A bienal e a língua portuguesa
Em termos mundiais os números da língua portuguesa também são bastante relevantes, apesar de à primeira vista não parecer. Algo em torno de 260 milhões de pessoas no planeta a utilizam, o que faz com que ela seja atualmente a quarta mais falada no mundo, perdendo apenas para o mandarim, o inglês e o espanhol. É também a terceira mais empregada no Ocidente, a mais utilizada no hemisfério sul da terra e uma das poucas presentes em quase todas as latitudes do planeta (só não está na Oceania).
As projeções para o futuro também são animadoras com relação à expansão do idioma. Segundo dados recentes divulgados pela ONU, é provável que em 2050 o número de falantes chegue a quase quatrocentos milhões. Outro dado interessante é que essas previsões afirmam que a explosão demográfica hoje observada em países africanos como Angola e Moçambique deverá fazer com que os falantes de português desse continente ultrapassem o do Brasil lá pelo final do século XXI, quando se deverá chegar a meio bilhão de usuários de língua portuguesa no mundo.
O papel do nosso país nesse momento atual da língua portuguesa é de grande importância. O “dono” da língua, o pequeno e discreto Portugal, para ver seu idioma desfrutar da abrangência mundial que possui, teve que contar com a colaboração de sua maior colônia. O Brasil, com seus aproximadamente 206 milhões de habitantes, responde por 80% dos usuários da língua portuguesa, e tem exercido influência em todo o mundo lusófono, através dos nossos escritores, mas também por meio da música, das artes cênicas e das comunicações.
Por isso é preciso considerar que cada festa da língua portuguesa, como são as bienais, representa o momento em que gente de todo o planeta, que acaba comparecendo em eventos dessa magnitude, toma contato com um universo específico de nosso idioma, de forma que cada professor, cada estudioso, cada acadêmico, cada escritor, mas também cada leitor ou apenas falante, somos todos, de uma forma ou de outra, cultores de uma língua, construtores de um imenso acervo cultural, trabalhadores que dia a dia aumentam o patrimônio de uma parte da humanidade e o deixam para o conhecimento universal, para a memória da espécie humana. O protagonismo recai sobre todos aqueles que de alguma forma têm como materna a língua de Camões, mas também de Machado, de Semedo, de Agualusa, de Mia Couto, de joões, de marias, de beltranos, fulanos e sicranos…
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