Este ano, descobrimos Carolina Hessel, uma professora do Rio Grande do Sul que domina a Língua Brasileira de Sinais e que criou um canal no YouTube para contar histórias para as crianças, em libras.

O canal vem sendo cada vez mais acessado e cresce disparadamente. Com muita habilidade, a professora escolhe o livro infantil, mostra a capa e conta a história, enfatizando o enredo com gestos e expressão facial. Seu canal recebeu um nome emblemático, “Mãos Aventureiras”, e tem alcançado muitas crianças surdas, fazendo a diferença na vida dos pequenos.

Num país com aproximadamente 10 milhões de pessoas surdas, as alternativas de largo alcance, como essa da professora Carolina, via YouTube, são muito bem-vindas. Além de contar histórias clássicas da literatura universal, ela também é autora do livro “Cinderela Surda”, primeiro livro de literatura infantil do Brasil escrito na língua de sinais. A obra é uma versão do conto tradicional da Cinderela, porém rico em elementos da cultura e identidade surda.

E por falar em história e cultura, a professora Carolina Hessel faz uma ressalva importante sobre a percepção geral das pessoas sobre os surdos, sobre a qual vale a pena refletir. Ela diz que:

“Ainda há muita luta para os surdos fazerem para serem reconhecidos em sua cultura, como humanos e não como ‘excepcionais’ e para terem representações que eles mesmos achem adequadas. É verdade que já vimos uma mudança no maior uso do termo ‘surdo’, e não ‘deficiente auditivo’, e, também, o realce a questões das lutas dos direitos dos surdos. Mas, por outro lado, ainda continuam os discursos de piedade com o surdo (como se vê pelo uso de verbos como ‘auxiliar’, ‘ajudar’), de que o surdo é ‘menor’ (tem que ‘superar desafios’) ou da visão clínica da surdez (cura, implante coclear etc.).” – Carolina Hessel

O nosso agradecimento e reconhecimento à professora Carolina Hessel, que, assim como muitos outros professores dentro dos espaços escolares, vem realizando um belo trabalho e deixando suas marcas na Educação Brasileira!

Fonte: http://coralx.ufsm.br/revce/revce/2008/01/a11.htm [Consultado em 9/3/2018]