Stop Motion, a tecnologia em sala de aula.
Fotografias ganham vida nas mãos dos criativos
Buscando trazer a tecnologia para a sala de aula e principalmente provocar os estudantes a se tornarem sujeitos de produção do conhecimento, a professora Tatiana Barradas, do Colégio Estadual Professora Regina Célia dos Reis Oliveira, localizado em São João de Meriti, teve a ideia de trabalhar com a animação durante as aulas de Geografia. O intuito foi fazer com que os alunos conhecessem noções básicas da linguagem de animação, desenvolvendo um exercício que tem como base técnicas do stop motion, estimulando assim a imaginação e a criatividade.
A iniciativa surgiu depois que a educadora conversou com os colegas Álvaro Ferreira, de Física, e Cláudia Bandeira, de Artes. “Embora seja formada em Geografia, sou apreciadora da fotografia e faço uso constante dessa arte em minhas aulas. Resolvi então experimentar a animação e descobri que ela também permite trabalhar e desenvolver diversas habilidades e competências, nas mais diversas disciplinas e segmentos”, explica Tatiana.
A docente utilizou a animação como o ponto de partida para abordar o tema “América Latina” e conta que foi extremamente interessante ver os alunos do 8º ano em contato com a massinha, algo que geralmente fica restrito à Educação Infantil. “Eles participaram de todos os processos, desde o estudo da técnica, planejamento, execução, produção, edição, até a exibição do produto final. Percebi que, muito além de expor suas ideias, eles trouxeram o que era incômodo para eles, como por exemplo o menino que não tinha amigos na escola”, relata a professora. Da mesma forma, cada estudante ocupou um papel no processo, numa divisão que aproveitou os interesses e as habilidades de cada integrante.
Mas afinal o que é stop motion?
É a arte de animar formas inanimadas a partir de séries de fotografias nas quais o objeto passa por mudanças em cada um dos quadros que, quando projetados em sequência, dão a impressão de que estão em movimento.
É hora de gravar!
Cada grupo produziu um fundo para suas animações, alguns pintaram, colaram imagens, enquanto outros preferiram algo menos elaborado. Os alunos também criaram um “fundo infinito” bem simples: uma folha de papel duplex ou papel-cartão branco colada entre uma mesa e a parede, formando entre elas uma curva (sem deixar um vinco no encontro entre os planos horizontal e vertical).
Com o roteiro em mãos, os estudantes preparam os personagens de massinha de modo que cada quadro/foto teria uma posição diferente, para criar a ideia de sequência. A mesa para a gravação foi posicionada próximo ao ponto de luz (janela ou porta). Eles receberam uma breve orientação sobre storyboards ou esboço sequencial, que é basicamente um guia visual narrando as principais cenas de uma obra audiovisual. “Com esses recursos podemos dar efeitos diferenciados a partir da posição da câmera, ou tipo de enquadramento, closer entre outros”, garante Tatiana.
Com o roteiro em mãos, os estudantes prepararam os personagens de massinha, de modo que cada foto teria uma posição diferente, para criar a ideia de sequência
É hora de editar!
O grupo teve que editar e compor em no máximo um minuto a sua produção. Os alunos selecionaram as cenas, colocaram em sequência e na mesma velocidade. Com isso, acrescentaram a narração que complementava as imagens, que “os discentes aproveitaram para produzir gifts animados, um tipo particular de GIF bastante conhecido na internet. Ele na verdade é composto de vários quadros nesse formato, que são compactados em um só arquivo”, explica a professora.
E o resultado foi…
Cada grupo assistiu sua animação e eles próprios comentaram as dificuldades e soluções encontradas. Foi ressaltado que os primeiros experimentos dessa técnica começaram com práticas simples como as utilizadas pelos grupos, que foram se tornando mais complexas à medida que estudavam e se apropriavam de novos conhecimentos. A avaliação foi feita através da exibição dos trabalhos para a escola, e o vencedor da melhor animação foi “O menino que ninguém queria ser amigo”, sobre o tema racismo.
A idealizadora do projeto considera um ótimo resultado e espera aprimorar essa técnica em outras turmas e com outras propostas. “Colocar o aluno como sujeito e produtor de informação o incentiva a buscar conhecimento que numa abordagem mais tradicional talvez não ocorra”, finaliza Tatiana.
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