Appai: uma das últimas a visitar o Museu Nacional
Se existe uma categoria que sempre soube valorizar o Museu Nacional do Rio de Janeiro é a dos professores. Quem não tem na memória afetiva uma excursão escolar ao Complexo da Quinta da Boa Vista, incluindo explicações sobre seu acervo, agora consumido pelo incêndio? E a prova de que não era só uma rotina de trabalho é o sucesso que fez esse roteiro incluído no nosso Passeio Cultural. Desde 2015 já levamos mais de 650 associados para contemplar esse espaço. A última delas está ainda bem viva na nossa lembrança… Foi na quarta-feira passada (29/08), ou seja, quatro dias antes do incêndio que transformou em pó o acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
A emoção é forte para a nossa guia de turismo Suzy Amantino, que vai quebrar sua rotina de periodicamente acompanhar grupos de associados da Appai. “Sempre que tal espaço virava uma grande sala de aula, éramos extremamente bem tratados por todos os funcionários do mais importante centro de pesquisa da América Latina. Acabou em cinzas o acervo de milhares de anos”.
E nosso associado, fotógrafo e Guia de Turismo Sylvio Abreu (da empresa Baobá) entra para a história como um dos últimos a registrar a imagem do Museu ainda em pé (foto acima que ilustra a abertura de nosso post).
” Tive a oportunidade de estar pela última vez no Museu Nacional. Fiz umas 120 fotos, mas nem 3 milhões seriam suficientes, para suprir o espaço deixado na minha memória e espírito pelo que o fogo levou. Conheço e frequento aquele espaço desde 1967, quando tinha 5 anos. Nesse último Passeio Cultural foi diferente pela disponibilidade do grupo em posar para as fotos. Talvez, inconscientemente, todos nós estivéssemos nos despedindo. Nos tiraram o Museu Nacional, entretanto, aquela última visita, a mais divertida e participativa deixou em mim um sentimento de felicidade quando vejo os últimos retratos”.
Cenário inspirador da Gigante das Corridas
Também fazem parte de nossa memória afetiva as provas Soul Carioca e Rio Antigo, idealizadas pela Gigante das Corridas em parceria com a De Castilho Esportes, em que a suntuosidade do Palácio fazia parte do cenário. Além de inspirar o competidor, a participação dava direito a uma visita casada ao acervo proporcionando este contato a 4 mil corredores.
“Quando competia no entorno da Quinta, a imagem sólida daquela construção ajudava a superar os desafios”, relembra a campeã olímpica Márcia Narloch – atualmente coach de treinamento da Gigante das Corridas.
Associados lamentam através de nossas Mídias Sociais
Uma das evidências da importância do Museu Nacional para a Appai está refletida em nossos associados. O imediatismo das mídias sociais fez com que, antes mesmo dos grandes veículos de comunicação noticiarem, já tivéssemos posts lamentando a tragédia em nossas páginas e muitas fotos postadas por nossos associados na internet.
Revista Appai Educar
Inclusive, lembra a jornalista, foi uma das primeiras instituições a figurar em nossa editoria “Guia Histórico” específica em abordar Centros Culturais do Rio.
Já na edição 104, uma cobertura exclusiva da Revista Appai Educar no Colégio Salesiano mostrou a culminância de um projeto pedagógico onde houve a exposição, para todos os estudantes em parceria com a UFRJ, de alguns objetos raros que estavam preservados no Museu Nacional.
Estiveram espalhadas por nossas páginas incontáveis citações ao “Meteorito de Bendegó”, a “Luzia” (fóssil humano mais antigo encontrado no Brasil), à coleção da Princesa Maria Leopoldina da Áustria, às Múmias, à preguiça pré-histórica Folivora… enfim, imagens que agora ficam apenas na nossa memória ou em registros fotográficos e jornalísticos como os da Revista Appai Educar.
Se você possui algum registro do prédio e, sobretudo das obras, e quer participar da campanha, basta enviá-lo para um dos emails disponibilizados pelos estudantes da Unirio: thg.museo@gmail.com; lusantosmuseo@gmail.com; e isabeladfrreitas@gmail.com.
Por Luiz André Ferreira | Jornalista, professor, apresentador da Rádio Appai e Mestre em Projetos Socioambientais e Bens Culturais.
Com colaboração de Jéssica Almeida e Richard Günter
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