Inovação na Educação – 15 ideias que vão mudar a sua visão de escola
“Aqui não é igual às outras escolas, que hoje a gente vai fazer matemática depois ciências. A gente não pega o livro e nem todo mundo faz a mesma coisa.” João Pedro Generoso – Educando de 9 anos, Projeto Âncora.
Quando mencionamos inovação na educação, pensamos em “altas” tecnologias envolvidas, prédios espetaculares etc. Mas a realidade vem mostrando que o que está em jogo é muito mais uma questão de encaminhamento metodológico, de quebra de modelos engessados, de propor uma forma diferente de organização e funcionamento, do que de tecnologias ou estruturas físicas pós-modernas. E, para provar que a mudança funciona, nos inspiramos na experiência retratada pela série “Destino: Educação – Escolas Inovadoras/2016”, apresentada nesse mês de setembro pelo canal Futura.
O primeiro episódio apresenta a realidade de uma escola nascida recentemente em São Paulo, sediada no município de Cotia, numa região de baixo poder aquisitivo, com crianças em situação de vulnerabilidade social, que moram no entorno da instituição. A escola foi proposta por meio do projeto Âncora, que atende, hoje, cerca de 200 crianças em período integral. Gratuita, mantida através de recursos privados, possui uma filosofia educacional inovadora, inspirada na Escola da Ponte, de Portugal. O projeto não tem série, aula ou turma, mas corresponde ao ensino infantil, fundamental I e II.
Essa escola diferente apresenta inovações que foram colocadas em prática com resultados surpreendentes. Vamos mostrar algumas delas, de forma resumida, para que você possa ter uma visão geral de todo o quadro.
1) Os alunos estudam juntos, não há divisão por série ou turma. Eles se dividem em ciclos de aprendizagem, a base está nos objetivos destacados detalhadamente, por áreas, pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, porém estudam enquanto realizam projetos;
2) Os conteúdos obrigatórios (PCNs) são visualizados em meio ao desenvolvimento de projetos, o que torna o encaminhamento rico e atrativo;
3) O brincar é levado a sério, as crianças aprendem brincando;
4) Existe uma sala de estudos, porém não há nela nenhum professor posicionado na frente falando de forma unilateral para os alunos. O que existe são grupos de estudantes espalhados pelo ambiente, cada um com uma atividade diferente do outro: um grupo projetando no papel, outro acessando o computador, um terceiro discutindo uma ideia, mas todos em construção do conhecimento por meio dos projetos;
5) Os educandos não aprendem apenas com o educador (tutor), mas entre si, na troca, com os diferentes meios e conteúdos;
6) Os alunos são acompanhados por tutores que são profissionais da educação, com formação em diversas áreas do conhecimento;
7) O tutor tem como função orientar o educando para a construção do seu conhecimento. Não cabe a ele “dar aulas” ou ministrar conteúdos teóricos para vencer objetivos;
8) A escola se organiza por núcleos de aprendizagem, que são: iniciação, desenvolvimento e aprofundamento. O critério utilizado para a mudança de núcleo é o nível de autonomia conquistado no processo de aprendizagem;
9) Logo ao chegar à escola, cada criança faz o seu planejamento do dia, sendo mais ou menos acompanhado pelo tutor, conforme o nível de autonomia de cada educando;
10) Quinzenalmente, os alunos montam um roteiro de estudos contendo tudo que querem e precisam aprender, e com base nisso vão fazendo o planejamento diário;
11) Como é o aluno que faz o seu planejamento, ele também vai aprendendo a gerir o seu tempo, o que não é tarefa fácil, pois requer que ele se conheça e saiba do que é capaz em determinado espaço de tempo;
12) Nesta escola, não são os professores ou mesmo coordenadores que elencam os objetivos a serem atingidos, mas sim os próprios educandos. Embora haja muita clareza quanto a cada uma das metas das diferentes áreas do conhecimento (PCNs) necessárias ao aprendizado dos alunos, o caminho feito é inverso ao da escola tradicional. Nesse caso, a inovação ocorre quando o estudante escolhe o objetivo a ser alcançado levando em consideração o seu interesse/necessidade, o seu potencial e a sua história de vida, independentemente da ordem em que as metas aparecem nos PCNs;
13) O educando vai desenvolvendo os seus projetos nos quais os objetivos vão sendo atingidos e depois computados para registro da sua vida escolar;
14) A escola tem um trabalho pautado em atitudes e valores. Quanto a estes últimos, cinco pontos fundamentais precisam ser desenvolvidos e praticados pelos educandos: respeito, solidariedade, responsabilidade, afetividade e honestidade. Na fase da iniciação esses valores são trabalhados em diferentes situações e nesse processo fica claro para os estudantes o quanto o relacionamento é importante para o desenvolvimento de uma pessoa, e que saber se relacionar é tão essencial quanto produzir um texto claro, bem escrito;
15) O ambiente da escola, dos projetos, é participativo. Educadores e educandos assumem a resolução conjunta como forma de resolver e decidir os caminhos dos projetos e da própria instituição.
Depois de apresentarmos essas inovações, cabe a pergunta: Como isso tudo acontece na prática? Acompanhe a nossa coluna, pois na próxima terça-feira vamos dar sequência revelando… Cenas dos próximos capítulos. Até lá!
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