As 10 competências que a escola não desenvolveu
Pesquisas recentes comprovam uma carência de enormes proporções quando o assunto são competências para o mercado de trabalho. A revista Exame, respeitada pelos homens de negócio no Brasil, publicou recentemente os resultados de um estudo sobre as habilidades mais requeridas. Realizado pela Consultoria de Educação AfferoLab, extraiu informações importantes a partir da escuta de empresas de diferentes setores brasileiros (entre abril e maio de 2016). Abaixo está o resultado demarcado no quadro que aponta as 10 competências mais escassas no mercado, num índice que vai de 5 (mais escassa) até 0 (não escassa). Acompanhe:
Esses dados revelam claramente que a escola não está dando conta do desenvolvimento pleno dessas competências. Os dados falam por si. E, por mais incrível que possa parecer, as habilidades requeridas pelo mercado são também aquelas listadas pelo MEC para desenvolvimento educacional. Vamos pensar um pouco sobre isso?
Quando as pesquisas apontam um índice de escassez de 4,03 para resolução de problemas ou mesmo 3,48 para a falta de habilidade para comunicação oral e escrita, por exemplo, fica evidente que a educação brasileira precisa de providências urgentes para reverter esse quadro. Longe de esgotar o assunto, e ciente de que temos problemas de ordem política, econômica e cultural que influenciam o sistema de educação brasileiro, a ideia aqui é fazer um recorte sobre a relação direta entre a escassez de competências dos alunos e a formação de professores.
Se aceitamos a premissa de que o professor é o orientador do processo de aprendizagem do aluno para o desenvolvimento de competências, entendemos que, para que o professor seja um expert nessa tarefa, deve dominar também um conjunto básico de habilidades voltadas para o desenvolvimento e a aprendizagem.
Mas em que momento o professor desenvolve tais competências?
Trata-se de algo que é desenvolvido e implementado na sua própria formação. A pergunta que não quer calar: Como se prepara alguém para ser professor? O desafio básico é trazer o profissional para dentro da formação inicial. Como se forma um professor como profissional? Só é possível fazer isso se for através de outros bons docentes. Precisa haver o contato com outros que dominam a arte de orientar para o desenvolvimento de competências. É necessária uma rotina dentro dos programas de formação inicial. Estudantes de licenciaturas precisam estar desde o primeiro dia dentro das escolas de referência, mantendo contato diretamente com professores e com o ambiente escolar competente.
Esse já terá sido um grande passo para a formação inicial, porém não basta. É preciso que, ao iniciar efetivamente a vida profissional, o professor seja apoiado, participando de um contexto de colaboração. Nesta fase continua sendo indispensável que os iniciantes na profissão sejam mediados por outros que tragam boa cultura geral e domínio pedagógico, sugerindo caminhos e estratégias para o desenvolvimento de competências. Quem educa precisa estar aberto para desenvolver constantemente suas potencialidades.
A formação continuada, para professores, é vital para o sucesso do processo educacional.Mesmo quando ele acha que já tem uma boa bagagem é necessário refletir sobre a prática, sobre o novo, desenvolvendo novas competências. Enquanto há vida, há aprendizagem, há desenvolvimento. E, para que isso ocorra, as escolas precisam ser lugares com clima favorável, mais ricos, centros de formação, cultura e conhecimento, locais vivos, de pesquisa, na relação com os outros, da reflexão em conjunto, onde o que acontece é permeado pela aprendizagem continuada de professores. Analisar a prática, o que fazemos bem, o que não fazemos bem. Como o aluno aprende melhor? Por que ele não está desenvolvendo competências?
Essa pauta é urgente! A mudança do quadro atual passa também e fundamentalmente pela formação inicial e continuada de professores.
Concluo com a frase de Paulo Freire: “Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”.
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