4 passos para uma aula significativa na era digital

É fato que vivemos cercados de mudanças, porém nas últimas décadas ocorreram algumas muito significativas que impactaram a educação, demandando uma reflexão sobre elas. A era industrial, centrada no trabalho mecânico que privilegiava o ensino, a transmissão pura, vai aos poucos sendo substituída por um novo conceito, próprio da sociedade da informação ou do conhecimento, cujo foco está na aprendizagem.

Nessa sociedade a aprendizagem também é suportada pelas tecnologias da informação e comunicação, e o professor passa a ser um orientador da aprendizagem, o que torna seu papel ainda mais importante, pois ele precisa proporcionar a quem aprende uma aula significativa, num processo que delega ao aluno um papel ativo dentro de um contexto marcado pelo digital.

E para saber QUAIS SÃO OS PASSOS PARA UMA AULA SIGNIFICATIVA NA ERA DIGITAL, aqui vão algumas pistas:

  1. DIÁLOGO, OBJETIVO CLARO E CONTEXTUALIZAÇÃO – Ainda é por meio do bom e antigo DIÁLOGO com o aluno que os mediadores (professores orientadores) percebem o sentido (conceitos que mobilizam os alunos a partir do seu referencial, dos seus filtros, de seu próprio repertório) do que está sendo aprendido. Se você, por exemplo, lança uma discussão sobre “a qualidade nutricional e funcional dos alimentos que consumimos no café da manhã” e CONTEXTUALIZA, incentivando os alunos a falarem sobre a própria alimentação, forma assim uma base de diálogo. Compreender o sentido dado por esse aluno ao assunto proposto proporcionará a você, professor, ajudar esse estudante a caminhar em busca da apropriação do significado, abandonando aos poucos o saber sem fundamentação, sem cientificidade.

Existem n formas de encaminhamentos para esse tipo de atividade de contextualização, mas o professor precisa, antes de tudo, ter claro o OBJETIVO de aprendizagem pretendido. Para elencar esse tipo de objetivo, que não é de ensino, e sim de aprendizagem, o professor deve responder à seguinte pergunta: Do que o aluno será capaz ao término daquela aula? No caso de nosso exemplo, o OBJETIVO DE APRENDIZAGEM poderia ser: no fim da aula, o aluno vai ser capaz de identificar alimentos adequados para o café da manhã, que tenham qualidade nutricional e funcional.

Você pode propor um bate-papo com a turma em um espaço virtual de aprendizagem, no caso de alunos maiores, perguntando-lhes sobre o cardápio de café da manhã deles. Se forem menores, uma sugestão é organizar um café da manhã, solicitando que cada um traga o que consome em casa pela manhã, para conduzir uma conversa sobre a escolha desses alimentos x qualidade nutricional/funcional. Essa atividade ou parte dela pode ser filmada como registro e histórico auxiliar para utilização posterior (como parâmetro inicial), na fase da avaliação da aprendizagem.

  1. PROBLEMATIZAÇÃO – O método é o caminho que se escolhe para alcançar determinado fim. Muitos professores usam, além do diálogo, as situações-problema (problematizar) para conduzir os alunos à reflexão. Eles estimulam as perguntas, as discussões, abrindo interações para que cada aluno participe com a sua opinião, o que é espetacular. No exemplo aqui proposto, após a realização do café da manhã em sala de aula, o professor poderia fazer perguntas quanto aos alimentos que foram consumidos e incentivar os alunos a falarem sobre o porquê das escolhas das frutas, do pão ou de qualquer outro alimento mencionado; depois, conversar a respeito de quais alimentos o nosso corpo precisa para ficar bem nutrido, para funcionar bem… e por aí a fora. E para responder a essa problematização, os alunos são convidados a participar ativamente, num ambiente construtivo e colaborativo.
A ideia não é apresentar um conceito estanque, ou o conceito pelo conceito, como uma definição teórica, mas sim permitir que cada aluno se expresse e, aos poucos, vá conduzindo a “apropriação do conteúdo” a partir das vivências e da participação ativa dos e com os alunos. Madalena Freire, educadora e pesquisadora da área, corrobora essa ideia quando afirma que: “Vivências dão significado à aprendizagem”.
Emitir opiniões ativa experiências prévias (aquelas que já existem na memória do aluno), abrindo ao professor uma oportunidade de estabelecer “ganchos” para relacionar as informações, e assim fazer os conhecimentos interagirem, gerando a tão sonhada aprendizagem significativa. Portanto, NÃO ENTREGUE O CONCEITO PRONTO, permita a apropriação dele por meio de diferentes estratégias de contextualização e problematização. Para a nossa mente, para o cognitivo, é fundamental que haja essa “construção” em que as perguntas são feitas, para que assim as diversificadas respostas dadas por diferentes alunos (durante o processo), bem como uma observação do professor ou de outro especialista, possam ir tecendo a verdadeira aprendizagem dos significados.

3) APLICAÇÃO PRÁTICA – Sugerimos para esse momento da aula significativa que o professor lance mão de desafios práticos. Dentro do exemplo da alimentação nutritiva, o professor pode orientar uma atividade que consista na elaboração de um cardápio individual de café da manhã, com opções de alimentos mais ricos e mais nutritivos que possam substituir os de menor valor nutricional ou até mesmo alternativas de alimentos mais viáveis economicamente, porém de igual ou maior valor nutricional e funcional.
Pode-se desafiar os alunos a buscar informações adicionais num ambiente que os motive à exploração, que tenderá a ser o digital, com suas inúmeras ferramentas de busca e pesquisa, cases, exemplos, infográficos e tantos outros recursos audiovisuais. Pode-se explorar as pesquisas de diferentes alimentos, de posicionamentos de diferentes nutricionistas, pirâmide da alimentação, gravar depoimentos de quem teve a sua vida transformada depois de ter optado por uma boa alimentação… enfim, tudo aquilo que o conhecimento em rede pode proporcionar.

4) AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM – Muito embora seja apresentada aqui como última pista, na verdade a avaliação permeia todo o processo, desde as primeiras escutas e diálogos dentro da contextualização. É importante que a avaliação seja contínua (aconteça em todas as etapas da aula significativa) e processual (deve acompanhar todo o crescimento e desenvolvimento do aluno, respeitando a construção do conhecimento). O professor pode e deve fazer registros das mais diferentes formas (gravações em vídeo, anotações, entre outros), e no fim do processo poderá aquilatar (juntamente com os alunos) em que medida o objetivo de aprendizagem foi atingido, que é a verificação da aprendizagem propriamente dita.

Voltemos ao nosso exemplo de objetivo de aprendizagem, analisando se durante o processo que culminou com a fase da aplicação prática (elaboração do cardápio) o aluno conseguiu: IDENTIFICAR ALIMENTOS ADEQUADOS PARA O CAFÉ DA MANHÃ, COM QUALIDADE NUTRICIONAL E FUNCIONAL. Em caso afirmativo, ok. Em caso negativo, o professor, mesmo antes da fase da aplicação, já pode receber feedbacks do aluno e retomar o trabalho, orientando-o nessa apropriação. A avaliação é uma rua de mão dupla, portanto é preciso que haja empenho e dedicação tanto do orientador da aprendizagem quanto do aluno, são 50% de um, 50% do outro.


Por Andréa Schoch | Mestre em educação, especializada em formação de professores e consultora Appai por meio da EAD.


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