Refazendo histórias
I Gincana ajuda na reconstrução de trajetória da escola
A I Gincana Estudantil surgiu a partir de uma necessidade prática. A diretora-geral Vilma Soares estava organizando um evento para comemorar os vinte anos da escola e contemplar o projeto piloto Afonso Vasco Reinventa sua História. E assim foi surpreendida com um fato inesperado: não havia quase documentação e registros escritos da unidade: “Há alguns anos a escola, que trabalha com 1º ciclo do Ensino Fundamental, funcionava em outro local com outro nome. Esses documentos acabaram se perdendo durante as mudanças, e decidimos que era hora de fazer esse resgate, caso contrário poderia ser tarde demais. Assim realizamos a I Gincana, oportunidade de reconstruir nossa história juntos”, justifica.
Outro foco desse trabalho, segundo a Orientadora Educacional Eliane Cardoso, era levantar a autoestima dos alunos, totalmente envolvidos no processo: “A tendência da nossa clientela é de não valorizar o espaço escolar e sua comunidade. As tarefas fazem com que eles reconheçam sua identidade e vejam que também fazem parte dessa história. Assim cuidam mais do espaço físico porque passam a ter consciência de que a escola também é patrimônio deles. As crianças estão ‘se sentindo’ com os desafios da Gincana”, comemora a educadora.
Costurando os fatos
Em sala de aula o corpo docente fez pesquisas de campo para conhecer a trajetória da unidade. Os alunos se dividiram em grupos de cinco, compostos por turmas diferentes. Eles se organizaram por cores, criaram seus gritos de guerra e escolheram as mascotes. No evento cada equipe tinha uma missão a cumprir: trazer o funcionário mais antigo do colégio, fotos de uniformes anteriores, funcionários de outras décadas, descobrir a sua origem e a biografia do patrono, morador do bairro que doou o terreno para construção do prédio, segundo as pesquisas das turmas. “Estudantes e educadores fizeram muitas descobertas juntos. Alguns grupos trouxeram descendentes do patrono da escola, como o neto e outros familiares de Vasco Afonso, que levaram a escritura do terreno e fotos antigas. As crianças adoraram a brincadeira, que acabou sendo uma reconstrução do passado”, lembra a professora Joselene Limeira. “Foi interessante conhecer os fatos. Ficamos curiosos e queríamos buscar mais informações”, confirmou John Lenon, da equipe amarela, que levou uma maquete e desenhos do prédio.
A Gincana proporcionou momentos de emoção para a comunidade, que promoveu encontro de funcionários antigos com os atuais. Muitos fatos foram descobertos durante as atividades, como curiosidades da sua fundação e documentos trazidos pelos moradores que contribuíram para construir um pouco da história perdida, que vai além de duas décadas.
Deusa Maria Martins, 45 anos, que estudou lá quando o colégio ainda tinha outro nome, tem muitos relatos. Ela entrou na instituição aos 9 anos e completou o 1º grau. Sua filha de 25 também estudou na escola, já com o atual nome. “Trouxe fotos e falei sobre as transformações que sofreu durante os anos, os passeios e as primeiras letras. Todos os dias quando vejo os estudantes aqui passa um filme na minha cabeça”, recorda Deusa, que nunca se esqueceu de sua primeira professora, dona Sirley. As maquetes do prédio, em várias representações, também retrataram as diferentes visões sobre a escola. Outra atração que somou muitos pontos para uma das equipes, a azul, foi a presença de dona Lourdes, 83 anos, que trabalhou 37 como merendeira, sendo a funcionária mais antiga da escola.
Eliane destacou a integração do grupo na realização das tarefas. A regulamentação da Gincana também estimulava o respeito entre os alunos: “O grupo que vaiar perde ponto”, advertia, durante a brincadeira, o orientador pedagógico Fernando Luiz. O educador ressaltou que, embora a equipe Azul tenha ganho o campeonato, todos ali já eram vencedores.
Para o time de jurados foram convidados educadores da equipe de Divisão de Orientação Educacional e Pedagógica e mães do Conselho Escolar, que avaliaram produções, criatividade, participação, entre outros quesitos. Porém a diretora ressaltou: “O mais importante aqui é participar, brincar, somar, e não competir para ganhar”.
A ideia da equipe pedagógica, de acordo com a diretora, é construir uma linha do tempo e, no final do ano, reconstituir os registros históricos da unidade. Se depender dos esforços dos educandos, docentes e moradores do bairro, o projeto piloto terá uma culminância com uma bela biografia da “Afonso Vasco” para contar.
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