou resultado: a escola, que tinha a meta de alcançar o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) em 2015, conseguiu ainda em 2009 um dos maiores índices do estado. O retorno aconteceu muito antes do previsto.

Já a Escola Josefa Conceição da Costa Canaã, na capital Maceió, promoveu uma nova gestão escolar através do fortalecimento do relacionamento entre a comunidade e a instituição, por meio do Programa Escola Aberta, criado a partir de um acordo de cooperação técnica entre a Unesco e o Ministério da Educação (MEC), que tem por objetivo ampliar as relações entre os atores envolvidos, contribuindo assim para a melhora da qualidade da educação e o aumento das oportunidades de acesso à formação para a cidadania. Além disso, a escola investiu na realização de parcerias com outros órgãos, como a Universidade Federal de Alagoas, o Conselho Tutelar, o Corpo de Bombeiros e o Instituto do Meio Ambiente.

• Escola Estadual Doutor Luiz Pinto de Almeida – Minas Gerais

A escola de Santa Rita do Sapucaí, no estado mineiro, implantou uma gestão escolar interativa entre funcionários, professores, pais e comunidade local. Foi também instituído o Plano de Desenvolvimento de Gestão Individual (PDGI), que avalia o desempenho dos professores e funcionários através de entrevista e autoavaliação. O acompanhamento das metas discutidas é feito duas vezes ao ano. Ao incorporar as diretrizes do Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar à avaliação institucional, a escola obteve resultados surpreendentes, sendo, inclusive, vencedora do referido prêmio em 2009. E seguiu rendendo bons frutos, mesmo em época de pandemia.

Metodologias ativas e disruptivas: a cara do século XXI

A utilização de metodologias ativas contemporâneas é uma prioridade na gestão do século XXI. A proposta atual é que os estudantes sejam os protagonistas de seu processo de aprendizagem, norteados pelo educador. Só isso já mostra a necessidade de uma nova roupagem a que a gestão escolar precisa se adaptar para cumprir esses objetivos.

Antigamente, a gestão escolar era entendida como administração. Em 1988, ano da instalação da Constituição Federal, a denominação passou a ser utilizada porque houve a democratização da educação, que se tornou fundamental para a rede pública. Assim, ela deixava de ser administrativa e passava a exercer o princípio da gestão.

Ou seja, a escola era regida de forma administrativa, como se fosse um estabelecimento comercial, onde os alunos eram clientes e entravam para aprender determinados assuntos, sem preocupações com a parte psicopedagógica. Com o novo modelo democrático de ensino, a escola ganhou diversas obrigatoriedades, como:

• Proposta pedagógica definindo os rumos que uma determinada comunidade busca.
• Autonomia em escolher seus investimentos educacionais desde que respeitasse a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).
• A gestão dos profissionais envolvidos na unidade escolar, bem como a capacitação dos professores.

O avanço tecnológico não só está presente em nosso cotidiano, como também faz parte do futuro do mercado de trabalho, por isso preparar os alunos para a vida profissional é uma das viradas de chave do Novo Ensino Médio. Isso faz com que a gestão escolar tenha que ser repensada de uma forma mais sensível e aprimorada, pois agora:

• O aluno é o protagonista e o professor é o mediador da aprendizagem.
• Os estudantes dos anos finais precisam do apoio do professor e da estrutura da escola para serem orientados a um plano de carreira.
• Os profissionais da educação deverão planejar e realizar as aulas de maneira integrada entre as diferentes áreas de conhecimento/disciplinas.
• Aplicação da educação maker, conceito que foca na aprendizagem por meio de atividades e soluções práticas.

A gestão escolar tem papel fundamental para melhorar os resultados de uma instituição de ensino. Nesse cenário, uma condução democrática dá voz aos colaboradores e aos alunos para que, juntos, construam a melhor educação possível. Isso tira certo peso das costas do diretor, que conta com o apoio de outros profissionais nas tomadas de decisões e para cuidar dos recursos físicos da escola.

Vale ressaltar, por fim, que todas essas oportunidades devem ser direcionadas para os estudantes, pois eles são os protagonistas do processo de ensino-aprendizagem contemporâneo. O resultado é uma educação de qualidade, com melhor rendimento de todos.

Esperamos que, ao finalizar a leitura desta matéria, você possa ter compreendido a essência e o valor da gestão escolar.

Antônia Lúcia, Jéssica Almeida e Richard Günter
Referência Bibliográfica: CAMAS, N. MANDAJI; M. MENGALLI; N. RIBEIRO. Professor e cultura digital: reflexão teórica acerca dos novos desafios na ação formadora para nosso século. Revista Reflexão e Ação. v. 21, n. 2, 2013. B2.
*Débora Dias Gomes é Mestre em Educação e em Gestão, Pedagoga, Consultora, Palestrante e autora de diversas obras. Atualmente, também é professora em cursos de pós-graduação.
Contato: deboradias.ddg@gmail.com.
Fotos: Banco de imagens gratuitas do Freepik.