Novas tecnologias estimulam as aulas de Geografia
Imagens de satélite são usadas como recurso didático na otimização dos conhecimentos dos alunos
GPS, Google Earth, Google maps. Todos tecnologias de ponta para identificar localizações, distâncias, florestas e mares, queimadas, enchentes ou prédios. Já pensou o professor utilizando esse material para otimizar suas aulas? Essa foi a iniciativa da docente Denise Vieira, que adaptou esses recursos tecnológicos à sua prática. O uso dessas ferramentas migrou para quase todos os campos da economia, televisão e previsão do tempo, chegando agora às salas de aula. Durante mais de 20 anos no ensino de Geografia no Ensino Fundamental, a professora Denise Vieira trabalhou diversos projetos. Em 2005 surgiu a chance de fazer um curso intitulado O Uso Escolar do Sensoriamento Remoto no Estudo do Meio Ambiente, no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos.
“Em 2006 fiz o primeiro projeto com alunos voluntários do 9o ano nas Escolas Municipais Rondon e Estado de Israel, com o projeto Floresta da Tijuca. O trabalho incluiu a confecção de mapa da área de estudo utilizando imagens de satélite no site do Inpe, amostras de rochas e minerais característicos da região do Parque Nacional da Tijuca, apresentação da fauna e da flora local através de slides, além dos aspectos climáticos e históricos da região”, conta Denise.
Oportunidade de atualização profissional, a capacitação se tornou uma valiosa ferramenta no ensino da sua e de outras disciplinas. As geotecnologias, em especial o sensoriamento remoto (tecnologias que permitem obtenção de informações sobre fenômenos e detecção de alvos na superfície terrestre através de radiação eletromagnética), passaram a fazer parte de seus planejamentos em pequenas atividades integradas ao currículo das suas turmas. Durante a experiência, a docente percebeu o grande desafio que é ensinar às crianças a identificação e interpretação dessas imagens.
Criatividade: aplicação e adaptação
Com o tempo surgiram dificuldades para identificação dos elementos que compõem a paisagem, tudo causado pelos impactos ambientais impostos pelo homem, além da própria dificuldade dos alunos de entender as imagens. Para a docente esse problema foi apenas um estímulo para a confecção de um material didático para trabalhar de forma mais lúdica e interativa com os estudantes das classes iniciais. Para trabalhar melhor os fundamentos e aplicações dessa nova tecnologia, a docente criou, na E. M. Rondon, para as turmas do 6º ano, um conjunto de exercícios com animação gráfica, incluindo tarefas com linguagem mais simples para que se pudesse trabalhar os fundamentos e aplicação dessas tecnologias. Denise conseguiu proporcionar atividades mais interativas e divertidas: cada aluno recebe um caderno de exercícios com as mesmas atividades apresentadas nos vídeos e todos fazem junto com os personagens Estela (a estrela) e Zoião (o satélite).
Os personagens vão dando as “ordens” e as crianças vão fazendo os exercícios ao mesmo tempo, conforme relata a professora: “O Zoião fala: ‘Pinte o lugar desmatado de cinza, identificando uma queimada e uma nuvem com algodão’, ou ‘Cole um barbante onde há um deslizamento de terra’, ‘Calcule o tamanho da onda com um barbante’, ‘Pinte a água de azul’ etc., e assim eles aprendem a diferenciar o que é nuvem do que é fumaça, enquanto Estela vai explicando como as imagens são geradas, conceitos de radiação, ondas eletromagnéticas e tudo mais. É uma maneira eficaz e moderna de falar sobre o espaço geográfico e trabalhar de forma interdisciplinar”, explica a docente.
As crianças utilizam técnicas que exploram a psicomotricidade, como recortar e colar, empregando materiais como algodão, barbante, sucata, lápis de cor, cera, entre outros. Os personagens apresentavam noções de cartografia escolar, além de fundamentos em Sensoriamento Remoto com destaque em radiação, comportamento dos objetos da paisagem, formação e utilização de imagens de satélite, seus componentes e aplicabilidades do sensoriamento remoto, lançamento de foguetes, incluindo identificação de outros fenômenos. Para levar as crianças a entender alguns conceitos de Física, como luz, por exemplo, a professora lembra que teve que recorrer aos livros para confeccionar, com as turmas, o disco de Newton: “Muitas vezes tive que apelar para os velhos livros de Física da época de estudante”, brinca.
A professora lembra que o Inpe disponibiliza de forma gratuita material impresso. O conteúdo também pode ser acessado no site do Instituto e apresentado para as atividades práticas nos projetos multimídia ou nas salas de Informática. Vale a pena conferir: www.inpe.br. O curso O Uso do Sensoriamento Remoto para Estudo do Meio Ambiente é ministrado por professores do Inpe e tem a duração de 40 horas. As inscrições para 2013 podem ser feitas pela Internet.
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