Hoje a aula é no museu
Propor ações criativas pode fazer seu aluno se interessar facilmente na apreciação da arte
Levar os estudantes a exposições de arte é um hábito que deve ser construído e incentivado. O Rio de Janeiro, por exemplo, dispõe de opções interessantes e gratuitas para eventos de artes visuais, o que oportuniza a construção de
relações entre o museu e a escola, que por sua vez tem também o intuito de ampliar o repertório e a criação de diálogos com a sala de aula. Seja museu, centro cultural ou local de entretenimento, o importante é tornar o espaço um
centro de pesquisa, sem esquecer que a introdução desse estudo deve acontecer no interior da escola. Em sala de aula, o professor pode propor experiências e ações criativas, sugerir que seus alunos pintem, desenhem, façam esculturas ou instalações. A história e a teoria, desde cedo e de forma simples, entram no cotidiano: ao mostrar reproduções de obras, o professor contribuiu para a ampliação do repertório visual do grupo, além de discutir problemas e soluções colocados pelos artistas dentro dos seus contextos. Dessa forma, a visita a um museu pode ser um complemento ao trabalho desenvolvido em sala de aula. As reproduções de trabalhos são muito úteis, mas a elas escapam detalhes, texturas e a própria materialidade da obra de arte, que permite a real vivência da experiência proposta pelo artista.
Nesses espaços culturais, o conhecimento se constrói no encontro entre sujeito e objeto. Outro ponto a ser considerado é a importância da unidade escolar expandir seus muros e tornar a região uma esfera para o conhecimento por meio
de incentivo para que os estudantes frequentem espaços públicos e, assim, se apropriem das instituições urbanas como locais para reflexão, entretenimento e convivência social. Todavia, para que essas questões se externalizem numa saída pedagógica, a participação do educador é primordial. O planejamento começa ao escolher a instituição a ser visitada e, para isso, é preciso conhecê-la. Atualmente, existem na internet visitações virtuais que oferecem informações
iniciais importantes, como o foco (arte contemporânea, moderna ou a obra de um artista específico), se há ou não acervo, se as exposições são temporárias ou permanentes, que mostra estará em cartaz na data pretendida etc. Vale ressaltar que uma visita antecipada ao local desejado tem a sua importância, pois é possível avaliar se o espaço e a exposição estão adequados à faixa etária do grupo e à proposta do encontro. A maior parte dos museus oferece ao público visitas orientadas às exposições com profissionais especializados e preparados. A parceria entre o professor e o educador (ou monitor) da instituição é rica, pois alia diferentes saberes em benefício do grupo: cada profissional contribui com suas experiências e conhecimentos gerando um ambiente propício à troca.
Conhecer, antes da visita com os alunos, as propostas dos setores educativos também pode ser interessante, de acordo com Helenira Paulino, graduada em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Campinas. “Muitas instituições disponibilizam materiais didáticos, encontros, cursos e ofi cinas para professores, contribuindo para a aproximação entre o museu e a escola”, diz. Cabe também investigar como se dão as visitas orientadas em cada lugar. “Quais são as diretrizes pedagógicas, qual é o tempo de duração, se há ofi cina prática ou roteiros de visita, qual é a faixa etária atendida. Enfi m, é necessário que a escola conheça a instituição para que possa conversar com seus alunos”, explica.
Esse estudo pode ser feito em grupo, pois assim os alunos saberão precisamente a que local estão indo e o que farão. Alguns tópicos podem ser questionados para que os estudantes estejam ligados e possam retomá-los ao voltar do passeio, tanto em relação às obras vistas quanto ao trajeto até o museu, à arquitetura e ao espaço. De acordo com Helenira, “a visita orientada é um encontro de potencialidades: as discussões, observações e sensações partem do olhar atento às obras. Cabe aos educadores fornecer informações e, mais importante, criar um ambiente em que as potências da obra e do público se encontrem. A fala e a escuta são instrumentos fundamentais. Aliadas à prática criativa podem gerar um encontro e, talvez, um acontecimento”, ratifica.
“A fala e a escuta são instrumentos fundamentais. Aliadas à prática criativa podem gerar um encontro e, talvez, um acontecimento”
A aula fora da escola consiste na oportunidade que o aluno tem de sair do ambiente interno da instituição, tendo a possibilidade de conhecer novos lugares e diferentes situações de estudos e aprendizagens, relacionadas a conteúdos curriculares, usando todos os sentidos para buscar o seu desenvolvimento cultural, social, pessoal e intelectual. Vários museus e instituições culturais públicas e privadas de diferentes locais do estado recebem grupos gratuitamente e
até oferecem ônibus para os alunos se a visita for agendada com antecedência. Fundações e empresas que organizam exposições e eventos temporários também costumam ser receptivos. Alguns planejam ações que incluem monitoria
especializada, orientação para os professores e transporte para atender as escolas. Vale consultar ainda as secretarias de educação, de cultura e de esporte do seu município e do estado para se informar sobre os projetos destinados
a estudantes, além de considerar a possibilidade de negociar valores e de utilizar verbas definidas pelo Conselho Escolar para viabilizar as saídas.
Saiba o que é preciso organizar antes de realizar uma saída pedagógica
• Planejamento •
O professor responsável pela saída deve informar à
direção o local a ser visitado, o percurso, o trabalho
que será realizado, a duração estimada, o número
de participantes e o material necessário. Verifi
que os custos envolvidos e tome as providências
para obter os recursos de que o grupo precisará.
• Equipe •
Além do professor responsável, que deve conhecer
o local e participar de todo o planejamento, pelo
menos mais um adulto deve acompanhar os estudantes.
O recomendável é ter três responsáveis
para cada 40 crianças ou adolescentes.
• Alimentação •
Antecipar a alimentação dos alunos é uma boa
solução para atividades de curta duração. Se a
permanência fora da escola for longa, oriente a
equipe para optar por lanches fáceis de transportar.
Certifi que-se de que haverá um local para os
estudantes realizarem a refeição.
• Autorizações •
A autorização antecipada dos pais é obrigatória
para toda saída da escola. No caso de atividades
mais demoradas, deve-se incluir um campo para
informações sobre eventuais alergias e medicamentos
que o aluno utilize, além de telefones de
contato. Anexe à autorização as informações sobre
a programação e os objetivos da atividade.
• Identificação •
É recomendável que a turma use o uniforme. Se
não for possível, um crachá ou uma etiqueta com
o nome do participante e da escola e um telefone
para contato é uma boa alternativa.
• Transporte •
Verifi que as condições do ônibus, confi ra se há cintos
de segurança e lugar para todos e fale com o
motorista, reforçando a responsabilidade do trabalho
de transportar estudantes. Em trajetos a pé, se
for preciso solicite a ajuda da guarda municipal.
• Documentação •
O professor responsável deve receber uma pasta
com a lista de presença e as informações sobre
medicamentos e alergias. Os alunos devem trazer
uma cópia de um documento com foto e entregá-la
ao professor. As autorizações fi cam na escola.
• Roteiro •
Entregar aos estudantes um roteiro das atividades,
com indicação de horários de saída e de reencontro,
reforça o compromisso do grupo com o trabalho
e com a pontualidade.
• Comunicação •
Peça ao docente responsável que telefone quando
chegar ao local de destino e que ligue mais vezes
durante o dia. Oriente-o para comunicar à escola
imediatamente se houver qualquer imprevisto. O gestor
fi ca responsável por manter os pais informados.
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