Encaminhamentos da Educação Finlandesa: Uma das primeiras no mundo


A aprendizagem baseada no fenômeno e em problemas é o que há de mais contemporâneo em Educação. Vem comigo e vamos compreender o que isso significa na prática e que caminhos são necessários.

País que fica ao norte da Europa, a Finlândia possui um dos melhores índices de qualidade em Educação do mundo, e esse processo de implementação da qualidade iniciou-se lá nos anos 1980, portanto tem muita bagagem e aprendizado. Mas o que podemos aprender com eles?

Os quatro principais encaminhamentos praticados por educadores finlandeses para uma educação de qualidade:

• Adotar a aprendizagem baseada no fenômeno ou em problemas

No lugar de ensinar conteúdos estanques de Língua Portuguesa, História, Geografia e tantas outras disciplinas, os professores finlandeses partem de um fenômeno ou de um problema, como, por exemplo, “Mudanças climáticas” (fenômeno) ou “Qual é a qualidade dos alimentos que consumimos?” (problema), para então realizar um estudo interdisciplinar e multidisciplinar para compreender de forma integrada o tal fenômeno ou problema.

São encaminhamentos metodológicos em que o ponto de partida são problemas reais ou fictícios estudados, para que, além de compreender sua origem e as possíveis relações, também possam ser pensadas e buscadas soluções de problemas para uma determinada comunidade, de preferência a local, aquela em que o aluno está inserido.

  • Elencar objetivos de aprendizagem

Na aprendizagem baseada em um fenômeno ou problema, o professor precisa ter claros os possíveis objetivos de aprendizagem da aula, daquele encontro com os alunos. Há uma diferença substancial entre objetivo de ensino e de aprendizagem. E, no caso de uma aprendizagem baseada em problemas, o foco vai para os objetivos de aprendizagem, entendidos como aqueles que respondem ao seguinte questionamento: “Do que o aluno será capaz no fim daquele estudo, encontro ou aula?”.

Como exemplo ilustrativo, podemos citar um dos possíveis objetivos de aprendizagem, construído por um professor, com a ajuda de um dos alunos, sobre os alimentos que consumimos: “Na conclusão das pesquisas e dos estudos, o aluno será capaz de descobrir os passos para a higienização de alimentos que contêm agrotóxicos”. Esse tipo de objetivo está centrado no aluno, em sua aprendizagem, e não no professor. Muito embora saiba o que o aluno precisa aprender (pois sua ação é intencional), o professor assume o papel de orientador daquela aprendizagem, e não o de transmissor de conteúdos disciplinares.

Para a aprendizagem que utiliza um fenômeno ou um problema como ponto de partida, as respostas aos objetivos de aprendizagem trazem uma carga grande de soluções práticas para o aluno ou mesmo a comunidade, e isso gera significado e transformação, objetivo maior da aprendizagem.

  • Incluir o estudante na criação da rota para o próprio aprendizado

O estudante tem papel ativo nesse processo, pois não há caminhos “engessados” para analisar o fenômeno ou o problema. É preciso “desconstruir”, desmembrar o todo para depois construí-lo novamente, e assim ser possível melhor compreendê-lo.

Em alguns países, em geral é o professor que prepara a aula. O aluno não participa muito das decisões quanto à rota de aprendizagem e acaba por fazer muito pouco nesse sentido. Ao aluno são destinadas as atividades, provas e testes, porém é justamente quando ele participa dessas escolhas de rotas que a aprendizagem se torna mais significativa, pois envolve também seus conhecimentos prévios e sua participação ativa em todo o processo.

  • Praticar a aprendizagem baseada em projetos

Dentre várias possibilidades de encaminhamentos práticos realizados em sala de aula, registramos aqui uma forma possível, baseada na experiência de professores brasileiros que se inspiraram nos encaminhamentos testados por educadores finlandeses. Vamos aos passos:

  1. Eleição de um fenômeno ou problema – Essa atividade deve ser realizada com os alunos. O professor, como bom orientador do processo, deve ter temas e questões em mente para sugerir e intencionalmente trazê-los à baila, caso perceba que os alunos não o fazem de imediato ou eventualmente se confundam. Nesse caso, o professor resgata a rota, orienta.

Após escolhido, o tema ou problema maior deve ser aberto em subtemas (sem perder o sentido de abrangência e aprofundamento), e as questões norteadoras devem ser levantadas a partir dessa correlação de temas e subtemas. As questões norteadoras ou perguntas darão origem a diferentes projetos a serem trabalhados pelas equipes em sala de aula.

  1. Criação de equipes de trabalho – É importante que a equipe seja equilibrada com alunos de diferentes talentos que possam se somar para o bom andamento do projeto, e que seja formada por três a quatro alunos, no máximo.

  2. Definição de objetivos de aprendizagem – Para cada questão norteadora elencada por equipe, é fundamental elencar os objetivos de aprendizagem, que respondem à questão: De que seremos capazes no término do projeto? Muitas soluções práticas vão emergir como respostas aos objetivos de aprendizagem atingidos, por isso é fundamental pensar na sua elaboração.

  3. Planejamento do trabalho – Quem não planeja está planejando fracassar, já dizia Benjamin Franklin. Por isso, é importante que o professor oriente caminhos para esse planejamento, mas ao mesmo tempo também permita aos alunos buscarem os próprios meios para isso. As alternativas são muitas, é preciso abrir espaço para escolhas e oferecer também o direito a errar, pois o erro faz parte do processo.

  4. Desenvolvimento do trabalho – Nessa etapa, o planejado é colocado em prática. Em geral, as estratégias usadas pelos alunos passam por pesquisa teórica sobre o tema ou as soluções, pesquisa com a população local, com autoridades e responsáveis legais e aí por diante. Sugerimos que no planejamento seja incluída uma fase de análise de dados e conclusões com recomendações práticas.

  5. Apresentação da conclusão do projeto – Etapa em que a apresentação de resultados para a sala/comunidade é realizada. Na etapa do planejamento, já pode ser pensada em termos de formato. Algumas equipes fazem uma apresentação por meio de contação de histórias, outras preparam pequenos vídeos e outras escolhem expor o tema e a resposta para a pergunta geradora. Existem diferentes formas de apresentação, mas o que realmente importa é o que aprenderam com a experiência.


Por Andréa Schoch | Mestre em educação, especializada em formação de professores e consultora Appai por meio da EAD.


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