A Principal Qualidade do Professor do Século XXI
Os tempos mudaram, e as gerações atuais pensam e vivem de forma bem diferente das gerações das décadas anteriores. A conexão digital traz respostas imediatas às dúvidas, os conteúdos são apresentados de forma qualitativa e diversificada, e, por isso mesmo, os papéis da escola e do professor também se renovam.
O professor não precisa ter todas as respostas, nem mesmo ser um “transmissor” de informações. Ele é hoje um “orientador” nesse processo fantástico que se chama aprendizagem. Mas, por falar em aprendizagem, como andam os resultados do Brasil? As avaliações de aprendizagem feitas por organismos nacionais (ENEM) e internacionais (PISA) apontam que a escola brasileira fracassa ao tentar manter os encaminhamentos e as metodologias arcaicas do passado.
Em 2015, setenta países participaram do Programme for International Student Assessment (PISA), o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, que a cada três anos avalia o desempenho de alunos na faixa dos 15 anos, priorizando Matemática, Leitura e Ciências. O resultado saiu em dezembro de 2016, e no ranking o Brasil ficou na 63ª posição em Ciências, na 59ª em Leitura e na 66ª em Matemática.
As avaliações do ENEM e do PISA, por exemplo, priorizam as aplicações de conhecimentos às situações práticas da vida, deixando evidente a desordem de metodologia e encaminhamento. É necessário repensar o desafio da aprendizagem, que hoje precisa estar centrada em tornar o aluno capaz de dar sentido às coisas, compreendê-las e, o mais importante, contextualizá-las.
Esta semana eu conversava com uma aluna do 8º ano do Ensino Fundamental, a qual, por uma questão ética, vou chamar de “Maria”. Ela tentou calcular a quantidade de água que deveria ser consumida pela família toda (5 pessoas) durante o período de um mês, supondo que cada um dos membros da família consumisse 2 litros por dia, conforme recomendado pelo nutricionista. A pergunta era: quantos galões de água (de 20 litros) serão necessários por mês (30 dias) se cada membro da sua família (5 pessoas) consumir 2 litros de água por dia? O Resultado? Maria não conseguiu calcular. Deu várias respostas equivocadas, mas na realidade não pôde efetuar os cálculos. Esse tipo de problematização é um exemplo clássico de atividade proposta pelas avaliações nacionais e internacionais, e a dificuldade de Maria é a da maioria. Tudo isso nos faz crer que a escola precisa desesperadamente se reinventar, abrir espaços para as inovações no campo metodológico, e essa mudança passa por um dos principais atores desse processo, o professor.
E isso suscita a questão: qual a principal qualidade do professor do século XXI? O que ele precisa trazer consigo para ser efetivamente um inovador em seu meio de atuação nesse novo milênio? O sábio filósofo Cortella aponta a necessidade de esse professor ter dentro de si a chamada “INSATISFAÇÃO POSITIVA”, que é a qualidade de sempre querer mais e melhor, mas não a qualquer custo, muito menos apenas para si, e sim para todos.
No caso do professor, quando há essa inquietação, ele tenta se reinventar, busca excelentes resultados em seu trabalho, mesmo em escolas mais tradicionais e estáticas. Essa insatisfação positiva o leva a avaliar os próprios limites, com o objetivo claro da superação, que direciona o olhar para o problema em busca de uma solução.
Professor, 2017 chegou. O ano se renovou, mas algumas questões urgentes permanecem. Uma delas é não se acomodar com o alarmante quadro do ensino apontando as dificuldades gritantes dos alunos com Leitura e Interpretação, Raciocínio Lógico Matemático, bem como a falta de conhecimento prático em Ciências.
É preciso lançar mão da “INSATISFAÇÃO POSITIVA”, aquela que nos mobiliza intensamente para buscar soluções quanto a como orientar as melhores rotas de aprendizagens, de forma que façam sentido e tragam expriências significativas, aquelas que serão naturalmente “importadas” por nossos alunos (levadas para dentro da memória de longo prazo) e trarão resultados satisfatórios para muito além de apenas um PISA ou um ENEM, pois desenvolverão potencialidades de forma brilhante e trarão o sentido maior do aprender sempre e evoluir.
Para concluir, uma frase de Henry Adams: “Professores tendem à eternidade; nunca poderão saber onde termina sua influência”.
Que 2017 seja marcado pela nossa influência e pela nossa INSATISFAÇÃO POSITIVA!
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