Diversidade etnicorracial e cultural


Alunos pesquisam a participação da cultura africana na sociedade brasileira e em outros países 

“O povo que não conhece a sua história, a sua origem e a sua cultura é como árvore sem raízes”. A frase proferida pelo jamaicano Marcus Garvey (1887-1940) – considerado um dos maiores ativistas de todos os tempos do movimento nacionalista negro – serviu como uma bússola que orientou os alunos da Escola Técnica Estadual Visconde de Mauá, na quinta edição do projeto África: um olhar interdisciplinar.

O projeto, coordenado pela professora Maria Cristina Teixeira, tem por finalidade provocar o debate e a reflexão de forma coletiva sobre a diversidade étnicorracial e cultural, envolvendo alunos das turmas dos dois primeiros anos dos cursos de eletrotécnica, eletrônica, mecânica e eletromecânica. Ao longo do ano, os professores de História trabalharam em sala de aula questões inerentes ao tema inseridas no programa curricular da disciplina.

Na etapa final, quando os alunos intensificaram as apresentações para a culminância do projeto, eles contaram também com o apoio de professores de Artes e de Literatura. “Para termos uma história brasileira ampla e justa, é necessária a imersão na história e na cultura africana, visto que nossa sociedade resulta da imensa participação de africanos e afrodescendentes, transmitindo conhecimento material e imaterial para a nossa cultura. Na nossa avaliação, durante esses cinco anos, já é possível perceber mudanças no comportamento dos alunos. O projeto, além de ajudar a disseminar a cultura do Continente Negro, vem quebrando preconceitos e elevando a consciência, embora saibamos que o caminho é longo, demorado e árduo.”, afirma a coordenadora.

A professora Sandra Franco acompanhou de perto todas as etapas do trabalho. Ela selecionou os subtemas, auxiliou nas pesquisas e participou da elaboração das apresentações. “Procuramos orientar, mas sem tirar a autonomia dos jovens. Deixamos que eles próprios tomassem a decisão de como se colocariam”, declara. A aluna Lorrayne Ferreira, do 1º ano de Eletrônica, contou a história de um menino que viveu sob o regime de segregação racial – o Apartheid – na África do Sul, conviveu com discriminações e passou a se revoltar contra tudo isso. Durante 27 anos ele ficou preso e depois foi eleito presidente do seu país. Seu nome: Nelson Mandela. “Decidimos destacar a vida desse grande líder por se tratar de um exemplo de obstinação em defesa da liberdade”, enfatiza.

A mostra contou ainda com um tributo aos afrodescendentes, recital de poesias, homenagem a artistas negros da música popular brasileira e um esquete sobre a atuação do ministro Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal. As turmas também montaram tendas para lembrar as influências culturais e religiosas da África no Brasil. Para Rogério Norberto, coordenador dos professores de História da escola, compreender e contextualizar as informações sobre aspectos do continente africano é um exercício crítico. “Mais do que qualquer outra região do planeta, a África terminou encoberta por um véu de preconceitos, que, ainda hoje, marcam a percepção de sua realidade. O projeto possibilita que o aluno conheça, discuta e resgate a participação da cultura africana na sociedade brasileira e em outros países onde ela esteve presente, como nos Estados Unidos. Quanto mais o estudante pesquisa, mais conhecimento. E quanto mais conhecimento, menor preconceito”, finaliza.


Por: Tony Carvalho
Escola Técnica Estadual Visconde de Mauá
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Diretor: Marcos Alberto Thompson Salazar
Fotos Tony Carvalho

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